“O Senhor é grande e merece todo o nosso louvor”
19 de outubro de 2014Abrindo a porta para o Senhor (Lc 12,35-38)
21 de outubro de 2014Alguém da multidão lhe disse: “Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança”. Ele respondeu: “Homem, quem me estabeleceu juiz ou árbitro da vossa partilha?” Depois lhes disse: “Precavei-vos cuidadosamente de qualquer cupidez, pois, mesmo na abundância, a vida do homem não é assegurada por seus bens”.
E contou-lhes uma parábola: “A terra de um rico produziu muito. Ele, então, refletia: ‘Que hei de fazer? Não tenho onde guardar minha colheita’. Depois pensou: ‘Eis o que farei: demolirei meus celeiros, construirei maiores, e lá recolherei todo o meu trigo e os meus bens. E direi à minha alma: Minha alma, tens uma quantidade de bens em reserva para muitos anos; repousa, come, bebe, regala-te’. Mas Deus lhe diz: ‘Insensato, nessa mesma noite ser-te-á reclamada a alma. E as coisas que acumulaste, de quem serão? ‘ Assim acontece àquele que ajunta para si mesmo, e não é rico para Deus”.
Este trecho do evangelho segundo Lucas causa, num primeiro momento, um impacto muito grande, pois toda nossa lógica sobre sensatez é questionada. Ora! Desde a mais tenra idade nos é ensinado que devemos poupar, cuidar para que tenhamos uma velhice tranquila, ser precavido, sempre manter reservas para os momentos de necessidade, uma doença repentina, perda do emprego etc.
Contudo, Jesus chama o homem rico de insensato.
Ao reler o texto, minha atenção se volta para o versículo 15: “a vida do homem não é assegurada por seus bens”.
Minha oração me faz pensar que somos sempre tentados a pecar pela vontade de nos tornarmos deuses, no sentido de que queremos controlar as coisas e, em muitos casos, controlar também as pessoas.
Contudo, percebo que, agindo assim, falhamos duas vezes. Primeiramente, porque utilizamos uma visão de Deus que não é real. Deus não é controlador, Ele nos criou livres e a liberdade não combina com controle. Além disso, desejamos o que é impossível e que, fatalmente, nos levará ao fracasso, ou seja, mordemos o fruto proibido.
Sou chamado a me abrir mais à graça de Deus. Uma graça que é o oposto do “ter o controle”.
Na parábola contada, o homem rico só pensou em si próprio. Em momento algum ele olhou ao seu redor. Não agradeceu à terra que produziu tantos frutos, não pensou nem agradeceu a seus empregados que se dedicaram ao trabalho de plantar, cuidar e colher. Ele não considerou em momento algum a graça de Deus. Ele se fechou em si mesmo, olhou para seu umbigo e só quis saber de manter seus privilégios, sustentados por uma farta colheita.
Reconhecer a graça de Deus em tudo, nos permite abrirmo-nos para os outros. Quando não reconhecemos essa graça, fechamo-nos em nós mesmos e cavamos nossa própria sepultura.
Ao ler o texto, não percebo nenhuma condenação ao fato do homem ser rico, porém ele é chamado de insensato ao colocar sua esperança nos bens acumulados.
Se não confiamos na graça, ficamos com medo de nos faltar alguma coisa e não conseguimos viver a partilha que é, na prática, o que nos torna irmãos.
Peçamos a Maria, aquela que é “cheia de graça”, que se deixou levar completamente pelas mãos de Deus, que nos ajude a confiar mais nessa graça de Deus e, assim, possamos promover um mundo mais fraterno. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte – MG