Jesus ensina com autoridade (Mc 1,21b-28)
13 de janeiro de 2015Autoridade de amar (Mc 1,40-45)
15 de janeiro de 2015Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, para a casa de Simão e André. A sogra de Simão estava de cama, com febre, e eles logo contaram a Jesus. E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los.
À tarde, depois do pôr do sol, levaram a Jesus todos os doentes e os possuídos pelo demônio. A cidade inteira se reuniu em frente da casa. Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios. E não deixava que os demônios falassem, pois sabiam quem ele era.
De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto. Simão e seus companheiros foram à procura de Jesus. Quando o encontraram, disseram: “Todos estão te procurando”. Jesus respondeu: “Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim”. E andava por toda a Galileia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios.
Quatro coisas chamaram minha atenção na oração de hoje.
Primeiro, o fato de Jesus, depois de sair da sinagoga, onde participou de uma experiência muito forte ao expulsar um espírito mau de um homem, entrar na casa de Pedro e participar de uma experiência muito meiga e suave. Na sinagoga, ele mostrou sua autoridade com uma ordem veemente: “Cala-te e sai dele!”. Enquanto que, na casa de Pedro, na intimidade do lar, Jesus demonstra sua autoridade com suavidade. A cena, por sua singeleza, é comovente: “Ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se”.
Penso que podemos contemplar essa cena experimentando a suavidade com que Jesus chega em nossa vida para nos levantar. Às vezes, Ele vem em nossos pensamentos, ajudando-nos a compreender certas situações. Outras vezes, vem na simplicidade de uma pessoa que nos sorri e nos dirige uma palavra que nos anima, muitas vezes na presença silenciosa, mas comprometida, da mãe, esposa, marido, filhos, vizinhos ou amigos, que nos amparam quando estamos doentes. São muitas situações no nosso dia a dia em que podemos perceber essa ação. Vamos trazê-las à memória e agradecer.
Segundo, o fato de a sogra de Pedro, após ser curada, colocar-se imediatamente, a serviço: “Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los”.
Como é interessante esse agradecimento que se faz com o serviço aos outros. Embora seja importante e necessário agradecer com palavras àqueles que nos ajudam, penso que este trecho do evangelho nos ajuda a perceber que o agradecimento maior está em colocar-se a serviço. A alegria de poder participar da vida nos move ao serviço. Não um serviço que se faz com pesar, porque é obrigatório, mas aquele que se realiza livremente, como resposta amorosa ao dom da vida.
Penso que podemos utilizar esta cena para orarmos refletindo sobre a adesão livre e consciente que temos feito ao plano de Deus. Quando alcançamos as graças que pedimos, quais têm sido nossas atitudes? Percebemos que nosso serviço é importante para que Deus também leve a outros a sua cura, as suas graças?
Terceiro, o fato de a comunidade inteira se reunir à porta da casa. A resposta à expulsão do espírito maligno do homem na sinagoga, gerou uma rápida evangelização naquela cidade e todos acorreram a Jesus. Muitos, provavelmente, não compreenderam quem era Jesus, mas não havia como ficar indiferente ao aparecimento de alguém que “ensinava com autoridade”. Quem anunciou Jesus aos outros não ficou decepcionado, pois Jesus não ficou indiferente à multidão: “Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios”.
Penso que a cena pode nos ajudar a rezar e refletir como está nossa tarefa de evangelização. Como temos anunciado Jesus? Nosso anúncio desperta vontade nas pessoas de irem ao encontro dele? Temos compreendido que o importante é levar as pessoas até Jesus e não, falar bonito e desenvolver doutrinas maravilhosas? Reconhecemos que Jesus e sua autoridade é que dão resposta às necessidades dos outros e, portanto, só nos importa levar as pessoas até Ele?
E o quarto é o fato de Jesus, após todos estes acontecimentos, sair para orar: “Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto” e, em seguida, decretar: “Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim”.
Essa cena pode nos ajudar a compreender melhor a necessidade da oração, de ficarmos a sós com o Pai, no silêncio, no deserto da alma, para não vacilarmos na nossa missão. Tudo o que Jesus havia feito em Cafarnaum era maravilhoso e lhe daria, provavelmente, muitos e muitos anos de fama e de sucesso. Ele poderia facilmente se enganar e achar que, pelo muito feito, já poderia “pendurar as chuteiras” e ficar numa boa.
Normalmente, quando estamos tristes e carentes, somos mais suscetíveis a longas orações, principalmente as de petição. No entanto, na minha oração, vejo um Jesus mostrando que a oração de agradecimento e escuta precisa ser constante em nossa vida. Eu imagino Jesus agradecendo ao Pai por estar sempre junto dele e também perguntando sobre o que fazer a partir daquele momento, além de se silenciar para ouvir o Pai.
Como estão nossas orações? Temos reservado um momento diário para colocar a conversa em dia com a Trindade Santa? Temos sabido ficar em silêncio para escutar o que Deus tem a nos falar? Dialogamos com o Senhor, antes de decidir o que fazer?
Experimentando a presença suave e firme do Senhor a nos levantar de nossas fraquezas, possamos nos colocar a serviço dos outros e levá-los, por sua vez, a conhecer Jesus e, mantendo-nos sempre na presença da Santíssima Trindade, consigamos a força necessária para não fraquejar em nossa missão. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte – MG