A fé e suas consequências (Mt 16, 13-23)
7 de agosto de 2014“Mostra-nos, ó Senhor Deus, o teu amor e dá-nos a tua salvação”
10 de agosto de 2014Leitura
“Naquele tempo, Jesus disse aos discípulos: ‘Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la. De fato, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro mas perder a sua vida? O que poderá alguém dar em troca de sua vida? Porque o Filho do Homem virá na glória do seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com a sua conduta. Em verdade vos digo: Alguns daqueles que estão aqui não morrerão antes de verem o Filho do Homem vindo com o seu Reino'”.
Oração
No evangelho de hoje, Jesus condiciona o seguimento a duas posturas: renunciar-se e tomar a própria cruz. Se Jesus espera que eu percorra o caminho, por que não faz uma proposta mais tentadora, menos dura?
Jesus, com suas condições, lembra-me de dois movimentos que o seguimento requer. Como numa viagem, algumas coisas devem ser deixadas e outras precisam ser levadas. Minhas vontades às vezes são egoístas, mesquinhas e imediatistas. Meu desejo é evitar toda crítica, decepção, frustração, dor e sensação ruim. A dica de Jesus para a viagem com Ele é não incluir na bagagem tantos planos meus, tantas exigências e garantias, e colocar no plano de viagem o enfrentamento inevitável de imprevistos, de pneu furado, de chuva forte, de estrada com buracos.
Para nos convencer de que a viagem vale a pena mesmo assim, Ele diz algo muito sério: Ele diz que só essa viagem vale a pena. Ganhar o mundo e encontrar a vida são destinos de duas viagens opostas. Também na vida é assim: se viajamos com a mala cheia, o mais provável é que percamos algo pelo caminho, além de não repararmos tanto nas paisagens que nos rodeiam; se vamos de malas vazias, então não nos cansamos tanto, temos mais disposição para os arredores e podemos colocar na bagagem aquilo de precioso que se encontra pelo caminho.
Essa conversa de Jesus começa com um “se”. “Se alguém quer me seguir…” Para segui-Lo, só há uma alternativa; mas há a alternativa de não O seguir. Às vezes, minha oração é dúbia: digo que quero segui-Lo, mas Lhe digo que não quero esvaziar a mala nem dirigir por estrada de terra. A oração sincera nos guie a dizer o que realmente queremos. Mais: que nossa oração nos ajude a esvaziar a mala, olhar com alegria para a estrada esburacada e percorrê-la com Ele, encontrando a vida pelo caminho, mesmo sem ganhar o mundo.
João Gustavo Henriques de Morais Fonseca, graduando em Direito na UFMG. Fraternidade Missionária Verbum Dei.