Se alegre, pois seu nome está escrito no céu (Lc 10,17-24)
1 de outubro de 2016Quem é o meu próximo?
3 de outubro de 2016“Ele é o nosso Deus; nós somos o povo que ele guia,
somos o rebanho do qual ele cuida.”
Sl 95.7
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Vinde, Espírito Criador,
visitai as almas dos vossos fiéis
e enchei da graça divina
os corações que criastes!
Vós sois o nosso Consolador,
dom do Deus Altíssimo,
fonte viva, fogo, caridade,
e unção espiritual.
Vós derramais sobre nós os sete dons,
Vós, o dedo da mão de Deus,
Vós o prometido do Pai,
Vós que pondes nos nossos lábios o tesouro da vossa palavra.
Acendei com a vossa luz a nossa inteligência,
infundi o vosso amor nos nossos corações,
e com o vosso perpétuo auxílio,
fortalecei a nossa débil carne.
Afastai de nós o inimigo,
dai-nos prontamente a paz,
sede vós próprio o guia,
e seguindo vossos caminhos,
evitaremos todo o mal.[1]
TEXTO BÍBLICO: Lucas 17.5-10
A fé
5Os apóstolos pediram ao Senhor:
— Aumente a nossa fé.
6E ele respondeu:
— Se a fé que vocês têm fosse do tamanho de uma semente de mostarda, vocês poderiam dizer a esta figueira brava: “Arranque-se pelas raízes e vá se plantar no mar!” E ela obedeceria.
O dever do empregado
7Jesus disse:
— Façam de conta que um de vocês tem um empregado que trabalha na lavoura ou cuida das ovelhas. Quando ele volta do campo, será que você vai dizer: “Venha depressa e sente-se à mesa”? 8Claro que não! Pelo contrário, você dirá: “Prepare o jantar para mim, ponha o avental e me sirva enquanto eu como e bebo. Depois você pode comer e beber.” 9Por acaso o empregado merece agradecimento porque obedeceu às suas ordens? 10Assim deve ser com vocês. Depois de fazerem tudo o que foi mandado, digam: “Somos empregados que não valem nada porque fizemos somente o nosso dever.”
1. LEITURA
Que diz o texto?
Pe. Daniel Kerber [2]
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
Quem pediu mais fé ao Senhor? A qual semente Jesus compara a fé que os discípulos deveriam ter? Onde se poderia plantar a árvore? Se os discípulos tivessem um criado, o que não lhe diriam? O que lhe diriam? O que Jesus disse que não se diz a um criado? O que os discípulos deverão dizer quando tiverem cumprido o que Deus mandou?
Algumas pistas para compreender o texto:
O evangelho de hoje continua o do domingo passado, onde líamos a parábola do rico e do pobre Lázaro.
Poderíamos organizar esta passagem em três partes: a primeira versa sobre a correção fraterna e o perdão ao irmão (vv. 3-4, ausentes do texto litúrgico deste domingo); a segunda trata do poder da fé (vv. 5-6) e, por fim, a terceira mostra a situação do empregado (vv. 7-10). É provável que este texto contenha originalmente ditos isolados de Jesus que, posteriormente, o evangelista colocou em ordem.
Na primeira parte, mostra-se a responsabilidade para com o irmão: “Se o seu irmão pecar, repreenda-o”, o que mostra que não podemos ficar indiferentes diante dos irmãos, e que amar também comporta o corrigir; de fato, uma das obras de misericórdia é” corrigir aquele que erra”. Perante tais palavras vêm à memória o que o próprio Jesus disse em Lc 6,41s: “Por que é que você vê o cisco que está no olho do seu irmão e não repara na trave de madeira que está no seu próprio olho?” Parecem afirmações contraditórias, mas o que se enfatiza em Lc 6 é o não condenar: “Não condenem os outros, e Deus não condenará vocês” (6.37), e a não ser hipócrita, buscando o erro do outro, sem tomar consciência das próprias fragilidades (6.42). Em nosso texto, mostra-se a responsabilidade que temos em relação ao bem do irmão, e se o vemos pecar (a etimologia da palavra índia “não acertar o alvo”), devemos mostrar isso a ele, e imediatamente coloca a correção na chave da misericórdia: “Se ele se arrepender, perdoe”; e insiste: “Se pecar contra você sete vezes num dia e cada vez vier e disser: ‘Me arrependo’, então perdoe”. Esta correção, que brota de um coração capaz de perdoar sempre, só pode ajudar, pois, a partir desse coração, dói mais a quem a faz do que em quem a recebe. Este é o convite que o texto nos faz.
Diante de tal exigência, não é estranho que escutemos que os apóstolos peçam ao Senhor mais fé. É como se eles dissessem: “Isto que o senhor nos pede, corrigir misericordiosamente e perdoar sempre, é demasiado grande: aumente nossa fé!” E a resposta de Jesus é desafiadora. Naquele tempo, a pequenez da semente de mostarda era proverbial (cf. Lc 13.19). Pois bem, Jesus desafia seus discípulos – e a nós – com uma comparação exagerada: “Se a fé de vocês fosse a menor, vocês poderiam fazer o maior!” é uma censura forte, exigente e carinhosa que o Senhor nos faz.
Por fim, o ensinamento sobre o serviço. Temos a alegrai de ter sido convidados a servir no reino do Senhor, a ser trabalhadores de sua colheita (Lc 10.2). O que temos de fazer é cumprir simples e alegremente nosso serviço. Nada mais belo do que trabalhar no campo de um patrão tão bom como o Pai Misericordioso que é Deus.
O que o Senhor me diz no texto?
O Evangelho que acabamos de ser nos apresenta características importantes dos que são amigos de Jesus e querem que outros vivam esta experiência: a fé, a obediência e a humildade. Esta trilogia nos levará por um caminho missionário mais eficaz: ter uma fé sólida em que nos enviou, obedecer à sua vontade sobre nossa colaboração com sua Igreja nos leva a dizer: faço o que me cabe. Nem mais, nem menos. Não se trata de não quere ir além. Trata-se de fazer o que Deus espera de nós e nos comunica com seu Santo Espírito, e esta é nossa alegria.
Iluminam nossa meditação as seguintes palavras do Papa Francisco: “Hoje, a passagem do Evangelho começa assim: ‘Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta-nos a fé!’” (Lc 17, 5-6). Eu acho que todos nós podemos fazer nossa essa invocação. Nós também, como os Apóstolos, digamos ao Senhor Jesus: “Aumentai a nossa fé!”. Sim, Senhor, a nossa fé é pequena, a nossa fé é fraca, frágil, mas nós a oferecemos assim como ela é, para que o Senhor a faça crescer. Parece bom repetir isto juntos: “Senhor, aumenta a nossa fé!” Façamos? Todos: Senhor, aumenta a nossa fé! Senhor, aumenta a nossa fé! Senhor, aumenta em nós a nossa fé! A faça crescer!
“E o Senhor, o que nos responde? A resposta é: ‘Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar, e ela vos obedecerá’ (v. 6). A semente de mostarda é muito pequena, mas Jesus disse que basta ter uma fé pequena, porém verdadeira e sincera para realizar as coisas humanamente impossíveis e impensáveis. E é verdade! Todos nós conhecemos pessoas simples, humildes, mas com uma fé fortíssima, que realmente move montanhas! Pensemos, por exemplo, em certas mães e pais que enfrentam situações muito difíceis ou em alguns doentes até mesmo terminais que transmitem serenidade para aqueles que vão visitá-los. Essas pessoas, por causa de sua fé, não se vangloriam do que fazem, aliás, como diz Jesus no Evangelho, elas dizem: ‘Somos servos como quaisquer outros. Fizemos o que devíamos fazer’ (Lc 17, 10). Quantas pessoas entre nós tem essa fé forte, humilde e que faz tanto bem!”[3]
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
O que sinto quando penso que sou um empregado inútil? Tive momentos nos quais minha vontade teve a primazia sobre a vontade de Deus? Minha fé me ajuda a ser dócil e a obedecer às pessoas que confiaram em mim para o trabalho missionário?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Senhor, aumenta-nos a fé!
Não, porém, como quem quer um caminho feito,
mas como quem quer construí-lo.
Dá-nos a capacidade de fazer o bem e de assim agradar-te,
não para nossa satisfação,
mas para que sejas tu aquele que semeia alegria e paz
no profundo de teus obedientes servos, que somente tu conheces.
Dá-nos, Senhor, a fé e a sabedoria para entender o que queres que sejamos
no serviço inútil de cada dia.[5]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Senhor, sou um empregado inútil: fiz apenas minha obrigação.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Farei uma lista de todas as atividades que tenho de realizar durante a semana e as colocarei nas mãos de Deus com humildade!
“Deus não me chamou para ser bem-sucedido. Ele me chamou para ser fiel.”
Santa Madre Teresa de Calcultá
[1] Oração diária de são João Paulo II (http://www.acidigital.com/noticias/o-espirito-santo-ajudou-sao-joao-paulo-ii-com-matematica-e-comecou-grande-devocao-14125/).
[2] É sacerdote da Arquidiocese de Montevidéu (Uruguai) e administrador paroquial da Paróquia de são Alexandre de são Pedro Claver. Colabora também com as Sociedades Bíblicas Unidas no trabalho de tradução da Bíblia para as línguas indígenas e prestou serviço como “auditor” para o Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja (2008). É membro da equipe de apoio da escola bíblica do Cebipal (Centro Bíblico para a América Latina, do CELAM).
[3] Papa Francisco, 6 de outubro de 2013. Angelus, Praça de São Pedro (https://pt.zenit.org/articles/papa-francisco-no-angelus-como-os-apostolos-digamos-ao-senhor-jesus-aumentai-a-nossa-fe/).
[5] Equipe Lectionautas.