Mateus 16,24-28
8 de agosto de 2014Mateus 17,22-27
11 de agosto de 2014PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Vem, Espírito Santo!
Abre-me o ouvido do coração para que perceba tuas mais íntimas sugestões,
aquelas que me ditas no oculto do meu interior,
e faze com que as acolha com obediência amorosa,
para que seja meu gozo e minha alegria seguir em tudo tua vontade.
Que não eu não invente o caminho pelo qual hei de seguir,
mas que me acompanhe a certeza de que obedeço ao que procede de ti.
Tu sempre me deixas conhecê-lo pela paz interior, unida a essa obediência.
Ángel Moreno, Buenafuente del Sistal[1]
TEXTO BÍBLICO: Mateus 14.22-33
Jesus anda em cima da água
Marcos 6.45-52; João 6.15-21.
22Logo depois, Jesus ordenou aos discípulos que subissem no barco e fossem na frente para o lado oeste do lago, enquanto ele mandava o povo embora. 23Depois de mandar o povo embora, Jesus subiu um monte a fim de orar sozinho. Quando chegou a noite, ele estava ali, sozinho. 24Naquele momento o barco já estava no meio do lago. E as ondas batiam com força no barco porque o vento soprava contra ele. 25Já de madrugada, entre as três e as seis horas, Jesus foi até lá, andando em cima da água. 26Quando os discípulos viram Jesus andando em cima da água, ficaram apavorados e exclamaram:
— É um fantasma!
E gritaram de medo. 27Nesse instante Jesus disse:
— Coragem! Sou eu! Não tenham medo!
28Então Pedro disse:
— Se é o senhor mesmo, mande que eu vá andando em cima da água até onde o senhor está.
29— Venha! — respondeu Jesus.
Pedro saiu do barco e começou a andar em cima da água, em direção a Jesus. 30Porém, quando sentiu a força do vento, ficou com medo e começou a afundar. Então gritou:
— Socorro, Senhor!
31Imediatamente Jesus estendeu a mão, segurou Pedro e disse:
— Como é pequena a sua fé! Por que você duvidou?
32Então os dois subiram no barco, e o vento se acalmou. 33E os discípulos adoraram Jesus, dizendo:
— De fato, o senhor é o Filho de Deus!
1. LEITURA
Que diz o texto?
Padre Daniel Kerber
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
Que fez Jesus ao ficar sozinho? Por que os discípulos julgaram que Jesus era um fantasma? O que Jesus lhes disse? Como Pedro desafiou a Jesus? Que aconteceu quando Pedro sentiu a força do vento? Que disseram os outros discípulos que estavam no barco?
Algumas considerações para uma leitura proveitosa…
Este evangelho continua o texto do domingo passado. Jesus, que havia procurado a solidão depois da morte de João Batista (14.13), finalmente a encontra, reza sozinho durante a noite e, em seguida, alcança os discípulos, caminhando sobre as águas.
Podemos distinguir três partes no texto: na primeira, Jesus manda seus discípulos atravessar o lago, enquanto ele permanece sozinho a rezar; na segunda, caminha sobre o lago até o barco (vv. 22-25). Depois, Mateus apresenta-nos o diálogo de Jesus com seus discípulos, especialmente com Pedro (vv. 26-31). Na terceira, é-nos mostrada a reação dos discípulos, que confessam Jesus como Filho de Deus (v. 32).
Com frequência, vemos que neste texto se dá importância ao caminhar de Jesus sobre a água, ou à pouca fé de Pedro. Ambas as realidades estão presentes, mas poucas vezes se faz alusão a Jesus que passa a noite em oração, sozinho com Deus (v. 23). As três menções do tempo (vv. 15,23,25) destacam também a ampla extensão da oração de Jesus.
Durante a madrugada, Jesus aproxima-se dos discípulos, caminhando sobre a água; eles se assuntam pensando estar vendo um fantasma (v. 25s); Jesus acalma-os e convida-os a não temer, como o fará repetidamente no evangelho (cf. 8.26; 10.28,31; 17.7; 28.5,10).
Pedro apresenta-se com certa dúvida: “Se é o senhor mesmo…” e, em seguida, põe-se a andar sobre a água. Frequentemente, lembramos a pouca fé de Pedro, mas não levamos em conta estes passos que Pedro deu rumo ao Senhor, caminhando sobre a água. Quantas vezes se nos mostra mais fácil ver as quedas, os erros, do que os passos, às vezes heroicos, que nossos irmãos dão no seguimento do Senhor!
Há um detalhe no texto que nos permite compreender, de algum modo, por que Pedro começa a afundar-se. O v. 30 diz: “Porém, quando sentiu a força do vento…”. Pareceria que não o havia notado antes… O texto insinua que Pedro tinha os olhos fixos em Jesus e, assim, caminhava sobre a água; contudo, ao perceber a força do vento…, ou seja, ao tirar os olhos de Jesus, começa a submergir-se. Quando Pedro começa a imergir-se, não interpela o Senhor com dúvida, como havia feito antes: “Se é o senhor mesmo…”, mas com confiança, urgentemente lhe pedindo auxílio: “Socorro, Senhor!” Parece que o começar a afundar-se tirou-lhe as dúvidas e lhe deu um impulso de fé!
Finalmente, ao subir para o barco, o vento acalma-se; os discípulos prostram-se e reconhecem Jesus como Filho de Deus. Na tradição do Antigo Testamento, quem acalma o mar é Deus (cf. Sl 89,9; 107,29); ao acalmar o mar com sua presença, Jesus dá a seus discípulos outro indício a respeito de sua identidade, e estes a reconhecem adorando-o.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
O Papa Bento XVI, no dia 7 de agosto de 2001, fez uma meditação a respeito deste texto do evangelho; deixemo-nos guiar por ele…
“Santo Agostinho, imaginando que se dirigia ao apóstolo, comenta: o Senhor ‘humilhou-se e pegou-te pela mão. Unicamente com as tuas forças, não consegues levantar-te. Segura na mão daquele que desce até ti’, e diz isto não apenas a Pedro, mas di-lo também a nós. Pedro caminha sobre as águas não pelas suas próprias forças, mas pela graça divina, na qual crê, e quando se sente dominado pela dúvida, quando deixa de fixar o olhar em Jesus e tem medo do vento, quando não confia plenamente na palavra do Mestre, quer dizer que, interiormente, se está a afastar dele, e é então que corre o risco de afundar no mar da vida, e é assim também para nós: se olharmos unicamente para nós mesmos, tornamo-nos dependentes dos ventos e já não conseguimos atravessar as tempestades, as águas da vida!
Caros amigos, a experiência do profeta Elias, que ouviu a passagem de Deus, e a dificuldade da fé do apóstolo Pedro levam-nos a compreender que o Senhor, ainda antes que o procuremos ou invoquemos, é ele mesmo que vem ao nosso encontro, abaixa o céu para nos estender a sua mão e nos elevar à sua altura; ele espera unicamente que nos confiemos de maneira total a ele, que seguremos realmente a sua mão. [2]
Agora perguntemo-nos:
Você sente a mão de Jesus que o apoia nas dificuldades da vida? Já tentou caminhar sem Jesus e, no final, findou por dizer: “Senhor, salva-me”? Você se prepara na oração com Jesus, para enfrentar os ventos fortes da vida?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Sou teu, Senhor. Quero que minha vida esteja em ti.
Quero cumprir a vontade do Pai.
Dá-me a força para deixar de lado este mundo e
permitir que dirijas o mais infinito do meu ser.
Ajuda-me a agir segundo teus desejos.
Fortalece-me contra as distrações do mundo que tentam afastar-me de tua obra.
Quando estou preocupado, é porque coloquei minha atenção fora de ti
e coloquei-a sobre mim.
Ajuda-me a não entregar-me às insinuações de outros
que tentam mudar o que em meu coração estás a aconselhar-me com clareza.
Louvo-te, adoro-te e amo-te. Vem e vive já em mim.
P. Benjamín González Buelta sj.[3]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Filho de Deus,
queremos sempre estar sob teu olhar,
porque, apesar dos problemas e necessidades,
estenderás o braço ao nosso grito de auxílio.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Não há vida cristã sem encontro com o Senhor, sem oração. Buscarei, a cada dia, um tempo de oração no qual falarei a Deus a respeito de uma pessoa da família ou de um amigo; em seguida, procurarei a oportunidade de falar com ele ou com ela, e dizer-lhe como é bom colocar toda a confiança em Jesus.
“Não te afastes daquele que te fez,
nem mesmo para te encontrares a ti.”
Santo Agostinho
[2] http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/angelus/2011/documents/hf_ben-xvi_ang_20110807_sp.html
[3] Jesuita español, ha sido maestro de novicios y provincial en República Dominicana y provincial en Cuba; ha escrito numerosos libros de espiritualidad entre ellos “Bajar al encuentro con Dios”, “Salmos para sentir y gustar internamente”.