A paz esteja nesta casa! (Lc 10,1-9)
18 de outubro de 2014Viver na graça (Lc 12, 13-21)
20 de outubro de 2014PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
“Espírito Santo, és a alma de minha alma, adoro-te humildemente.
Ilumina-me, fortifica-me, guia-me, consola-me.
E na medida em que corresponder ao plano eterno, Deus Pai, revela-me teus desejos.
Dá-me conhecer o que o Amor eterno deseja de mim.
Dá-me conhecer o que devo realizar.
Dá-me conhecer o que devo sofrer.
Dá-me conhecer o que com silenciosa modéstia e em oração,
devo aceitar, carregar e suportar.
Sim, Espírito Santo, dá-me conhecer tua vontade e a vontade do Pai.
Pois durante toda a minha vida outra coisa não quero ser
Senão um contínuo e perpétuo Sim aos desejos e ao querer do eterno Deus Pai”. [1]
TEXTO BÍBLICO: Mateus 22.15-21
A pergunta sobre os impostos
Marcos 12.13-17; Lucas 20.20-26
15Os fariseus saíram e fizeram um plano para conseguir alguma prova contra Jesus. 16Então mandaram que alguns dos seus seguidores e alguns membros do partido de Herodes fossem dizer a Jesus:
— Mestre, sabemos que o senhor é honesto, ensina a verdade sobre a maneira de viver que Deus exige e não se importa com a opinião dos outros, nem julga pela aparência. 17Então o que o senhor acha: é ou não é contra a nossa Lei pagar impostos ao Imperador romano?
18Mas Jesus percebeu a malícia deles e respondeu: — Hipócritas! Por que é que vocês estão procurando uma prova contra mim? 19Tragam a moeda com que se paga o imposto! Trouxeram a moeda, 20e ele perguntou:
— De quem são o nome e a cara que estão gravados nesta moeda?
Eles responderam:
— São do Imperador.
Então Jesus disse:
— Deem ao Imperador o que é do Imperador e deem a Deus o que é de Deus.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Padre Daniel Kerber
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
Qual era a intenção dos fariseus em relação a Jesus? O que queriam os fariseus que Jesus fizesse para poderem acusá-lo? Na pergunta que os fariseus fazem a Jesus, eles indagam sobre a legitimidade de pagar impostos a determinada autoridade: a quem se referiam? O que Jesus percebeu nessa pergunta? Que tipo de moeda apresentaram a Jesus? De quem eram a cara e o nome que apareciam na moeda? O que se deve dar ao imperador e o que se deve dar a Deus?
Algumas considerações para uma leitura proveitosa…
O texto começa mostrando a intenção dos fariseus, que buscam algum motivo para acusar Jesus. O plano é elaborado e começa com um elogio a Jesus que esconde más intenções (vv. 15-17). Jesus, dando-se conta de suas intenções, devolve-lhes a pergunta sobre a imagem da moeda (vv. 18-20), e diante da resposta dos enviados – “do imperador” (v. 21) –, Jesus passa-lhes um ensinamento que não podem contradizer e se vão cheios de admiração (v. 22).
Mais uma vez temos os opositores de Jesus procurando estender-lhe uma armadilha (cf. 16.1; 19.3). Começam com um elogio fingido: “ensina a verdade… não se importa com a opinião dos outros, nem julga pela aparência”. Ironicamente, o que os fariseus dizem falsamente é verdade, e será demonstrado no final do episódio.
A formulação que apresentam a Jesus busca colocá-lo em uma situação difícil: se responde que paguem o imposto ao imperador, pode ser criticado pela imensa maioria das pessoas que era explorada com os impostos; se responde que não paguem, pode ser acusado perante as autoridades romanas como alguém que se opõe ao regime e instigar o povo.
Jesus, que conhece os corações, denuncia-os abertamente: “Hipócritas! Por que é que vocês estão procurando uma prova contra mim?” (v. 19) e, em seguida, pede-lhes que lhe mostrem uma moeda, que tinha a inscrição do imperador. Então Jesus lhes responde: “Deem ao Imperador o que é do Imperador e deem a Deus o que é de Deus”.
A pergunta que lhe haviam feito, vinda dos fariseus, deve ser entendida como: é correto – segundo os desígnios de Deus – que paguemos impostos ao imperador romano ou não? Com sua resposta, não é que Jesus esteja dizendo que há “dois reinos”, um de Deus e outro do imperador; Jesus sabe bem que Deus é o Senhor do céu e da terra (cf. 11.25); no entanto, também as coisas da terra têm sua autonomia; esta é a razão da resposta de Jesus.
Jesus, pois, atribui responsabilidades perante Deus e “o imperador”; contudo, não diz o que é “do imperador” e o que é “de Deus”; cabe aos leitores o exercício do discernimento, iluminado pela Palavra, e assim, caminhar na fidelidade.
Em geral, no final dos milagres, diz-se que as pessoas ficavam admiradas; aqui, porém, quem fica admirado são os mesmos que vieram lançar uma armadilha contra Jesus (v. 22). Até mesmo com seus adversários, Jesus mostra uma sabedoria que, se eles estivessem abertos, permitir-lhes-ia aproximar-se da mensagem da salvação que ele traz para todos.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
O Papa Bento XVI, na Missa da Nova Evangelização, no dia 16 de outubro de 2011, lembrou e refletiu:
“Meditemos agora sobre o trecho do Evangelho. Trata-se do texto sobre a legitimidade do tributo a pagar a César, que contém a célebre resposta de Jesus: ‘Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus’ (Mt 22, 21). Mas antes de chegar a este ponto há uma passagem que se pode referir a quantos têm a missão de evangelizar. Com efeito, os interlocutores de Jesus — discípulos dos fariseus e herodianos — dirigem-se a Ele com uma apreciação, dizendo: ‘Sabemos que és sincero e que ensinas o caminho de Deus segundo a verdade, sem te preocupares com ninguém’ (v. 16). É precisamente esta afirmação, embora suscitada pela hipocrisia, que deve chamar a nossa atenção. Os discípulos dos fariseus e os herodianos não acreditam naquilo que dizem. Afirmam-no como recurso para chamar a atenção de Jesus, para se fazerem ouvir, mas o seu coração está muito distante daquela verdade; aliás, eles querem fazer cair Jesus numa armadilha, para O poder acusar. Para nós, ao contrário, aquela expressão é preciosa e verdadeira: com efeito, Jesus é sincero e ensina o caminho de Deus segundo a verdade, sem se preocupar com ninguém. Ele mesmo é aquele ‘caminho de Deus’, que nós somos chamados a percorrer. Aqui podemos evocar as palavras do próprio Jesus, no Evangelho de João: ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida’ (14, 6).
“Esta palavra de Jesus é rica de conteúdo antropológico, e não pode ser reduzida unicamente ao âmbito político. Portanto, a Igreja não se limita a recordar aos homens a justa distinção entre a esfera da autoridade de César e a de Deus, entre o âmbito político e o religioso. A missão da Igreja, como também a de Cristo, consiste essencialmente em falar de Deus, fazer memória da sua soberania, recordando a todos, especialmente aos cristãos que perderam a própria identidade, o direito de Deus sobre aquilo que lhe pertence, ou seja, a nossa vida”.[2]
Agora perguntemo-nos:
Tenho dado a outras pessoas, acontecimentos ou instituições mais do que a Deus? Acreditei, de coração, nas palavras que digo a Jesus? Ou, ao contrário, enfeitei minha oração com belas palavras, esperando receber graças e favores especiais? Tenho sido um bom cidadão?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Toma, Senhor, e recebe
toda a minha liberdade,
minha memória,
meu entendimento
e toda a minha vontade,
todo meu ter e meu possuir.[3]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Queremos, Senhor, ser bons cristãos e cidadãos honestos.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Esta semana, em um momento de oração, avaliarei as coisas que não tenho dado a Deus por completo, ou simplesmente as que me custaram, e na Eucaristia, no momento do ofertório, entregá-las-ei.
“A justiça é a firme e constante vontade de dar a cada um o que lhe cabe”.
Santo Tomás de Aquino
[1] Oração escrita por Padre José Kentenich, sacerdote católico alemão, fundador do Movimento Apostólico de Schoenstatt.
[2]http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/homilies/2011/documents/hf_ben-xvi_hom_20111016_nuova-evang_po.html
[3] Santo Inácio de Loyola: militar e, depois, religioso espanhol, fundador da Companhia de Jesus, da qual foi o primeiro ministro geral. Foi declarado santo pela Igreja católica.