Vocês valem mais do que muitos passarinhos
9 de julho de 2016Nossa coerência diante de Deus
11 de julho de 2016“Ó Senhor Deus, tu és bom e amoroso;
responde-me e vem me ajudar,
pois é grande a tua compaixão!”.
Sl 69.16
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Jesus, irmão, Mestre, aproxima-nos do Pai,
mostra-nos seu rosto,
acompanha-nos no caminho para o Reino,
envia-nos teu Espírito!
Tu nos prometeste que estarias presente entre nós,
que caminharias ao nosso lado,
que tua força nos animaria.
Senhor, que venha teu Espírito!
Precisamos aprender a discernir,
a descobrir por onde passa o Reino nesse tempo.
Precisamos aprender a reconhecer os sinais
de Deus em nosso meio.
Precisamos aprender a seguir teus passos,
a viver o Evangelho,
a comprometer-nos com o projeto do Pai.
Buscamos tua inspiração,
vem Espírito Santo!
TEXTO BÍBLICO: Lucas 10.25-37
A parábola do bom samaritano
25Um mestre da Lei se levantou e, querendo encontrar alguma prova contra Jesus, perguntou:
— Mestre, o que devo fazer para conseguir a vida eterna?
26Jesus respondeu:
— O que é que as Escrituras Sagradas dizem a respeito disso? E como é que você entende o que elas dizem?
27O homem respondeu:
— “Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma, com todas as forças e com toda a mente. E ame o seu próximo como você ama a você mesmo.”
28 — A sua resposta está certa! — disse Jesus. — Faça isso e você viverá.
29Porém o mestre da Lei, querendo se desculpar, perguntou:
— Mas quem é o meu próximo?
30Jesus respondeu assim:
— Um homem estava descendo de Jerusalém para Jericó. No caminho alguns ladrões o assaltaram, tiraram a sua roupa, bateram nele e o deixaram quase morto. 31Acontece que um sacerdote estava descendo por aquele mesmo caminho. Quando viu o homem, tratou de passar pelo outro lado da estrada. 32Também um levita passou por ali. Olhou e também foi embora pelo outro lado da estrada. 33Mas um samaritano que estava viajando por aquele caminho chegou até ali. Quando viu o homem, ficou com muita pena dele. 34Então chegou perto dele, limpou os seus ferimentos com azeite e vinho e em seguida os enfaixou. Depois disso, o samaritano colocou-o no seu próprio animal e o levou para uma pensão, onde cuidou dele. 35No dia seguinte, entregou duas moedas de prata ao dono da pensão, dizendo:
— Tome conta dele. Quando eu passar por aqui na volta, pagarei o que você gastar a mais com ele.
36Então Jesus perguntou ao mestre da Lei:
— Na sua opinião, qual desses três foi o próximo do homem assaltado?
37— Aquele que o socorreu! — respondeu o mestre da Lei.
E Jesus disse:
— Pois vá e faça a mesma coisa.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Dom Víctor Hugo Palma[1]
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
Quem falava com Jesus e com que finalidade? Qual foi a pergunta que fez e qual foi a resposta de Jesus? Como respondeu o mestre da Lei e o que voltou a perguntar? Com qual parábola Jesus responde ao mestre da Lei? Na história, que personagens passaram pelo outro lado da estrada? O que fez o samaritano? O que Jesus pergunta e o que finalmente responde o mestre da Lei?
Algumas pistas para compreender o texto:
Em seu caminho para Jerusalém, Jesus, revelador da Misericórdia do Pai, vai tendo encontros com diversas personagens: nelas, ele manifesta a misericórdia que move toda a sua vida. Hoje nos é apresentado um ensinamento fundamental para este Jubileu da Misericórdia que nos foi dado pelo Papa Francisco: devemos “levar à sua plenitude o cumprimento da Lei de Deus, fazendo-nos próximos de toda dor humana e espiritual”.
1) O mandato do Senhor está perto de nós: a Lei de Deus ou “Tora”, como a conhecem até hoje os judeus, é considerada por eles como um “do de Deus”: o Senhor deu especialmente a esse povo esse caminho de liberdade, de vida e de paz. Por isso, o autor do Deuteronômio lembra: a Palavra está perto de nós, a fim de que a possamos cumpri-la e ser felizes nas coisas diárias.
2) Vá e faça a mesma coisa: contudo, o conhecimento teórico da Lei de Deus que, no fundo, era um mandamento para tratar bem os demais, ajudá-los no que fosse possível…, tal conhecimento teórico não era suficiente. Vemos claramente que o “mestre da Lei” que interroga Jesus no Evangelho de hoje “conhecia, mas não cumpria a Lei”: sua própria ideia de próximo, como era comum em seu tempo, estava muito restrita aos familiares, amigos, etc. Na história tão bonita e sempre atual do “Bom Samaritano”, Jesus mostra: a) que no caminho da vida há sempre sofredores de quem é preciso aproximar-se; 2) que é preciso “sentir a dor deles” (como o bom samaritano que “ficou com muita pena dele”); 3) que toda ajuda deve ser dada “aproximando-se, sem interesse, e estando dispostos a um compromisso com a vida da pessoa”, a ponto de o bom samaritano “falar de um retorno para ver o que havia acontecido com o ferido”. Um ensinamento que “foi uma obra de misericórdia para com o mestre da Lei”, pois o fez passar do conhecer ao viver a misericórdia para com o próximo quando Jesus lhe diz: “Pois vá e faça a mesma coisa”.
3) Cristo é a imagem do Deus invisível: é por isso que São Paulo define Cristo como “a imagem visível do Deus invisível”: em Cristo, Bom Samaritano, contemplamos Deus que se fez próximo de sua criatura, o homem, destruído pelo pecado, e nos restaurou no amor de Cristo.
Resumo: neste Ano da Misericórdia, e sempre, voltemos a “passar do conhecimento à ação”, fazendo-nos próximos nas situações concretas de sofrimento humano e espiritual que todos os dias, “no caminho da vida”, Deus coloca diante de nós como oportunidade para imitar sua bondade para com nossos irmãos.
O que o Senhor me diz no texto?
À luz do Evangelho dominical, perguntemo-nos a respeito de nossa capacidade de sentir a dor dos outros e, ademais, daqueles que realmente estão perto de nós. Em nosso ambiente de estudo, na família ou na comunidade, existem pessoas que enfrentam dificuldades, e muitas vezes, por desgosto ou vergonha, não as compartilham. Normalmente cremos que fazer um ato de misericórdia é realizar um trabalho social, esquecendo-nos do que silenciam as pessoas com quem convivemos. É importante que diariamente aumentemos nosso amor ao próximo e nos aproximemos de quem necessita de um abraço ou de um simples sorriso.
Para continuar nossa meditação, retomemos a seguinte reflexão do Papa Bento XVI: “Desta vez, Jesus responde com a célebre parábola do ‘Bom samaritano’ (cf. Lc 10.30-37), para indicar que compete a nós tornar-nos o ‘próximo’ de todo aquele que tiver necessidade de ajuda. O Samaritano, de fato, ocupa-se da condição de um desconhecido, que os salteadores deixaram meio morto à margem da estrada: enquanto um sacerdote e um levita tinham prosseguido, talvez pensando que em contato com o sangue, com base num preceito, se teriam contaminado. Portanto, a parábola, deve induzir-nos a transformar a nossa mentalidade segundo a lógica de Cristo, que é a lógica da caridade: Deus é amor, e prestar-lhe culto significa servir os irmãos com amor sincero e generoso.
“Esta narração evangélica oferece o ‘critério de medida’, ou seja, a universalidade do amor que se inclina para o necessitado encontrado por acaso (cf. Lc 10.31), seja ele quem for (Enc. Deus caritas est, 25). Ao lado desta regra universal, há também uma exigência especificamente eclesial: que ‘na própria Igreja, enquanto família, nenhum membro sofra porque passa necessidade’. O programa do cristão, aprendido do ensinamento de Jesus, é ‘um coração que vê’ onde há necessidade de amor, e age em consequência (cf. ibid., 31)”.[2]
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Como a dor ou a dificuldade de outra pessoa tocam meu coração? Procuro estar atento às necessidades das pessoas com as quais convivo diariamente, ou simplesmente vivo minha vida sem importar-me com elas? Para mim, o que é viver a misericórdia no dia a dia?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Pai celestial,
faze-nos testemunhas de tua misericórdia.
Ensina-nos a levar a fé aos que duvidam,
a esperança aos desanimados, o amor aos indiferentes,
o perdão a quem fez o mal, e a alegria aos infelizes.
Faze com que a faísca do amor misericordioso
que acendeste dentro de nós
converta-se em fogo que transforma os corações
e renova a face da terra.
Maria, Mãe de Misericórdia, rogue por nós.
São João Paulo II, rogue por nós.
Santa Irmã Faustina, rogue por nós.[3]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Jesus, quero fazer a mesma coisa que o senhor fez… amar a meu próximo sem descanso.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Busco conversar e partilhar com alguma pessoa de minha família, escola ou trabalho que esteja passando por um momento muito difícil. Demonstro-lhe que estou disponível para escutá-la e fazer por algo por ela.
“Um pouco de misericórdia torna o mundo menos frio e mais justo”.
Papa Francisco
[1] Bispo da Diocese de Escuintla (Guatemala). Presidente da Comissão de Animação Bíblica da Pastoral da Conferência Episcopal da Guatemala.
[2] Papa Bento XVI, 11 de julho de 2010 (http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/angelus/2010/documents/hf_ben-xvi_ang_20100711.html).
[3] Tomado de: Oración oficial JMJ Cracovia 2016