Sl 40.1 “Esperei com paciência pela ajuda de Deus, o Senhor. Ele me escutou e ouviu o meu pedido de socorro”.
19 de janeiro de 2020“Quem é esse Rei da glória? É Deus, o Senhor Todo-Poderoso; ele é o Rei da glória”.
2 de fevereiro de 2020PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, vem e ilumina-me neste encontro com a Palavra.
Espírito Santo, vem e toca meu coração
para que eu possa receber o evangelho.
Espírito Santo, vem e leva-me a viver a Boa-Nova.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Mt 4.12-23
Jesus começa o seu trabalho na Galileia
Marcos 1.14-15; Lucas 4.14-15
12Quando Jesus soube que João tinha sido preso, foi para a região da Galileia. 13Não ficou em Nazaré, mas foi morar na cidade de Cafarnaum, na beira do lago da Galileia, nas regiões de Zebulom e Naftali. 14Isso aconteceu para se cumprir o que o profeta Isaías tinha dito:
12“Terra de Zebulom e terra de Naftali,
na direção do mar,
do outro lado do rio Jordão,
Galileia, onde moram os pagãos!
16O povo que vive na escuridão
verá uma forte luz!
E a luz brilhará sobre os que vivem
na região escura da morte!”
17Daí em diante Jesus começou a anunciar a sua mensagem. Ele dizia:
— Arrependam-se dos seus pecados porque o Reino do Céu está perto!
Jesus chama quatro pescadores
Marcos 1.16-20; Lucas 5.1-11
18Jesus estava andando pela beira do lago da Galileia quando viu dois irmãos que eram pescadores: Simão, também chamado de Pedro, e André. Eles estavam no lago, pescando com redes. 19Jesus lhes disse:
— Venham comigo, que eu ensinarei vocês a pescar gente.
20Então eles largaram logo as redes e foram com Jesus.
21Um pouco mais adiante Jesus viu outros dois irmãos, Tiago e João, filhos de Zebedeu. Eles estavam no barco junto com o pai, consertando as redes. Jesus chamou os dois, 22e, no mesmo instante, eles deixaram o pai e o barco e foram com ele.
Jesus ensina e cura muita gente
Lucas 6.17-19
23Jesus andou por toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, anunciando a boa notícia do Reino e curando as enfermidades e as doenças graves do povo.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. Que faz Jesus quando fica sabendo da morte de João Batista?
2. Aonde Jesus foi viver e que profecia se cumpriu nele?
3. O que Jesus começa a proclamar a partir desse momento?
4. O que faz Jesus enquanto percorre toda a Galileia?
ü Algumas pistas para compreender o texto:
Mons. Damian Nannini[1]
O evangelho de hoje começa indicando-nos que, depois da prisão de João Batista, Jesus transfere-se de Nazaré para a Galileia, estabelecendo-se nos confins de Zebulom e Neftali. Com esta indicação geográfica se indica, em primeiro lugar, o fim da missão do Batista e, portanto, a culminância de uma etapa da história da salvação com o surgimento de algo novo que começará com a pregação e a ação de Jesus. Esta novidade, porém, não é absoluta, porquanto em seguida, Mateus diz-nos que com este deslocamento, Jesus está cumprindo o que foi anunciado pelo profeta Isaías 9.1-2. Equivale a dizer que a promessa de uma presença luminosa de Deus nesta região que trará a libertação e a alegria se cumpre na pessoa de Jesus. Ele é apresentado por Mateus como a “forte luz” para os que se achavam na obscuridade e nas trevas; e mediante esta mudança de lugar se está cumprindo o plano de Deus.
Em seguida, Jesus dedica suas primeiras palavras ao anúncio (kerygma) da vinda do Reino: “Daí em diante Jesus começou a anunciar a sua mensagem. Ele dizia: ‘— Arrependam-se dos seus pecados porque o Reino do Céu está perto!’” (Mt 4.17). O kerygma em Mt se expressa com um imperativo: “arrependam-se” (metanoeite), ao qual se segue, como motivação, a proximidade do Reino do Céu. É a mesma pregação de João Batista (cf. Mt 3.2), mas estamos já em uma etapa diferente.
O termo “arrependimento” ou “conversão” (metanoia) é um conceito que sintetiza tudo quanto Jesus quer do ser humano, resume tudo o que deve acontecer na pessoa humana a respeito do Reino que está próximo. Em definitivo, significaria o que Jesus exige, que, segundo Mateus, é o seguimento.
Logo em seguida vem a criação do discipulado (Mt 4.18-22), com o qual se indica que a chegada do Reino é essencialmente comunitária, ou seja, o Reino está ligado a um povo concreto, a quem está destinado e que é chamado a aceitá-lo e torná-lo visível. Por conseguinte, o Reino de Deus é a comunhão com Deus na comunidade dos seres humanos que se uniram a Jesus. A primeira ação de Jesus depois de anunciar o Reino é configurar a comunidade de seus discípulos.
Os elementos constitutivos do chamado formam um esquema que se pode resumir da seguinte maneira: 1) a circunstância do chamado, 2) o chamado, 3) o seguimento.
A situação ou a circunstância do chamado (4.18,21a) é junto ao lago da Galileia enquanto os apóstolos estavam realizando sua tarefa habitual, visto que eram pescadores.
O chamado (4.19,21b) por parte de Jesus inclui o “ver” e as palavras: “Venham comigo, que eu ensinarei vocês a pescar gente”. O ver de Jesus é “eletivo”, é o Messias que vê. As palavras não são um convite, mas um pedido incondicional, uma vez que Jesus faz valer sua vontade e autoridade como se estivesse no lugar de Deus.
A modalidade do chamado é uma palavra pessoal de Jesus, e o conteúdo dela é uma ordem para segui-lo, para vincular-se à sua Pessoa, dado que lhes diz “venham comigo”, sem outra explicação senão um difuso horizonte missionário: “…que eu ensinarei vocês a pescar gente”.
O seguimento (akolouzeo) é a resposta dos discípulos (4.20,22), a qual nos surpreende por sua prontidão e nos recorda a de Abraão (cf. Gn 12.1-4). Também aqui se acentua o caráter pessoal, visto que o evangelho diz que “foram com ele”. Prévio ao seguimento, houve um gesto forte de desprendimento, pois deixaram o que tinham entre as mãos: as redes, a barca, o pai.
Em síntese, Mt 4.18-22 apresenta-nos o modelo de resposta ao anúncio do Reino por parte de Jesus.
O versículo final (4.23), além de ser um “sumário” da atividade de Jesus, conclui a seção a modo de inclusão, pois retoma o tema do Reino do Céu presente em 4.17. A atividade de Jesus se sintetiza com três verbos: ensinar (didásko), proclamar (kerisso) o evangelho do Reino e curar (zerapeuo) enfermidade e doenças.
As curas que Jesus realiza são sinais visíveis da chegada deste Reinado de Deus que implica a supressão do mal que afeta as pessoas humanas.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
A imagem da LUZ é forte neste domingo. Há uma luz que se oculta, a de João Batista, que é, antes, a testemunha da Luz (Jo 1.7-8). Este ocultamento da testemunha é o sinal para que a verdadeira Luz se manifeste. Jesus é a LUZ de Deus em pessoa e, por isso, ilumina principalmente pelo que ele é, o Filho de Deus Por isso, onde ele se faz presente, dissipam-se as trevas e desaparece a escuridão. Tudo se transforma, tudo se ilumina. De modo especial, Jesus ilumina-nos com suas palavras e com suas ações, ou seja, com a Luz da Verdade e da Caridade. Trata-se de uma luz que brota do amor, por isso é uma Luz cálida, que ilumina e enamora, que convida à renúncia e ao seguimento. Que pede deixar qualquer outra luz para deixar-se guiar somente pela Luz de sua presença. Ao colocar-nos a caminho, no seguimento de Jesus e na obediência à sua Palavra, esvanecem-se todas as nossas trevas, e nos invade sua Luz.
Por ser Luz de amor, Luz de fogo, acende outras luzes para que iluminem por sua vez. Não uma, mas muitas, em dupla, para que ardam juntas, e a luz da caridade se difunda. Cristo é a luz das nações e a Igreja é como a lua, sem luz própria, chamada a refletir a luz do Sol, de Cristo (“Conscientes do amplo horizonte que a fé lhes abria, os cristãos chamaram a Cristo o verdadeiro Sol, ‘cujos raios dão a vida’” – Lumen Fidei nº 1).
Jesus torna presente o Reino de Deus, o Reino da Luz. Aproxima-o de nós, a ponto de poder iluminar toda a nossa existência… se lho permitimos, se não o rechaçamos, se nos deixamos iluminar. “A fé sabe que Deus Se tornou muito próximo de nós, que Cristo nos foi oferecido como grande dom que nos transforma interiormente, que habita em nós, e assim nos dá a luz que ilumina a origem e o fim da vida, o arco inteiro do percurso humano” (LF nº 20).
Nossa resposta a esta inciativa amorosa do Senhor é, em primeiro lugar, deixar-nos iluminar por sua LUZ a ponto de tornar-nos “luminosos”; então, sim, nos tornaremos testemunhas de sua LUZ diante do mundo, chegando até às periferias onde impera a escuridão. Neste domingo da Palavra de Deus, o Papa Francisco pede-nos: “Nós, cristãos de hoje, temos a alegria de proclamar e testemunhar a nossa fé porque houve aquele primeiro anúncio, porque houve aqueles homens humildes e corajosos que responderam generosamente à chamada de Jesus. Nas margens do lago, numa terra inimaginável, nasceu a primeira comunidade dos discípulos de Cristo. A consciência destes primórdios suscite em nós o desejo de levar a palavra, o amor e a ternura de Jesus a todos os contextos, inclusive ao mais inacessível e relutante. Levar a Palavra a todas as periferias! Todos os espaços de vivência humana são terreno no qual lançar a semente do Evangelho, a fim de que traga frutos de salvação.
“A Virgem Maria nos ajude com a sua intercessão materna a responder com alegria à chamada de Jesus, a colocar-nos ao serviço do Reino de Deus” (Angelus, 22 de janeiro de 2017).
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Existem zonas ou lugares de minha vida que continuam na escuridão?
2. Deixo que Jesus seja a LUZ que dissipa todas as minhas trevas?
3. Ouvi o chamado do Senhor para segui-lo aonde quer que me conduza?
4. Que resposta estou dando hoje ao Senhor que me chama?
5. Animo-me a aproximar-me das periferias das pessoas para levar-lhes a LUZ de Cristo?
3. ORAÇÃO O que respondo ao Senhor que me fala no texto? |
Obrigado, Jesus, por seres Luz de luz.
Obrigado por me chamares uma vez mais.
Faze com que eu saiba revelar-te minhas obscuridades,
tudo aquilo que se me torna turvo ou que não seja claro.
Ilumina minha noite, fazendo-me experimentar que, se estás,
tudo fica diferente.
Que tua Palavra me acompanhe sempre
para chegar a todas as periferias:
as minhas e as de meus irmãos.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
Jesus, que eu saiba inflamar-me com tua Luz, a fim de chegar a todos.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, proponho-me deixar-me iluminar pela Palavra de Deus e identificarei qual é minha periferia para chegar até ela e anunciar a luz que Jesus nos traz.
“Um cristão fiel, iluminado pelos raios da graças assim como um cristal, deverá iluminar os outros com suas palavras e ações, com a luz do bom exemplo”.
Santo Antônio de Pádua
Dom Damián Nannini é bispo da Diocese de San Miguel (Argentina); licenciado em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma.