Vinho novo em odres novos (Mateus 9, 14-17)
2 de julho de 2016“Que todos os povos louvem a Deus
com gritos de alegria!”.
Sl 66.1
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Jesus, irmão, Mestre, aproxima-nos do Pai,
mostra-nos seu rosto,
acompanha-nos no caminho para o Reino,
envia-nos teu Espírito!
Tu nos prometeste que estarias presente entre nós,
que caminharias ao nosso lado,
que tua força nos animaria.
Senhor, que venha teu Espírito!
Precisamos aprender a discernir,
a descobrir por onde passa o Reino nesse tempo.
Precisamos aprender a reconhecer os sinais
de Deus em nosso meio.
Precisamos aprender a seguir teus passos,
a viver o Evangelho,
a comprometer-nos com o projeto do Pai.
Buscamos tua inspiração,
vem Espírito Santo!
TEXTO BÍBLICO: Lucas 10.1-20
A missão dos setenta e dois
1Depois disso o Senhor escolheu mais setenta e dois dos seus seguidores e os enviou de dois em dois a fim de que fossem adiante dele para cada cidade e lugar aonde ele tinha de ir. 2Antes de os enviar, ele disse:
— A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, peçam ao dono da plantação que mande trabalhadores para fazerem a colheita. 3Vão! Eu estou mandando vocês como ovelhas para o meio de lobos. 4Não levem bolsa, nem sacola, nem sandálias. E não parem no caminho para cumprimentar ninguém. 5Quando entrarem numa casa, façam primeiro esta saudação: “Que a paz esteja nesta casa!” 6Se um homem de paz morar ali, deixem a saudação com ele; mas, se o homem não for de paz, retirem a saudação. 7Fiquem na mesma casa e comam e bebam o que lhes oferecerem, pois o trabalhador merece o seu salário. Não fiquem mudando de uma casa para outra.
8 — Quando entrarem numa cidade e forem bem-recebidos, comam a comida que derem a vocês. 9Curem os doentes daquela cidade e digam ao povo dali: “O Reino de Deus chegou até vocês.” 10Porém, quando entrarem numa cidade e não forem bem-recebidos, vão pelas ruas, dizendo: 11“Até a poeira desta cidade que grudou nos nossos pés nós sacudimos contra vocês! Mas lembrem disto: o Reino de Deus chegou até vocês.”
12E Jesus disse mais isto:
— Eu afirmo a vocês que, no Dia do Juízo, Deus terá mais pena de Sodoma do que daquela cidade!
As cidades que não creram
Mateus 11.20-24
13Jesus continuou:
— Ai de você, cidade de Corazim! Ai de você, cidade de Betsaida! Porque, se os milagres que foram feitos em vocês tivessem sido feitos nas cidades de Tiro e de Sidom, os seus moradores já teriam abandonado os seus pecados há muito tempo. E, para mostrarem que estavam arrependidos, teriam se assentado no chão, vestidos com roupa feita de pano grosseiro, e teriam jogado cinzas na cabeça. 14No Dia do Juízo, Deus terá mais pena de Tiro e de Sidom do que de vocês, Corazim e Betsaida! 15E você, cidade de Cafarnaum, acha que vai subir até o céu? Pois será jogada no mundo dos mortos!
16Então disse aos discípulos:
— Quem ouve vocês está me ouvindo; quem rejeita vocês está me rejeitando; e quem me rejeita está rejeitando aquele que me enviou.
A volta dos setenta e dois
17Os setenta e dois voltaram muito alegres e disseram a Jesus:
— Até os demônios nos obedeciam quando, pelo poder do nome do senhor, nós mandávamos que saíssem das pessoas!
18Jesus respondeu:
— De fato, eu vi Satanás cair do céu como um raio. 19Escutem! Eu dei a vocês poder para pisar cobras e escorpiões e para, sem sofrer nenhum mal, vencer a força do inimigo. 20Porém não fiquem alegres porque os espíritos maus lhes obedecem, mas sim porque o nome de cada um de vocês está escrito no céu.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Dom Víctor Hugo Palma[1]
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
Quantos Jesus escolheu e como os enviou? O que disse Jesus a respeito da colheita? A que compara Jesus os que são por ele enviados? O que lhes recomenda? O que devem dizer a respeito do Reino de Deus? Que devem fazer com os que não os recebem? O que disseram a Jesus quando voltaram? Que lhes respondeu Jesus?
Algumas pistas para compreender o texto:
Durante estes domingos, o Evangelho de São Lucas – chamado com muita razão de “Evangelho da Misericórdia” – nos apresenta a viagem de Jesus para Jerusalém, lugar onde realizará o maior ato de misericórdia: viver seu mistério pascal de paixão, morte e ressurreição por amor ao Pai e a seus irmãos. Neste domingo, o tema dos textos sagrados é precisamente a “missão de misericórdia”: Deus quer levar o dom de seu amor à humanidade ferida, desgarrada por tantos males, semelhante a um “hospital de guerra com muitos feridos”, diz o Papa Francisco. Três mensagens de “missão de misericórdia” aparecem nas leituras de hoje.
1) Isaías anuncia a chegada da alegria onde antes houve a dor: com uma linguagem de belas imagens (alegria em vez de luto, crianças que são levadas e acariciadas por seus pais, mães que consolam, ossos que florescem como um prado), o profeta é praticamente um missionário de esperança para o povo de Israel, destruído e sofrente de tantas guerras em seu tempo. (Isaías 66.10-14c).
2) Jesus “envia seus discípulos ao mundo”: no famoso envio missionário de seus discípulos, observemos que Jesus não os envia a fazer prosélitos ou a expandir uma religião: ele sente compaixão porque “a colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos”. Ou seja, porque a urgência de salvação do mundo é grande, urgente. Jesus é movido pela misericórdia para com seus irmãos, assim como, em decorrência dessa misericórdia, veio, ele mesmo, salvar-nos. Desse modo, os enviados devem ir com essa “urgência e simplicidade”, sem se preocupar com levar coisas, sem dar primazia aos meios; devem ir nas condições simples, alegres e urgentes em que o próprio Senhor veio “por misericórdia”, a fim de trazer-nos a Boa Nova da Salvação.
3) São Paulo, testemunha da misericórdia divina: também São Paulo, em sua apresentação aos Gálatas, demonstra que sua vida foi posta a serviço (a ponto de trazer as cicatrizes da dor da cruz de Cristo) dessa misericórdia que anunciou aos que estão dispostos, como ele, a morrer para o mundo e a viver para Deus.
Em resumo: não confundamos a missão com o simples “ir em busca de pessoas que creem”. A missão cristã é pressionada e nasce da misericórdia por tais situações de dor que nos impelem, como São Paulo, a “levar com simplicidade, liberdade, alegria e desapego” o anúncio do amor de Deus, como diria o próprio São Paulo: “Porque somos dominados pelo amor que Cristo tem por nós” (2Cor 5.14).
O que o Senhor me diz no texto?
Hoje, a colheita, ou seja, a tarefa evangelizadora, continua sendo grande, e as pessoas comprometidas, os trabalhadores, são poucos. Isto pode significar que a evangelização é uma tarefa bastante exigente, que nem todos estão dispostos a assumir. Justamente por isso, Jesus adianta-se e dá alguns conselhos. Desde o começo de nosso chamado missionário, isso nos deve dar a tranquilidade de seu acompanhamento permanente, de que não estamos sozinhos a levar sua mensagem aos demais.
O Papa Francisco falou a respeito deste evangelho da seguinte maneira: “Jesus não é um missionário isolado, não quer cumprir sozinho a sua missão, mas envolve os seus discípulos. E hoje vemos que, além dos Doze apóstolos, chama outros setenta e dois, e os manda às aldeias, dois a dois, para anunciar que o Reino de Deus está próximo. Isto é muito belo! Jesus não quer agir sozinho, veio para trazer ao mundo o amor de Deus e quer difundi-lo com o estilo da comunhão, com o estilo da fraternidade. Por isto forma imediatamente uma comunidade de discípulos, que é uma comunidade missionária. Imediatamente os prepara para a missão, para ir.
“Mas atenção: o foco não é socializar, passar o tempo juntos, não, o foco é anunciar o Reino de Deus, e isto é urgente! E também hoje é urgente! Não há tempo a perder batendo papo, não é preciso esperar o consenso de todos, é preciso ir e anunciar. A todos se leva a paz de Cristo, e se não a acolhem, se segue em frente. Aos doentes se leva a cura, porque Deus quer curar o homem de todo mal. Quantos missionários fazem isto! Semeiam vida, saúde, conforto às periferias do mundo. Que belo é isto! Não viver para si mesmo, não viver para si mesma, mas vive para ir e fazer o bem!
“(…)Diz o Evangelho que aqueles setenta e dois voltaram da sua missão repletos de alegria, porque tinham experimentado o poder do Nome de Cristo contra o mal. Jesus confirma isso: a estes discípulos Ele dá a força para derrotar o maligno. Mas acrescenta: “Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos estão sujeitos, mas alegrai-vos de que os vossos nomes estejam nos céus” (Lc 10.20). Não devemos vangloriar-nos como se fôssemos nós os protagonistas: protagonista é um só, é o Senhor! Protagonista é a graça do Senhor! Ele é o único protagonista! E a nossa alegria é somente esta: ser seus discípulos, seus amigos. Ajude-nos Nossa Senhora a sermos bons operários do Evangelho”.[2]
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Em qual colheita imagino que o Senhor me convida a trabalhar? Atualmente, desenvolvo algum trabalho missionário? Já experimentei a companhia de Jesus nos momentos difíceis de minha missão? Ir dois a dois implica trabalho em equipe: sinto-me à vontade trabalhando com os outros?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Senhor, dispõe de mim segundo tua vontade!
Faze com que eu seja pés e mãos para os coxos e os mancos,
olhos para os cegos,
ouvidos para os surdos,
boca e língua para os mudos,
voz para as vítimas da injustiça.
Senhor, faze com que eu leve a felicidade
a todos os despossuídos
que eu encontrar em meu caminho!
Faze com que nenhum medo me detenha,
que eu avance pelo oceano da vida com um coração de vulcão
e mãos doces como as de uma mãe.
Senhor, converte-me em instrumento disponível para tudo!
Que a todos eu leve a paz e a alegria da felicidade.
Em tuas mãos coloco meu destino.
Tu, que és Deus, Amor e Sentido da vida,
dá-me a plenitude de tua esperança,
a fim de que em ti, e somente em ti, eu encontre minha felicidade.
Amém.[3]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Senhor, aqui estou: envia-me a evangelizar onde quiseres.
Acompanha-me na missão que me confias.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Juntamente com minha comunidade de jovens, planejo uma missão em um lugar distante, que precise de pessoas que falem do amor e da misericórdia de Deus.
“Evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar”.
Beato Paulo VI
[1] Bispo da Diocese de Escuintla (Guatemala). Presidente da Comissão de Animação Bíblica da Pastoral da Conferência Episcopal da Guatemala.
[2] Papa Francisco. Angelus, Praça de São Pedro, 7 de julho de 2013 (http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/angelus/2013/documents/papa-francesco_angelus_20130707.html)
[3] Tirado e adaptado de Como una bendición, de Joseph Nguyen Công Doan, S.J.