XXVII Domingo do Tempo Comum – Ano C
2 de outubro de 2016Apenas uma coisa é necessária (Lc 10, 38-42)
4 de outubro de 201625Um mestre da Lei se levantou e, querendo encontrar alguma prova contra Jesus, perguntou:
— Mestre, o que devo fazer para conseguir a vida eterna?
26Jesus respondeu:
— O que é que as Escrituras Sagradas dizem a respeito disso? E como é que você entende o que elas dizem?
27O homem respondeu:
— “Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma, com todas as forças e com toda a mente. E ame o seu próximo como você ama a você mesmo.”
28 — A sua resposta está certa! — disse Jesus. — Faça isso e você viverá.
29Porém o mestre da Lei, querendo se desculpar, perguntou:
— Mas quem é o meu próximo?
30Jesus respondeu assim:
— Um homem estava descendo de Jerusalém para Jericó. No caminho alguns ladrões o assaltaram, tiraram a sua roupa, bateram nele e o deixaram quase morto. 31Acontece que um sacerdote estava descendo por aquele mesmo caminho. Quando viu o homem, tratou de passar pelo outro lado da estrada. 32Também um levita passou por ali. Olhou e também foi embora pelo outro lado da estrada. 33Mas um samaritano que estava viajando por aquele caminho chegou até ali. Quando viu o homem, ficou com muita pena dele. 34Então chegou perto dele, limpou os seus ferimentos com azeite e vinho e em seguida os enfaixou. Depois disso, o samaritano colocou-o no seu próprio animal e o levou para uma pensão, onde cuidou dele. 35No dia seguinte, entregou duas moedas de prata ao dono da pensão, dizendo:
— Tome conta dele. Quando eu passar por aqui na volta, pagarei o que você gastar a mais com ele.
36Então Jesus perguntou ao mestre da Lei:
— Na sua opinião, qual desses três foi o próximo do homem assaltado?
37— Aquele que o socorreu! — respondeu o mestre da Lei.
E Jesus disse:
— Pois vá e faça a mesma coisa.
Divino Espírito Santo, ilumine a nossa semana dando-nos a capacidade de agir diante do sofrimento do nosso próximo.
No evangelho de hoje, vemos a incoerência de um sacerdote (responsável pelas cerimônias no templo) e de um levita (dedicado a tarefas acessórias ao culto) passarem por um homem ferido sem atendê-lo em suas necessidades por não perceberem a sua missão como algo que ultrapassava o templo. Vemos, por outro lado, a facilidade de perceber que mais importante que cuidar de tarefas no templo, naquele momento, era cuidar daquele cuja necessidade era imediata.
Imaginemos. Estamos prontos para ir à missa no fim de semana e, de repente, o telefone toca e, ao atendermos, percebemos que é um conhecido precisando de conversar um pouco por estar vivendo uma situação problemática. O que fazemos? A atitude mais automática seria dizer que ligaremos quando chegarmos da missa, pois já estamos atrasados. Aí, chegamos em casa da missa, ligamos para o nosso amigo e ele nos diz que já está melhor, que já resolveu a situação ou mesmo que já não dá mais para falar do assunto.
Essa cena nos revela um equívoco em nossa tomada de decisão. Certamente, Deus preferiria que nós ficássemos e auxiliássemos aquela pessoa no momento em que ela mais precisava, pois, se ela nos ligou, é porque imagina que pode contar conosco. Essa escolha, certamente, vale muito mais que muitas missas de que possamos participar.
Nosso mundo vive em crise de afetos justamente pelo egoísmo que a vida da pressa tem despertado em nós. Nunca temos tempo para ouvir o outro em suas necessidades e, quantas vezes, ao invés de nos silenciarmos para ouvir, começamos a falar de nossos próprios problemas ao invés de dar um pouco do nosso tempo simplesmente para sermos ouvintes?
É fácil imaginar a cena do evangelho e pensar que é fácil nos sensibilizarmos com alguém que vemos na rua precisando de uma ajuda qualquer. Porém, também fazemos o papel de levitas e sacerdotes (os da parábola de hoje) quando não somos bons ouvintes, quando adiamos um apoio urgente que nos é pedido, quando não somos capazes de colocar o outro como prioridade no momento em que ele necessita de nossa atenção.
Jesus nos prova que amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos significa ter a habilidade de doação do que nós podemos oferecer para que aquele que precisa de nós possa se sentir melhor e, sobretudo, amparado e amado. Essa é a porta para a vida eterna. Vida eterna porque teremos feito a diferença para alguém e vida eterna porque só quando somos capazes de sair de nós mesmos para nos doar ao outro é que nos sentimos em paz plena.
Às vezes, também nos vemos no papel de feridos à margem da estrada e experimentamos a angústia de sermos ignorados por aqueles que não conseguem se sensibilizar com nosso sofrimento. É muito sofrido sentir a indiferença do outro quando mais precisamos de sua atenção. Porém, essa situação não está sob nosso controle como aquela em que nós somos os que podemos ajudar.
Por isso, reflitamos um pouco sobre nossa vida recente: temos sido sensíveis às necessidades de nossos interlocutores? Sabemos o que priorizar em cada momento?
Peçamos a Jesus a sabedoria para, em momentos como o indicado acima, consigamos desautomatizar nossas ações para fazer o que é melhor aos olhos de Deus, que percebamos que o nosso próximo é o que está mais perto de nós em cada momento porque precisa de nós. E é esse que precisamos assistir. Que tenhamos a capacidade de nos solidarizarmos o outro e que estejamos abertos a acolher quem se mostrar sendo o nosso próximo em cada momento.
Amém.
Ana Paula Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte