“Ó Senhor Deus, quem tem o direito de morar no teu Templo? (…) Só tem esse direito aquele que vive uma vida correta, que faz o que é certo e que é sincero e verdadeiro no que diz.”
21 de julho de 2019“Alimenta-nos de manhã com o teu amor, até ficarmos satisfeitos, para que cantemos e nos alegremos a vida inteira.”
4 de agosto de 2019PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, Dom gratuito, renova-me.
Espírito Santo, Perfume delicado, unge-me.
Espírito Santo, Conselho Garantido, reconforta-me.
Espírito Santo, Força Viva, impele-me a viver o Evangelho.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Lc 11.1-13
Jesus ensina a orar
Mateus 6.5-15; 7.7-11
1Um dia Jesus estava orando num certo lugar. Quando acabou de orar, um dos seus discípulos pediu:
— Senhor, nos ensine a orar, como João ensinou os discípulos dele.
2Jesus respondeu:
— Quando vocês orarem, digam:
“Pai, que todos reconheçam
que o teu nome é santo.
Venha o teu Reino.
3Dá-nos cada dia o alimento
que precisamos.
4Perdoa os nossos pecados,
pois nós também perdoamos
todos os que nos ofendem.
E não deixes que sejamos tentados.”
5Então Jesus disse aos seus discípulos:
— Imaginem que um de vocês vá à casa de um amigo, à meia-noite, e lhe diga: “Amigo, me empreste três pães. 6É que um amigo meu acaba de chegar de viagem, e eu não tenho nada para lhe oferecer.”
7— E imaginem que o amigo responda lá de dentro: “Não me amole! A porta já está trancada, e eu e os meus filhos estamos deitados. Não posso me levantar para lhe dar os pães.”
8Jesus disse:
— Eu afirmo a vocês que pode ser que ele não se levante porque é amigo dele, mas certamente se levantará por causa da insistência dele e lhe dará tudo o que ele precisar. 9Por isso eu digo: peçam e vocês receberão; procurem e vocês acharão; batam, e a porta será aberta para vocês. 10Porque todos aqueles que pedem recebem; aqueles que procuram acham; e a porta será aberta para quem bate. 11Por acaso algum de vocês será capaz de dar uma cobra ao seu filho, quando ele pede um peixe? 12Ou, se o filho pedir um ovo, vai lhe dar um escorpião? 13Vocês, mesmo sendo maus, sabem dar coisas boas aos seus filhos. Quanto mais o Pai, que está no céu, dará o Espírito Santo aos que lhe pedirem!
1. LEITURA
Que diz o texto?
Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. O que Jesus esteve fazendo e o que os discípulos pedem que ele faça?
2. O que pedimos a Deus na oração que Jesus lhes ensinou?
3. O que Jesus quer ensinar aos discípulos com a parábola do amigo inoportuno?
4. O que Jesus ensina sobre a oração de petição?
5. Que mensagem nos dá com a parábola do filho que pede comida a seu pai?
Algumas pistas para compreender o texto:
Mons. Damian Nannini (Dom Damián Nannini é bispo da Diocese de San Miguel (Argentina); licenciado em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma.)
No caminho para Jerusalém, que é um caminho discipular onde aprendemos a ser cristãos, não podia faltar um ensinamento sobre a oração. E Jesus ensina dando o exemplo, já que ele próprio é apresentado como modelo de orante, visto que o texto de hoje começa dizendo que “estava orando”. E não se trata de um caso isolado, pois os evangelhos nos apresentam com frequência Jesus orando, retirando-se para a solidão a fim de rezar (Lc 5.16); às vezes, passa até mesmo a noite inteira em oração, como quando precisa tomar a importante decisão de escolher os Doze Apóstolos (cf. Lc 6.12-13). A oração de Jesus é lugar privilegiado para a revelação de sua identidade, como no batismo (3.21) e na transfiguração (9.28-29). Jesus ora, inclusive, antes de enfrentar a paixão no Getsêmani (Lc 22.41-42) e morre orando ao Pai (Lc 23.46).
Justamente a atitude orante de Jesus é que desperta em seus discípulos o desejo de aprender a orar: “Senhor, nos ensine a orar” (Lc 11.1). A este desejo dos discípulos, Jesus responde ensinando-lhes o Pai-Nosso.
Quanto ao conteúdo desta oração, podemos observar, em primeiro lugar, que Jesus quer que rezemos a Deus chamando-o de Pai, como ele mesmo o fizera em sua oração.
Logo, seguem-se duas petições que se referem diretamente ao Pai como súplicas de anseio por algo que lhe é próprio: a santidade de seu nome e a vinda de seu reino. As outras três relacionam-se com as necessidades dos filhos: o pão cotidiano, o perdão das ofensas e o pedido de não sucumbir à tenção.
Orar, para Jesus, é pedir sempre. E se meu coração se converte em louvor ou ação de graças será porque recebi aquilo que esperava encontrar.
Depois do conteúdo fundamental da oração do discípulo, que é o Pai-Nosso, Jesus completa a formação na oração com os exemplos acerca do modo de orar, ou mais precisamente, de pedir a Deus. Em primeiro lugar, coloca o exemplo de um amigo inoportuno, desorientado, diríamos nós, mas muito persistente e que, graças a esta insistência, termina por conseguir o que pede. Portanto, assim deve ser nossa oração, como a petição de um amigo “molesto”. Jesus mesmo extrai uma longa exortação do exemplo: “Por isso eu digo: peçam e vocês receberão; procurem e vocês acharão; batam, e a porta será aberta para vocês. Porque todos aqueles que pedem recebem; aqueles que procuram acham; e a porta será aberta para quem bate” (Lc 11.9-10).
O segundo exemplo baseia-se na relação entre um filho que pede algo a um pai que nunca lhe responderá dando algo ruim. Se os pais humanos fazem isto, quanto mais Deus Pai dará o Espírito Santo aos que o pedirem. Este exemplo é uma exortação da oração confiante que ao mesmo tempo orienta o conteúdo das petições ao Sumo Bem que devemos pedir sempre a Deus Pai: o Espírito Santo.
O que o Senhor me diz no texto?
Hoje aprendemos do próprio Jesus o essencial da oração dos cristãos: falar a Deus chamando-o de Pai e pedindo-lhe com confiança e com insistência. Trata-se de deixar que o Senhor nos ensine a orar. Façamos nossa a petição dos apóstolos: “Senhor, nos ensine a orar”, em resposta à qual Jesus explica aos seus com que palavras e com que sentimentos devem dirigir-se a Deus. E a oração consiste fundamentalmente em dialogar com Deus, o que implica este duplo movimento de escutar e de falar. A primazia cabe ao escutar, mas não devemos esquecer o falar, o dizer a Deus o que pensamos e desejamos. Antes de mais nada, somos filhos pequenos, que pedimos algo ao nosso bom Deus e Pai. A atitude filial é fundamental para a oração cristã. É o clima afetivo que a envolve.
A este respeito, dizia o Papa Francisco no Angelus do dia 24 de julho de 2016: “«Quando vocês orarem, digam: ‘Pai…’» (v. 2). Esta palavra é o ‘segredo’ da oração de Jesus, é a chave que ele mesmo nos oferece a fim de podermos entrar também nós na relação de diálogo confidencial com o Pai que acompanhou e amparou toda a sua vida”.
Ao clima filial, devemos acrescentar o clima comunitário, de família, já que ensina a pedir a Deus para “nós”, não para si mesmo apenas. As petições não são individuais, mas comunitárias. No Pai-Nosso está o “Tu” de Deus e o “nós” dos irmãos, mas não encontramos o eu individualista.
Também temos no Pai-Nosso um ensinamento sobre o conteúdo fundamental da oração cristã. Já Tertuliano, o exegeta mais antigo do Pai-Nosso, dizia que era como “uma síntese de todo o evangelho”. Tanto é assim que o Papa Francisco, em sua encíclica Lumen Fidei, considera o Pai-Nosso como um dos elementos essenciais na transmissão fiel da memória da Igreja, pois “nela, o cristão aprende a partilhar a própria experiência espiritual de Cristo e começa a ver com os olhos dele. A partir daquele que é Luz da Luz, do Filho Unigénito do Pai, também nós conhecemos a Deus e podemos inflamar outros no desejo de se aproximarem dele” (nº 46).
Também se deve notar que, no evangelho de hoje, para ensinar-nos o modo de orar, Jesus escolhe dois exemplos ou parábolas de forte conotação afetiva: a relação de amizade e a relação entre pai e filho. Deste modo, o Pai é identificado com um amigo fiel e com um pai bondoso. Para ressaltar a imagem ou rosto de Deus é que Jesus nos revela neste evangelho: Deus é, antes de mais nada, Pai, um pai mais bondoso do que o mais bondoso dos pais humanos. E também Deus é um amigo fiel, que sabe ceder diante da insistente petição daquele que lhe pede. A fé nestes “rostos de Deus” é fundamental para despertar a confiança insistente na oração.
Por fim, peçamos, peçamos, peçamos ao Senhor como filhos insistentes. Peçamos que nos ensine a rezar ao Pai. Peçamos que ore em nós ao Pai. Peçamos que nos faça participar de sua oração ao Pai. Mas, principalmente, peçamos o Espírito Santo, que é o que nos dará tudo isto e muito mais.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Que imagem tenho de Deus quando rezo?
2. Sinto-o realmente como meu Pai e a ele me dirijo com a confiança de filho?
3. Quando rezo, peço somente para mim, ou me sinto parte da família da Igreja e levo em conta as necessidades dos demais irmãos?
4. Peço primeiro o que somente Deus me pode dar: a santidade e seu Reino?
5. Minha oração de petição é confiante e perseverante?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por tua oração.
Obrigado por me ensinares a orar.
Que minha oração não seja um monólogo nem uma lista de pedidos.
Que sempre me disponha a escutar-te
e me anime a poder conversar a respeito do que há em meu coração.
Quero pedir-te que me concedas o Espírito Santo.
Somente assim acenderemos o desejo de que outras possam
sentir-se próximos e todos juntos clamarmos: Pai!
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Senhor, ensina-nos a orar”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, ao rezar o Pai-Nosso, prestarei a atenção quando dirigir-me e clamar a Deus como “Pai”.
“O homem é um mendigo que precisa pedir tudo a Deus”.
São João Maria Vianney