“Quando te chamei, tu me respondeste e, com o teu poder, aumentaste as minhas forças.”
28 de julho de 2019“Ó Senhor Deus, que o teu amor nos acompanhe, pois nós pomos em tia nossa esperança!”
11 de agosto de 2019PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, ensina-me a dar gratuitamente.
Espírito Santo, que eu busque sempre o que nunca acaba.
Espírito Santo, que com Maria, receba e viva a Palavra.
Espírito Santo, dá-me a coragem para anunciar a Boa Nova.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Lc 12.13-21
O rico sem juízo
13Um homem que estava no meio da multidão disse a Jesus:
— Mestre, mande o meu irmão repartir comigo a herança que o nosso pai nos deixou.
14Jesus disse:
— Homem, quem me deu o direito de julgar ou de repartir propriedades entre vocês?
15E continuou, dizendo a todos:
— Prestem atenção! Tenham cuidado com todo tipo de avareza porque a verdadeira vida de uma pessoa não depende das coisas que ela tem, mesmo que sejam muitas.
16Então Jesus contou a seguinte parábola:
— As terras de um homem rico deram uma grande colheita.17Então ele começou a pensar: “Eu não tenho lugar para guardar toda esta colheita. O que é que vou fazer? 18Ah! Já sei! — disse para si mesmo. — Vou derrubar os meus depósitos de cereais e construir outros maiores ainda. Neles guardarei todas as minhas colheitas junto com tudo o que tenho. 19Então direi a mim mesmo: ‘Homem feliz! Você tem tudo de bom que precisa para muitos anos. Agora descanse, coma, beba e alegre-se.’” 20Mas Deus lhe disse: “Seu tolo! Esta noite você vai morrer; aí quem ficará com tudo o que você guardou?”
21Jesus concluiu:
— Isso é o que acontece com aqueles que juntam riquezas para si mesmos, mas para Deus não são ricos.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. O que pede a Jesus um homem que estava no meio da multidão e o que Jesus lhe responde?
2. Que advertência Jesus faz sobre a cobiça e por quê?
3. Que parábola Jesus conta a todos? Qual é seu ensinamento?
4. Que aplicação Jesus faz da parábola?
Algumas pistas para compreender o texto:
Mons. Damian Nannini (Dom Damián Nannini é bispo da Diocese de San Miguel (Argentina); licenciado em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma.)
O texto começa com o pedido que “um homem”, que estava no meio da multidão, faz a Jesus para que aja como juiz em uma disputa familiar a respeito da herança. Jesus não aceite o papel de juiz ou repartidor de heranças, e rechaça o requerimento do homem, dando por terminado o assunto. Contudo, em seguida, Jesus aproveita esta intervenção de “alguém” para fazer uma catequese ocasional”, dirigida agora a seus discípulos em sentido amplo (“dizendo a todos”).
Em primeiro lugar, Jesus faz uma advertência de tom sapiencial, convidando a acautelar-se ou prevenir-se contra a avareza ou a cobiça. O termo grego pleonexia indica o desejo de ter mais do que os outros, seja em posses, seja em privilégios, e também o desejo de usurpar, e a sede de dominar. Seu sentido, portanto, vai mais na linha da “cobiça” do que da “avareza”.
A segunda parte da frase de Lc 12.15 justifica o perigo da cobiça e contém a mensagem central do texto: “…porque a verdadeira vida de uma pessoa não depende das coisas que ela tem, mesmo que sejam muitas”. Portanto, Jesus vai até à raiz, ao que motiva a atitude cobiçosa, que é a busca de segurança.
Este ensinamento vem exemplificado em seguida com uma parábola que narra a atitude de um homem rico e afortunado, mas insensato. Seus campos deram muito fruto e os depósitos mostraram-se pequenos, razão por que decidiu construir outros maiores. Importa observar que a forma pela qual este homem obteve a riqueza não parece ser condenável, e se trataria de lucros legítimos. Portanto, o condenável é sua atitude de vida, que aparece refletida em seu monólogo interior: “Homem feliz! Você tem tudo de bom que precisa para muitos anos. Agora descanse, coma, beba e alegre-se”. Trata-se de um projeto de vida egoísta e hedonista. Justamente, a intervenção de Deus na parábola condena esta atitude como insensata, porquanto o homem pensa que sua vida está garantida pelos muitos bens que possui, esquecendo-se de sua “caducidade”. Ao confrontar esta atitude com a imediatidade da morte, aparece o equívoco desta atitude, pois não poderá desfrutar indefinidamente de seus bens, que ficarão para outro. Com outras palavras, as muitas riquezas não dão um sentido transcendente à vida; por isso, não podem ser a motivação fundamental de uma existência; não podem ser o apoio firme sobre o qual a vida de uma pessoa possa repousar.
O comentário final de Jesus reforça este juízo ao colocar a ênfase na condenação de “juntar riquezas para si”. O homem da parábola pensou unicamente em si, de modo egocêntrico e não levou em conta a relação com Deus, o único que pode ser o apoio seguro e permanente da vida humana. Por isso, contrapõe-se-lhe a que teria sido a atitude correta: “Ser rico para Deus”.
O que o Senhor me diz no texto?
Neste caminho discipular que o evangelho de Lucas nos apresenta, nenhuma dimensão da vida humana pode ficar fora do seguimento de Jesus. Tudo, absolutamente tudo deve passar por Jesus, pelo Evangelho. Assim como no domingo passado Jesus nos ensinava a relacionar-nos com Deus como nosso Pai, hoje nos ensina como devemos vincular-nos com os bens materiais.
Concretamente, Jesus hoje nos adverte sobre o perigo da cobiça e quão insensato é colocar toda nossa segurança nas riquezas.
A cobiça costuma ser definida como o desejo desmesurado de acumular bens materiais. No entanto, na raiz da cobiça está o medo e a insegurança, que é o que nos impele a buscar nos bens materiais essa segurança que a vida não oferece. E todo medo é, em última instância, medo da morte. E contra a morte, não há seguro total. A vida humana está ferida de morte, e é próprio de quem quer viver uma existência autêntica assumir esta realidade. Sem sombra de dúvidas, não é nada agradável pensar nisto, mas quer nos agrade, quer não, esta é a realidade. Mais próxima ou mais longínqua, a morte sempre paira no horizonte da vida humana. Posso negá-la, tentar fugir dela, mas cedo ou tarde terei de confrontar-me com ela. E o melhor é procurar estar preparados, na medida do possível. E por mais que tenhamos todo o dinheiro do mundo, isto não pode garantir-nos a vida indefinida, nem dar-nos a esperança do eterno. Portanto, minhas posses duram o que dura minha vida nesta terra. Ao morrer, partimos, e todas as nossas posses ficam aqui. Elas não podem assegurar-nos a vida eterna.
Em síntese, Jesus aceita que temos necessidade dos bens materiais para vivermos uma vida digna. Entretanto, como bem diz o Papa Francisco: “A ambição do poder e do ter não conhece limites” (Evangelii Gaudium, 56). Por isso, importa que estejamos atentos para não cairmos na cobiça ou na idolatria do dinheiro. Isto é mau para nós e para toda a sociedade, como o observa também o Papa Francisco: “Uma das causas desta situação está na relação estabelecida com o dinheiro, porque aceitamos pacificamente o seu domínio sobre nós e as nossas sociedades. A crise financeira que atravessamos faz-nos esquecer que, na sua origem, há uma crise antropológica profunda: a negação da primazia do ser humano. Criamos novos ídolos. A adoração do antigo bezerro de ouro (cf. Êx 32.1-35) encontrou uma nova e cruel versão no fetichismo do dinheiro e na ditadura de uma economia sem rosto e sem um objetivo verdadeiramente humano. A crise mundial, que investe as finanças e a economia, põe a descoberto os seus próprios desequilíbrios e sobretudo a grave carência duma orientação antropológica que reduz o ser humano apenas a uma das suas necessidades: o consumo” (EG, 55).
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Que relação tenho com o dinheiro e com os bens materiais?
2. Eles ocupam o ápice de meus desejos e aspirações na vida?
3. Reconheço que busco segurança absoluta para minha vida nos bens materiais?
4. Creio e aceito que somente Deus pode garantir-me a vida plena e eterna?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por teu ensinamento.
Obrigado por me educares, por nos educares.
Que eu não caia na segurança de acumular, nem de buscar privilégios.
Livra-me de pensar que o dinheiro tudo ajeita, pode tudo.
Afasta-me de ser mesquinho com o que sei fazer, com o que me confiaste.
Dá-me a coerência que só tu me podes dar:
em cada gesto, em cada palavra, com todos os meus irmãos.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Senhor, sê minha autêntica riqueza”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, proponho-me partilhar, de coração, um almoço, um lanche ou um jantar com alguém que há muito não vejo.
“Aquele que possui bens, que utilize o necessário para comer e vestir; o resto, entregue-o ao irmão necessitado, por quem Cristo morreu”.
Santo Antônio de Pádua