“O seu amor por nós é forte, e a sua fidelidade dura para sempre.”
25 de agosto de 2019“Faze com que saibamos como são poucos os dias da nossa vida para que tenhamos um coração sábio.”
8 de setembro de 2019Espírito Santo, unge-me neste encontro com a Palavra. Espírito Santo, faze-me testemunha do poder da Palavra. Espírito Santo, instrui-me através da Palavra Espírito Santo, leva-me a viver e a anunciar a Palavra junto com meus irmãos. Amém.
Humildade e hospitalidade 1Num sábado, Jesus entrou na casa de certo líder fariseu para tomar uma refeição. E as pessoas que estavam ali olhavam para Jesus com muita atenção. 7Certa vez Jesus estava reparando como os convidados escolhiam os melhores lugares à mesa. Então fez esta comparação: 8 — Quando alguém convidá-lo para uma festa de casamento, não sente no melhor lugar. Porque pode ser que alguém mais importante tenha sido convidado. 9Então quem convidou você e o outro poderá dizer a você: “Dê esse lugar para este aqui.” Aí você ficará envergonhado e terá de sentar-se no último lugar. 10Pelo contrário, quando você for convidado, sente-se no último lugar. Assim quem o convidou vai dizer a você: “Meu amigo, venha sentar-se aqui num lugar melhor.” E isso será uma grande honra para você diante de todos os convidados. 11Porque quem se engrandece será humilhado, mas quem se humilha será engrandecido. 12Depois Jesus disse ao homem que o havia convidado: — Quando você der um almoço ou um jantar, não convide os seus amigos, nem os seus irmãos, nem os seus parentes, nem os seus vizinhos ricos. Porque certamente eles também o convidarão e assim pagarão a gentileza que você fez. 13Mas, quando você der uma festa, convide os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos 14e você será abençoado. Pois eles não poderão pagar o que você fez, mas Deus lhe pagará no dia em que as pessoas que fazem o bem ressuscitarem.
Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. Em que dia e quem convida Jesus a tomar uma refeição?
2. Que atitude Jesus observa nos demais convidados?
3. A quem Jesus se dirige com a primeira parábola e que mensagem lhes deixa?
4. A segunda parábola é dirigida às mesmas pessoas e transmite a mesma mensagem, ou destinatários e mensagens são diferentes?
Algumas pistas para compreender o texto:
*Mons. Damian Nannini (Dom Damián Nannini é bispo da Diocese de San Miguel (Argentina); licenciado em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma.)
Jesus prossegue seu caminho em direção à Jerusalém e aproveita toda ocasião para ensinar a seus discípulos. Neste caso, a circunstância é uma refeição na casa de um dos chefes dos fariseus. Estes olham para Jesus com desconfiança, mas ele também observa o comportamento deles e percebe como escolhem os primeiros lugares à mesa. Esta observação lhe oferece a oportunidade para contar duas parábolas, no sentido amplo de relato em linguagem figurada ou indireta.
A primeira é dirigida a todos os convidados. Nela, sugere que é mais prudente não escolher os primeiros e melhores lugares, mas sim colocar-se nos últimos.
Não se trata apenas de uma lição de comportamento na sociedade. Antes, é uma maneira gráfica de descrever o princípio evangélico com que encerra a primeira parábola: “Porque quem se engrandece será humilhado, mas quem se humilha será engrandecido” (14.11). O ensinamento de Jesus é que todo verdadeiro discípulo deve seguir o caminho da humildade. De fato, o discípulo deve espelhar, com sua vida, os ensinamentos do Mestre. Um autêntico discípulo de Jesus não pode estar lutando pelos primeiros lugares como costumavam fazer os escribas e os fariseus. Mais adiante, Jesus já condenará diretamente esta atitude arrivista pedindo a seus discípulos que se previnam contra ela: “Cuidado com os mestres da Lei, que gostam de usar capas compridas e de ser cumprimentados com respeito nas praças. Eles escolhem os lugares de honra nas sinagogas e os melhores lugares nos banquetes” (Lc 20.46).
A segunda parábola já não se dirige aos convidados, mas àquele que convida, ao anfitrião, e o que diz é algo desconcertante. Contudo, devemos levar em conta que a ênfase recai na recompensa e na motivação das boas obras que fazemos. Com efeito, “por meio desta parábola, o Senhor ensina a seus discípulos que devem ser desinteressados e que jamais devem fazer o bem com o olhar voltado para a retribuição que esperam receber. Quem reparte o que é seu sem buscar recompensa neste mundo, vai recebê-la das mãos de Deus, que é infinitamente generoso” (L. Rivas). Portanto, também o que convida deve optar pela humildade e pela generosidade abnegada, em seu caso, fazendo-se amigo dos pobres e esperando a recompensa somente de Deus.
Com o evangelho deste domingo, começam as particularizações sobre a porta estreita que nos permite entrar no discipulado de Jesus. No entanto, hoje se nos diz que esta porta, além de estreita, é baixa, e por ela só entrarão os pequenos, os humildes. Os que se julgam grandes não podem entrar por ela. Ao contrário, irão pela porta larga e espaçosa que leva à perdição (cf. Mt 7,14-15).
Podemos dizer, pois, que a primeira condição para ser discípulo de Cristo é a humildade. É paradoxal que esta virtude tão fundamental, porquanto é o humo da vida cristã, seja tão pouco bem compreendida e vivida.
Este paradoxo, no entanto, tem sua razão de ser. Trata-se de uma virtude, de certo modo, exclusivamente cristã ou religiosa, visto que é a consciência da própria realidade à luz de Deus. É o olhar sobre si mesmo a partir do olhar de Deus.
É importante tomar consciência de que todos gostamos de ser reconhecidos; que consciente ou inconscientemente, aspiramos aos primeiros lugares. O grande problema é que a honra e o poder exercem em nós um efeito semelhante ao das drogas: afastam-nos da realidade. Assim, evadimo-nos do que verdadeiramente somos e valemos, pois nosso verdadeiro valor e nossa realidade profunda e autêntica é o que somos diante de Deus. Por isso, a humildade mantém-nos na realidade. Isto implica não negar tudo o que de bom e valioso possuímos, mas referi-lo sempre à sua origem e fonte: Deus. São Paulo no-lo ensina com clareza: “Quem é que fez você superior aos outros? Por acaso não foi Deus quem lhe deu tudo o que você tem? Então por que é que você fica todo orgulhoso como se o que você tem não fosse dado por Deus?” (1Cor 4.7).
A segunda parábola de hoje, por sua vez, deve ajudar-nos a purificar nossas motivações na hora de fazermos as obras de misericórdia. Jesus convida-nos a ajudar os que não podem retribuir-nos o favor, ou seja, a sermos desinteressados e a esperar a recompensa somente de Deus.
Finalizemos indicando a conexão entre os dois temas principais das parábolas: a humildade e o serviço desinteressado. Somente o humilde, o que não se busca a si mesmo, tem lugar em seu coração para amar e servir desinteressadamente ao necessitado. Não faz as obras de misericórdia para aparecer, mas por compaixão e com o coração cheio da recompensa que o próprio Senhor lhe deu e que quer partilhar com os outros.
Por fim, como diz o Papa Francisco: “Peçamos à Virgem Maria que nos conduza todos os dias pelo caminho da humildade, ela que foi humilde durante a sua vida inteira, e que nos torne capazes de fazer gestos gratuitos de acolhimento e de solidariedade a favor dos marginalizados, para nos tornarmos dignos da recompensa divina” (Angelus, 28 de agosto de 2016).
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Olho para mim mesmo e me valorizo com os olhos de Deus, ou com meus próprios olhos e com os dos demais?
2. Reconheço todo o bem que Deus me concedeu e lhe agradeço por isso?
3. Busco os primeiros lugares, ou espero que me coloquem onde me corresponde?
4. Com quem sou solidário: somente com meus amigos e conhecidos?
5. Sou generoso com os que não poderão retribuir-me?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por tua humildade.
Obrigado porque me ensinas com o exemplo.
Dá-me um coração de discípulo, ou seja, humilde e simples.
Que não busque os primeiros lugares nem queira aparecer.
Que o serviço e os gestos sejam sinceros, sem aplausos ou retribuições.
Não desejo outra recompensa senão partilhar
com meus irmãos teu projeto gratuito e solidário, que nos envolve a todos.
Amém.
“Jesus, dá-me um coração humilde”.
Durante esta semana, partilharei minha alimentação com algum pobre que encontro frequentemente. “Humildade é andar em verdade”. Santa Teresa de Ávila