30 de abril – Quinta-feira da 3ª Semana da Páscoa  

Texto Bíblico: Jo 6,44-51: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrai”.

1.Leitura: o que o texto diz?

Faça uma leitura atenta do evangelho de hoje, localizado em Jo 6,44-51. Continuamos lendo o discurso de Jesus sobre o Pão do céu. O texto caminha numa crescente, cujo objetivo é fomentar nos ouvintes um desejo ardente de experimentar o Pão anunciado por Jesus. Uma primeira informação importante para a teologia joanina é de que tudo se trata de uma profunda atração de Deus aos seus. É Ele quem primeiro nos atrai. A condição indispensável para tornar-se discípulo de Cristo é ser atraído pelo Pai. Porém, essa atração reverbera em nossa vida somente se escutarmos a voz do Pai, seu chamado e suas orientações, cujo fim é o Verbo encarnado. Outro dado relevante é a compreensão de fé presente no quarto evangelho: “Quem crê, possui a vida eterna”. A fé não é fechar-se em um conjunto de normas e rubricas absolutizadas, mas adesão ao plano salvífico do Pai, manifestado no Filho pela força do Espírito Santo. Ao trilhar este caminho, o interlocutor experimentará uma contraposição essencial com a geração saída do Egito. Eles comeram o maná, mas morreram. A finalidade desse alimento era apenas sustentar durante a travessia do deserto. Agora, um novo alimento nos é dado e com uma finalidade diferente. Este alimento é o pão descido do céu, quem dele comer não morrerá. Este pão é a carne de Cristo para a vida do mundo.

2.Meditação: o que o texto me diz?

Faça uma segunda leitura atenta do texto bíblico. Imagine-se na cena, ouvindo Jesus falar desse Pão da vida. Como isso te afeta? Nesses tempos de igrejas “fechadas”, fieis sem poderem comungar das espécies eucarísticas, como esse discurso te toca? Preste atenção nas palavras que mais mexem com você. Quais sentimentos elas proporcionam? O texto nos diz que escutar o Pai é uma condição indispensável para tornar-se discípulo de Jesus, por isso é essencial interrogar-se sobre a forma como você tem escutado a Deus nesses tempos difíceis. Mergulhe nesse evangelho a partir das palavras mais intensas para você. Faça um momento de oração silenciosa, repetindo-as interiormente.

3.Oração: o que o texto me faz dizer?

Tendo sido alcançado pelas palavras de Jesus nesse evangelho, agora é momento de fazer o caminho oposto, levar suas palavras ao coração do Pai. Apresente ao Senhor seus anseios e saudades presentes em seu interior. É o momento de abrir-se ao Deus que toca o mais profundo do nosso ser. Corresponda ao movimento criado no seu interior por meio deste evangelho. Independente dos sentimentos surgidos, confiança, memórias, alegria, dúvida. Mergulhe a partir daquilo que a oração foi suscitando. Deixe Deus afetar a verdade guardada em seu interior.

4.Contemplação

Um dado muito relevante nos é apresentado pelo evangelho de hoje: É o Pai que nos atrai ao Filho. Muitas vezes achamos que somos os primeiros agentes de nossa busca pelo Cristo, mas na verdade já se trata de um momento secundário. No fundo, a Escritura quer nos dizer que, em primeiro lugar, o Pai nos alcança com seu amor. Ele nos amou por primeiro. Nessa perspectiva, contemple-se alcançado por um Deus imenso, cujo amor foi comprovado na cruz e no sepulcro vazio. Nesse tempo pascal, sinta-se afetado pela força do amor ressuscitante do Senhor em sua vida.

5.Ação

Faça do dia de hoje um tempo especial para a escuta de Deus. Já que o evangelho caminha nesta direção, ouça a voz do Pai, cuja força releva o Filho Amado, Senhor Ressuscitado, capaz de levar vida verdadeira mesmo em tempos de desesperança e crise.

Pe. Márcio Santos, INJ

*Membro do Instituto Religioso Nova Jerusalém. Vigário da Paróquia São Paulo Apóstolo em Mossoró-RN, Brasil. Mestre em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE). Leciona na Faculdade Católica do Rio Grande do Norte.