Um tesouro no céu – Marcos 10,17-27
3 de março de 2014Lectionautas na diocese de Palmeira dos Índios (AL)
4 de março de 2014“Pedro começou a dizer-lhe: ‘Eis que nós deixamos tudo e te seguimos’. Jesus declarou: ‘Em verdade vos digo que não há quem tenha deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras por minha causa e por causa do Evangelho, que não receba cem vezes mais desde agora, neste tempo, casas, irmãos e irmãs, mãe e filhos e terras, com perseguições; e no mundo futuro, a vida eterna. Muitos dos primeiros serão últimos, e os últimos serão primeiros”.
As atitudes de Pedro, seu modo de agir e falar, são, muitas vezes, nossas atitudes, nosso modo de agir e falar.
Todos estavam espantados com as palavras que Jesus acabara de pronunciar, de como era difícil um rico entrar no paraíso. Como diz a nota na Bíblia de Jerusalém: “Riqueza e prosperidade eram tidos, nos livros sapienciais, como sinais da bênção divina”. Ora, mais uma vez Jesus subverte valores. Deixa claro que para quem tem riquezas é mais difícil, porém Ele enfatiza, de maneira genérica, que é muito difícil entrar no Reino de Deus.
Nós olhamos muito as aparências, conceitos pré-determinados, regras de causa e efeito, se fizermos isto conseguimos aquilo, temos muita dificuldade em sermos gratuitos, em entregar alguma coisa de graça e, neste contexto, Pedro faz a pergunta que é de todos nós. Na verdade nem chega a ser uma pergunta, pois Jesus não o deixa completar. O texto traz apenas a lamúria, que antecipa a pergunta que viria depois: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos”.
A pergunta seria qual? Qual seria a nossa pergunta? Ou melhor, diante desta dificuldade enorme de entrar no Reino de Deus, qual é a nossa pergunta agora?
A resposta de Jesus é fantástica, qualquer coisa que deixarmos por causa dele e do Evangelho receberemos cem vezes mais aqui, agora, nesta vida e, como prêmio máximo, a vida eterna no mundo futuro. Cem vezes mais! É fantástico! Nem o maior conhecedor da bolsa de valores arriscaria a dar uma resposta parecida para uma aplicação financeira. Ele diria, com certeza, que o risco faz parte do negócio e o rendimento poderia não se realizar, mas Jesus dá certeza, não há risco, apenas acrescenta um detalhe: “com perseguições”.
Jesus é autêntico. Não quer nos enganar e, por isso, sua promessa é ainda mais confiável. Ele não pretende nos iludir prometendo “um mar de rosas”.
Este detalhe mexe conosco e, embora queiramos esquecê-lo, não há como deixar de fazer o questionamento mais óbvio: Se eu não estou sendo ou nunca fui perseguido significa que não estou vivendo para Jesus e para o Evangelho?
Como diz o dito popular: Rapadura é doce mas não é mole não!
Para nossa sorte nós temos um acalento. Algo que torna esta missão possível. Jesus continua conosco. As dificuldades, as perseguições estão aí e terão que ser vividas, mas Jesus caminha conosco para nos ajudar a enfrentá-las.
Não posso deixar de lembrar da passagem da traição de Pedro, narrada por Lucas: “e o Senhor, voltando-se, fixou o olhar em Pedro. Pedro então lembrou-se da palavra que o Senhor lhe dissera: ‘Antes que o galo cante hoje, tu me terás negado três vezes”. E saindo para fora, chorou amargamente.” (Lc 22, 61-62)
Esse mesmo olhar está colocado sobre nós. Um olhar que conhece nossas fraquezas e nossos limites, mas que continuará nos animando sempre a permanecermos fiéis, pois nada que deixarmos para trás se compara ao que receberemos.
Que possamos abrir nossos corações e nos questionar: Qual é meu compromisso com os valores do Evangelho? Até onde estou disposto a defendê-los? O que tenho deixado para trás para vivê-los? Quando percebo situações que são contrárias aos valores do evangelho, ao amor, a fraternidade universal, a promoção do bem comum, qual é a minha atitude?
Que o Espírito Santo nos ilumine, nos dê força e sabedoria para sermos perseverantes na vivência e no anúncio do Evangelho. Amém!
João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte – MG