“A voz do Senhor é cheia de poder e majestade”.
12 de janeiro de 2020“O Senhor me livra de todo perigo; não ficarei com medo de ninguém”.
26 de janeiro de 2020
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, vem e ilumina-me neste encontro com a Palavra.
Espírito Santo, vem e toca meu coração
para que eu possa receber o evangelho.
Espírito Santo, vem e leva-me a viver a Boa-Nova.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Jo 1.29-34
O Cordeiro de Deus
29No dia seguinte, João viu Jesus vindo na direção dele e disse:
— Aí está o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! 30Eu estava falando a respeito dele quando disse: “Depois de mim vem um homem que é mais importante do que eu, pois antes de eu nascer ele já existia.” 31Eu mesmo não sabia quem ele era, mas vim, batizando com água para que o povo de Israel saiba quem ele é.
32João continuou:
— Eu vi o Espírito descer do céu como uma pomba e parar sobre ele. 33Eu não sabia quem ele era, mas Deus, que me mandou batizar com água, me disse: “Você vai ver o Espírito descer e parar sobre um homem. Esse é quem batiza com o Espírito Santo.” 34E eu vi isso e por esse motivo tenho declarado que ele é o Filho de Deus.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. O que João Batista diz sobre Jesus e por quê?
2. Que relação tem a missão de João Batista com a de Jesus?
3. Que testemunho João Batista dá a respeito de Jesus?
4. Quem envia João Batista a batizar e dar testemunho de Jesus?
ü Algumas pistas para compreender o texto:
Mons. Damian Nannini[1]
Este texto faz parte do primeiro quadro ou seção (Jo 1.19-34) que se segue ao prólogo de João (Jo1.1-18), onde já se fez referência ao testemunho de João Batista, sem que se ofereçam detalhes (Jo 1.6,15). Podemos dizer que o conteúdo do testemunho do Batista é duplo. De um lado, é “negativo”, porquanto diz que ele não é a Luz, nem o Cristo, nem Elias, nem o Profeta. De outro, é “positivo” em referência à pessoa de Jesus (e é o texto que lemos hoje), visto que o proclama como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (v. 29), o preexistente (v. 30), aquele sobre quem desceu o Espírito (v. 32) como cumprimento de uma promessa divina (v. 33a); aquele que batiza com Espírito Santo (v. 33b), e é o Filho de Deus (v. 34).
O título de “Cordeiro de Deus” aplicado a Jesus é exclusivo do evangelho de João, e sua origem é algo misterioso. Com muita probabilidade, é preciso considerá-lo como uma referência ao cordeiro pascal, pois em Jo 19,36, diante de Jesus crucificado, repete-se esta comparação quando se diz que não lhe quebrarão nenhum osso (cf. Êx 12.46). Dever-se-iam considerar também certas referências ao sacrifício de Isaac (Gn 22) e ao Servo Sofredor (Is 53), que os rabinos já vinculavam ao cordeiro pascal.
No que se segue (1.31-33), João Batista recorda e retoma seu testemunho anterior e, diante do fato do batismo de Jesus (que o evangelista supõe conhecido e não narra), adquire um conhecimento mais profundo e verdadeiro de Jesus.
Como bem observam G. Zevini – P. G. Cabra: “Seu testemunho expressa-se com três frases de vigorosa teologia: Jesus é ‘o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo’ (v. 29); o Espírito desce sobre ele e permanece de forma estável (v. 33); Jesus é o escolhido de Deus, ou seja, o ‘Filho de Deus’ (v. 34). São três afirmações ligadas entre si, que desvelam a ideia que João tem a respeito do Messias. As três imagens encontram correspondência parcial nos cantos do ‘Servo de YHWH’ e o porquê da escolha deles como primeira leitura”.
O ápice do testemunho de João Batista se fundamenta no que viu (no batismo de Jesus) e é a confissão de Jesus como Filho de Deus: “E eu vi isso e por esse motivo tenho declarado que ele é o Filho de Deus” (v. 34). Com o pano de fundo do prólogo do evangelho, este título supera sua referência ao Messias para elevá-lo ao nível teológico de Jesus como Filho Único e Preexistente de Deus. E, de fato, esta é a finalidade com que se escreveu o evangelho de João: “Mas estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Messias, o Filho de Deus. E para que, crendo, tenham vida por meio dele” (Jo 20.31).
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
O evangelho de hoje quer revelar-nos a identidade de Jesus segundo o testemunho ou olhar de João Batista, que o confessa como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo; e como Filho único e preexistente de Deus.
É interessante que, ao começar o Tempo Comum, seja-nos apresentada a identidade profunda de Jesus: quem é ele e qual é sua missão?
De início, é preciso reconhecer que, efetivamente, nesta vida, jamais chegaremos a conhecer plenamente o Senhor; por isso, seria uma atitude incorreta e infecunda pensar que alguém já sabe tudo a respeito dele. Demais, devemos levar em conta que a realidade do conhecimento na Bíblia não se reduz ao intelectual, às ideias, mas que implica comunhão, intimidade, experiência.
A partir deste pressuposto, podemos receber o testemunho de João Batista, particularmente a imagem de Jesus como “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. O cordeiro é o símbolo do ser inocente, que não pode fazer mal a ninguém, mas apenar receber o mal, especialmente se levarmos em conta o contexto do Antigo Testamento, que fala do Servo “calado como um cordeiro que vai ser morto” (Is 53.7) e que “estava sofrendo por causa dos nossos pecados, estava sendo castigado por causa das nossas maldades. Nós somos curados pelo castigo que ele sofreu, somos sarados pelos ferimentos que ele recebeu” (Is 53.5). É claro que Jesus é inocente, é o Filho de Deus e nele não há pecado; contudo, assume o pecado do mundo para eliminá-lo.
O “pecado do mundo” é mais amplo e profundo do que os pecados pessoais que cometemos individualmente, cada um de nós, pessoas humanas. É todo o mal que aprisiona as pessoas neste mundo, é o mal que reina neste mundo. Com bem diz R. Cantalamessa: “Jesus tomou sobre si todo o orgulho humano, com toda a rebelião contra Deus, com toda a luxúria, com toda a hipocrisia com toda a injustiça, com toda a violência, com toda a mentira, com todo o ódio…”.
Esta foi sua missão; para isto veio ao mundo. A imagem do Cordeiro ajuda-nos a unir a encarnação com a paixão, como o faziam os Padres da Igreja, quando diziam que “Cristo nasceu para morrer”. Como disse muito bem o Papa Francisco: “Ele veio para isto: para perdoar, para instaurar a paz no mundo, mas primeiro no coração. Talvez cada um de nós tenha um tormento no coração, uma escuridão do próprio coração; talvez se sinta um pouco triste por uma culpa… Ele veio para tirar tudo isto, Ele dá-nos a paz, Ele perdoa tudo. ‘Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado’: tira o pecado com a raiz e tudo! Esta é a salvação de Jesus, com o seu amor e a sua mansidão. E sentindo o que diz João Baptista, que dá testemunho de Jesus como Salvador, devemos crescer na confiança em Jesus” (Homilia do dia 19 de janeiro de 2014).
O Papa Francisco também nos diz que esta cena do evangelho “é determinante para nossa fé para a nossa fé; e é crucial também para a missão da Igreja. A Igreja, em todas as épocas, é chamada a fazer aquilo que fez João Batista, indicar Jesus ao povo dizendo: ‘Eis o Cordeiro de Deus, Aquele que tira o pecado do mundo!’. Ele é o único Salvador! Ele é o Senhor, humilde, no meio dos pecadores, mas é Ele, Ele: não é outro, poderoso, que vem; não, não, é Ele!” (Angelus do dia 15 de janeiro de 2017).
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Já experimentei o perdão total de Deus que Jesus oferece?
2. Senti alguma vez que o Senhor me tirava os pecados e me renovava?
3. Apresento-me sempre como um pecador perdoado?
4. Que testemunho dou de Jesus aos demais?
5. Aprendi a afastar-me do centro para ceder lugar a Jesus em meu apostolado?
3. ORAÇÃO O que respondo ao Senhor que me fala no texto? |
Obrigado, Jesus, por nos mostrares quem és.
Obrigado, uma vez mais, por João Batista.
Faze com que eu possa experimentar teu perdão, tua ternura.
Que não me julgue o centro de tudo,
mas que me afaste para ceder o lugar a ti.
Que minhas palavras e meus gestos
sejam sinal claro de tua obra em mim.
Amém.
.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
Jesus, Cordeiro de Deus, que minha vida seja sempre sinal de teu perdão.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, proponho-me ceder lugar em ações concretas para que Jesus seja o centro: no supermercado, durante o período de férias, com os amigos…
“Se os pecados estão apagados, tirados e mortos,
qual é a causa por que inimigos tão fracos e vencidos
vencem você e o fazem desesperar?”
São João d’Ávila
[1] Dom Damián Nannini é bispo da Diocese de San Miguel (Argentina); licenciado em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma.