Fazer amigos (Lc16,1-8)
4 de novembro de 2016Perdão e Fé
7 de novembro de 2016“Por isso eu digo a vocês: usem as riquezas deste mundo para conseguir amigos a fim de que, quando as riquezas faltarem, eles recebam vocês no lar eterno. Quem é fiel nas coisas pequenas também será nas grandes; e quem é desonesto nas coisas pequenas também será nas grandes. Pois, se vocês não forem honestos com as riquezas deste mundo, quem vai pôr vocês para tomar conta das riquezas verdadeiras? E, se não forem honestos com o que é dos outros, quem lhes dará o que é de vocês?
– Um escravo não pode servir a dois donos ao mesmo tempo, pois vai rejeitar um e preferir o outro; ou será fiel a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e também servir ao dinheiro.
Os fariseus ouviram isso e zombaram de Jesus porque amavam o dinheiro. Então Jesus disse a eles:
– Para as pessoas vocês parecem bons, mas Deus conhece o coração de vocês. Pois aquilo que as pessoas acham que vale muito não vale nada para Deus.”
Na oração de hoje, vamos pedir ao Pai a graça de colocar nosso coração no fundamental e viver a partir daí.
Jesus ensina sob vários aspectos a partir de onde viver a relação com os bens. “Usem as riquezas deste mundo para conseguir amigos a fim de que, quando as riquezas faltarem, eles recebam vocês no lar eterno.” Que amigos são esses que estarão no lar eterno e nele nos receberão? Em algumas passagens Jesus nos deu o tom: “Não é toda pessoa que me chama ´Senhor, Senhor´ que entrará no Reino do céu, mas somente quem faz a vontade do meu Pai, que está no céu.” (Mt 7,21) “Muitos que agora são os últimos serão os primeiros.” (Mt 19,30) “As prostitutas e os cobradores de impostos estão entrando no Reino de Deus antes de vocês. (…) Eles creram.” (Mt 21, 31-32) O que Jesus nos está dizendo então? Para usar as riquezas deste mundo, os nossos bens, em prol destes que acolhem o Reino. Temos bens reconhecidos e necessários aqui. Cada um de nós pode fazer uma lista deles: bens materiais, estudo, títulos, cargos, experiência profissional, contatos (networking), talentos, capacidades físicas, tempo etc. Quantas pessoas, a partir do contato conosco conectadas por um destes bens, podem descobrir seu valor, experimentar algo essencial na vida e abraçar a Vida plena! A riqueza não é má em si. Não é má nem boa. Jesus nos alerta desde o primeiro versículo a pensar que uso fazemos dela, como enfocar o mistério da iniquidade (as oportunidades com as quais já nascemos e tantos não têm) em prol do Reino.
A partir daí vem a reflexão sobre a fidelidade no pequeno, desde as pequenas coisas deste mundo. Jesus a conclui com o seguinte: “Se não forem honestos com o que é dos outros, quem lhes dará o que é de vocês?” O que parece um detalhe faz toda a diferença e dá sentido ao que ele está dizendo. “É dos outros”. Os santos já diziam: “Se eu tenho duas túnicas e meu irmão está passando frio, a segunda não é minha, pertence a ele.” Esta radicalidade vem nos mostrar que o que temos nos foi dado para o bem de todos. Como o empregamos para este coletivo? A fidelidade no pequeno dirá, pois ela conta desde dentro, desde a intenção. É a consciência no uso de cada coisa, mesmo do tempo, que precisamos pedir.
Afinal, a que sirvo? Esta é a questão central à qual a reflexão de Jesus neste Evangelho nos leva. Não dá para servir a dois senhores, não dá para conciliar. Tudo o que eu faço o faço a partir do Senhor da minha vida. Quem é ele? Quem rege minhas buscas, minhas escolhas, meu querer, minhas ações? Qual é a Força que polariza todas as minhas forças em prol dela? Para que eu trabalho? Para que eu estudo? Para que me esforço? Com o que sonho? São questões para nos fazer e pedir a luz de Deus sobre elas.
Os fariseus pareciam muito corretos aos olhos de todos, pareciam pessoas de Deus. Mas, segundo o Evangelho, quem eles amavam era o dinheiro. A fidelidade se joga no coração. E Deus o conhece.
Peçamos a Ele, então, a graça de um coração unido a Ele e voltado para o seu querer. Um coração como o de Jesus: para o Reino de Deus e para o Deus do Reino.
Tania Pulier, comunicadora social, membro da Família Missionária Verbum Dei e da pré-CVX Cardoner