A autoridade de Jesus (Marcos 11,27-33)
28 de maio de 2016“Certo homem fez uma plantação de uvas…”
30 de maio de 2016“No dia em que o senhor, ó rei, os combater,
o seu povo se apresenta como voluntário”.
Sl 110.3
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Jesus:
Hoje quero escutar tua voz,
mas falta silêncio ao meu redor.
Ensina-me a ficar calado
e a escutar atento tua voz.
Que tua palavra ilumine minha vida,
que tua palavra me comprometa
e me faça viver em tua presença,
mesmo que eu não te conheça
e saiba quase nada do Evangelho.
Quero ser teu amigo,
mas me preocupo tão pouco contigo!
Hoje vens visitar-me
e me convidas a abrir a porta
do meu coração.
Do fundo de meu ser,
Te espero e grito a Ti:
TEXTO BÍBLICO: Lucas 9.11b-17
11bE Jesus os recebeu, falou a respeito do Reino de Deus e curou os que precisavam ser curados.
12Estava anoitecendo, e por isso os doze apóstolos foram e disseram a Jesus:
— Mande esta gente embora. Eles podem ir aos povoados e sítios que ficam por perto daqui e lá encontrarão o que comer e onde ficar, pois este lugar é deserto.
13Mas Jesus respondeu:
— Deem vocês mesmos comida a eles.
Os discípulos disseram:
— Só temos cinco pães e dois peixes. O senhor quer que a gente vá comprar comida para toda esta multidão?
14Estavam ali mais ou menos cinco mil homens. Jesus ordenou aos seus discípulos:
— Mandem o povo sentar-se em grupos de mais ou menos cinquenta pessoas.
15Os discípulos obedeceram e mandaram que todos se sentassem. 16Aí Jesus pegou os cinco pães e os dois peixes, olhou para o céu e deu graças a Deus por eles. Depois partiu os pães e os peixes e os entregou aos discípulos para que eles distribuíssem ao povo. 17Todos comeram e ficaram satisfeitos, e os discípulos ainda encheram doze cestos com os pedaços que sobraram.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Diácono Orlando Fernández.
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
A respeito do que Jesus falou e o que fez? Qual foi a sugestão que os discípulos deram a Jesus sobre o que devia fazer com as pessoas? Com que ordem Jesus responde? Que fez Jesus e o que aconteceu com as pessoas?
Algumas pistas para compreender o texto:
No evangelho de hoje, Jesus convida seus discípulos a aplacar a fome daqueles que tinham estado a escutá-lo: “Deem vocês mesmos comida a eles”. Eles, porém, queriam escapar mandando as pessoas ir embora a fim de que se arranjassem como pudessem: “Só temos cinco pães e dois peixes”. O Senhor havia falado e curado muitas pessoas daquela multidão; agora também as alimenta, multiplicando os poucos víveres que alguns trazem consigo.
O evangelista diz-nos que só dispõem de cinco pães e de dois peixes, ou seja, que, no total, são sete os alimentos dos quais, em seguida, sobrarão doze cestos. O uso desses números parece ter um caráter simbólico, visto que o número sete, na Escritura, costuma estar associado à ideia de consumação, cumprimento e perfeição. São exemplos: o dia do repouso, o ano sabático, a duração de algumas festas, a quantidade de animais para o holocausto, alguns símbolos litúrgicos (tabernáculos, trombetas) e as vezes que o salmista louva a Deus estão organizados em torno do número sete (cf. Gn 2.2-3; Êx 20.10; Lv 25.2-6; Nm 28.11; Sl 119.164).
O número doze, por sua vez, associa-se aos propósitos de Deus para Israel: Jacó teve doze filhos (Gn 35.22-27; 42.13,32), as tribos de Israel foram doze (Gn 49.28; Êx 24.4), doze era o número de certos sacrifícios (Nm 7.3), dos pães que se conservavam no lugar mais sagrado do tempo (Lv 24.5); Jesus escolheu como discípulos seus doze pessoas (Mt 10.1ss; 26.14; At 6.2), e a Igreja é descrita com doze atributos (Ap 21.12,14,16,20).
Ter abençoado sete alimentos para que sobrassem, a seguir, doze cestos, põe este acontecimento em relação com as obras realizadas por Deus na história da salvação, dando caráter de saliência divina ao gesto de Jesus. Em todo caso, resta evidente que tal acontecimento deve ter provocado grande impressão nos apóstolos e na comunidade cristã primitiva, uma vez que é o único milagre que se repete em todos os evangelhos (Mt 14.13-21 / Mc 6.30-44 / Lc 9.11-17 / Jo 6.1-12). Ademais, Mateus narra uma segunda multiplicação, com o mesmo sentido (Mt 15.32-38).
A Igreja sempre leu este relato como símbolo da Eucaristia, por isso é proclamado na Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Jesus Cristo. É, de fato, o único milagre que são narrados pelos quatro evangelistas. E isto, sem dúvida, porque os apóstolos descobriram naqueles gestos e palavras de Jesus uma profunda significação litúrgica. O pão, partido e repartido, converteu-se, depois da páscoa, no memorial da Paixão, morte e ressurreição do Senhor, e no sacramento por excelência de nossa redenção, e fundamento da vida da Igreja.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
Hoje o evangelho nos convida a colocar-nos na atitude da multidão que escutava Jesus e precisava ser saciada, ou na atitude dos discípulos, que apresentam a necessidade e recebem de Jesus a ordem de dar de comer à multidão. Qualquer que seja a atitude que assumamos, seremos saciados por Jesus se lhe apresentarmos nossa fome e sede. A Eucaristia é o banquete que hoje nos sacia, e nela o próprio Jesus se oferece como comida e bebida.
Reflitamos juntamente com São João Paulo II com a seguinte mensagem: “Elevemos juntos o olhar para Jesus Eucaristia; contemplemo-lo e repitamos juntos estas palavras de São Tomás de Aquino, que manifestam toda a nossa fé e todo o nosso amor: Jesus, adoro-te escondido na Hóstia!
“Numa época marcada por ódios, egoísmos, desejos de falsas felicidades, pela decadência dos costumes, ausência de figuras paternas e maternas, instabilidade em tantas jovens famílias e por numerosas fragilidades e mal-estar dos quais não poucos jovens são vítimas, nós olhamos para ti, Jesus Eucaristia, com renovada esperança. Apesar dos nossos pecados, confiamos na Tua misericórdia divina. A ti repetimos com os discípulos de Emaús: ‘Permanecei conosco Senhor!’
“Nós Te adoramos, Jesus, e agradecemos-te porque na Eucaristia se torna atual o mistério daquela oferenda ao Pai que tu realizastes há dois mil anos com o sacrifício da Cruz; sacrifício que redimiu a humanidade inteira e toda a criação.
“Adoramos-te, Jesus Eucaristia! Adoramos o teu corpo e o teu sangue oferecidos por nós e por todos em remissão dos pecados: o Sacramento da nova e eterna Aliança!
“Enquanto te adoramos, como não pensar nas numerosas coisas que deveríamos fazer para te glorificar? Mas, ao mesmo tempo, não podemos deixar de dar razão a São João da Cruz, que costumava dizer: ‘Aqueles que são muito ativos e que pensam abraçar o mundo com as suas pregações e com as suas obras exteriores recordem-se de que seriam de maior proveito para a Igreja e muito mais aceites por Deus, sem falar do bom exemplo que dariam, se usassem pelo menos metade do tempo para estar com Ele em oração’.
“Ajuda-nos, Jesus, a compreender que para ‘fazer’ na tua Igreja, também no campo tão urgente da nova evangelização, é preciso antes de tudo aprender a ‘ser’, isto é, a estar contigo em adoração, na tua doce companhia. Só de uma íntima comunhão contigo brota a ação apostólica autêntica, eficaz e verdadeira”.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Estou consciente de que quando comungo em cada Eucaristia me converto em sacrário vivo? Jesus Eucaristia é o centro de minha vida cristã? Visito Jesus no Sacramento do altar em um dia diferente do domingo?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Sacrário do Altar,
O ninho de teus mais ternos e abnegados amores.
Amor me pedes, meu Deus, e amor me dás;
teu amor é amor de céu,
e o meu, amor misturado de terra e céu;
o teu é infinito e puríssimo;
o meu, imperfeito e limitado.
Seja eu, meu Jesus, a partir de hoje,
todo para Ti, como Tu o és para mim.
Que eu te ame sempre, como te amaram os Apóstolos;
e meus lábios beijem teus pés benditos,
como os beijou Madalena convertida.
Olha e escuta os extravios de meu coração arrependido,
como escutaste Zaqueu e a Samaritana.
Deixa-me reclinar minha cabeça em teu sagrado peito,
como teu discípulo amado São João.
Desejo viver contigo, porque és vida e amor.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Senhor, que teu Corpo e teu Sangue sejam meu alimento para a vida eterna.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Perguntarei a um sacerdote amigo ou a meu pároco a respeito dos pensamentos e sentimentos que ele tem ao consagrar o pão e o vinho, quando estes se convertem no Corpo e no Sangue de Jesus.
“A comunhão é o centro da vida cristã, como Cristo é o centro do cristianismo…
Cristianismo sem Cristo é como concerto sem músicos…e cristianismo sem Comunhão é permanecer na pura região das ideias,
é como um amor sem presença, amizade sem confidencias, caridade sem doação:
Cristianismo sem comunhão é palavra oca, vazia de sentido…”
Santo Alberto Hurtado