Compartilhando a vida com Jesus (Mc 1,14-20)
12 de janeiro de 2015A cura, o serviço e a oração (Mc 1,29-39)
14 de janeiro de 2015Estando com seus discípulos em Cafarnaum, Jesus, num dia de sábado, entrou na sinagoga e começou a ensinar. Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da Lei.
Estava então na sinagoga um homem possuído por um espírito mau. Ele gritou: “Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus”. Jesus o intimou: “Cala-te e sai dele!”.
Então o espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saiu. E todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: “Que é isso? Um ensinamento novo dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem!” E a fama de Jesus logo se espalhou por toda parte, em toda a região da Galileia.
Este é o primeiro milagre de Jesus, narrado por Marcos.
Começando o seu ministério, após chamar André e Pedro, Tiago e João, para serem seus discípulos, Jesus entra numa sinagoga no sábado seguinte à sua chegada a Cafarnaum. Ali, põe-se a ensinar e as pessoas se admiravam, pois seu ensinamento não era como o dos mestres da Lei. Ele ensinava como quem tem autoridade.
Neste ponto, em minha oração, pergunto-me o que seria ensinar como quem tem autoridade e compreendo que, para isso, é preciso mais do que entender o que é ensinado.
Jesus não impõe aos outros o que Ele mesmo não faria e sabe que a lei não pode estar acima das necessidades humanas. Ele entende bem que, embora a lei judaica determine o descanso no sábado, a necessidade de qualquer pessoa, de estar na graça de Deus, é sempre mais importante. Em vez de repetir pura e simplesmente a tradição, Ele lança sobre ela um novo olhar, revelando o que ela tem de melhor. Ele não suprime a lei, mas ultrapassa-a, submetendo-a à misericórdia.
O endemoninhado que se dirige a Jesus é alguém que estava sofrendo por não conseguir viver na graça de Deus. Quantos de nós estamos atormentados, possessos por tantas “necessidades” que nos impedem de estar inteiramente em comunhão com Deus? Quantas vezes nos desviamos do caminho da graça e do amor? Entendo que, muitas vezes, vivemos assim: possuídos por desejos gananciosos, por necessidades materiais que esvaziam nossa essência. Ocupamo-nos em ter, adquirir, possuir e sobra-nos pouco espaço para ser quem somos.
O homem atormentado, diante de Jesus, brada: “o que tens a ver conosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos destruir?” É interessante perceber aqui o uso do plural, enquanto que, na terceira frase, temos: “sei quem és.”
O homem não fala por ele somente. Não está íntegro, há algo que o domina tanto, que já faz parte de sua personalidade, mas apesar disso, ele sabe que Jesus pode destruí-lo, ou melhor, resgatá-lo. Entendo a frase final como a superioridade do desejo de toda pessoa diante de Jesus: “sei quem és: o Consagrado por Deus.” Na verdade, o endemoninhado, reconhecendo em Jesus o filho de Deus, está pedindo a Ele que o livre daquele tormento.
Jesus não pede. Ele manda ao espírito imundo que se cale e saia do possesso. A autoridade de Jesus é expressa em sua palavra e em seus gestos.
Que, reconhecendo a misericórdia de Jesus, peçamos a Ele que nos liberte de todas as amarras que nos impedem de viver na graça de Deus e, como o salmista, possamos dizer: “destes domínio ao vosso Filho sobre tudo o que criastes.” Amém!
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Regina Maria – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte – MG