Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo – Ano C
29 de maio de 2016“A criança se mexeu na barriga dela”
31 de maio de 2016Leitura: Marcos 12, 1-12
Depois Jesus começou a falar por meio de parábolas. Ele disse:
— Certo homem fez uma plantação de uvas e pôs uma cerca em volta dela. Construiu um tanque para pisar as uvas e fazer vinho e construiu uma torre para o vigia. Em seguida, arrendou a plantação para alguns lavradores e foi viajar. Quando chegou o tempo da colheita, o dono enviou um empregado para receber a sua parte. Mas os lavradores agarraram o empregado, bateram nele e o mandaram de volta sem nada. O dono mandou mais um empregado, mas eles bateram na cabeça dele e o trataram de um modo vergonhoso. E ainda outro foi mandado para lá, mas os lavradores o mataram. E o mesmo aconteceu com muitos mais — uns foram surrados, e outros foram mortos. E agora a única pessoa que o dono da plantação tinha para mandar lá era o seu querido filho. Finalmente ele o mandou, pensando assim: “O meu filho eles vão respeitar.” Mas os lavradores disseram uns aos outros: “Este é o filho do dono; ele vai herdar a plantação. Vamos matá-lo, e a plantação será nossa.”
— Então agarraram o filho, e o mataram, e jogaram o corpo para fora da plantação.
Aí Jesus perguntou:
— E agora, o que é que o dono da plantação vai fazer? Ele virá, matará aqueles homens e entregará a plantação a outros lavradores. Vocês não leram o que as Escrituras Sagradas dizem?
“A pedra que os construtores rejeitaram
veio a ser a mais importante de todas.
Isso foi feito pelo Senhor
e é uma coisa maravilhosa!”
Os líderes judeus sabiam que a parábola era contra eles e quiseram prender Jesus, mas tinham medo do povo. Por isso deixaram Jesus em paz e foram embora.
Oração:
Por meio de parábolas, Jesus sempre deu a entender realidades complexas, talvez ainda inalcançáveis em sua plenitude por seus interlocutores. Hoje, nossa oração é guiada por uma dessas narrativas que contém muitas entrelinhas a serem lidas e rezadas.
Algo ficou muito claro para aqueles que ouviam Jesus: Ele se dizia o filho do dono da plantação de uvas, que foi, finalmente, enviado a receber dos lavradores aquilo a que o dono da plantação tinha direito. Jesus se revela e prediz seu fim. Os outros todos, enviados e também aniquilados, são os profetas por meio dos quais o Pai falou aos homens, e isso também não deve ter sido difícil de perceber para os interlocutores de Jesus. Perceberam tão bem a comparação que desejaram matar Jesus; quiseram-no porque tinha percebido a denúncia de Jesus.
A parábola, no entanto, é figura que, como o evangelho, atravessa os milênios para nos interpelar e, quem sabe, até nos denunciar.
Uma personagem importante da narrativa é o dono da plantação de uvas. Jesus está contando aos seus ouvintes que é do feitio do Pai entregar a colaboradores uma empreitada. O início da minha oração pode ser perguntar: que missão o Pai me confia? Quais realidades ele deseja ver cuidadas por mim? Por que Ele confia em mim? Sou merecedor de tal confiança ou Ele me dá a chance de ser fiel mesmo sem saber das minhas intenções e apesar de minhas fraquezas? Em que plantação o Pai me chama? Deseja que eu realize da melhor maneira possível as atividades do emprego que tenho? Está me pedindo o zelo com a criação dos meus filhos? Quer que eu cuide dos meus relacionamentos? Que uvas são essas que Ele me dá?
Um dado importante para a oração é o fato de que o dono da plantação envia empregados para buscar a parte d’Ele. O Pai deseja algo com a minha vida. Minha vida, nessa perspectiva, não é só minha. É um dom, mas um presente também para o mundo. Eu vejo o que o Pai quer colher da minha vida? A quem Ele deseja chegar com as minhas ações? O que Ele deseja dizer com a minha boca? Que passos Ele quer andar com os meus pés? Eu reconheço que Ele tem parte na minha vida?
Pode nos ajudar na oração fazer também um exame de consciência. Como tenho tratado os empregados ou o filho do dono da plantação? Há várias pessoas que são mensageiros do Pai em minha vida. Dou-lhes ouvidos? Com medo da mensagem que trazem, afugento-os? Também situações da vida são formas de o dono da plantação nos visitar. Quando vivo minha vida, como leio minhas experiências? Dou ouvido àquilo que parece bater à porta? “Ligo” para o que o Pai quer me falar da parte da vida d’Ele em mim? Em última análise: mato a voz que me pergunta sobre essa Vida ou acolho essa voz que vem a mim falar da parte que Ele tem em mim?
Peçamos à Trindade que tenhamos um coração atento às visitas que Ela nos faz ao longo de nossos caminhos e que esse coração se torne cada vez menos violento e mais manso com Ela, que nos visita e quer conversar sobre a vida d’Ela em nós.
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte