O sinal
20 de julho de 2015O sepulcro vazio
22 de julho de 2015Leitura: Mateus 12, 46-50
Naquele tempo, enquanto Jesus estava falando às multidões, sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. Alguém disse a Jesus: “Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar contigo”. Jesus perguntou àquele que tinha falado: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: “Eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.
Oração: Meu irmão, minha irmã e minha mãe são muitos
Em uma leitura rasa desse trecho do evangelho de Mateus, pode-se sugerir que Jesus foi indelicado, ou tenha falado com algum desprezo, quando lhe mencionaram a chegada de sua mãe e seus irmãos (primos ou outros parentes, tendo em vista o dogma da virgindade perpétua de Maria e o fato de que o termo “irmãos” pode se confundir com a designação de outros parentes em outras línguas, como o grego, o aramaico ou o hebraico). A intenção de Jesus não é a de ser ríspido, mas ensinar que o parentesco espiritual supera o parentesco familiar, aquele “de sangue”, diante do juízo de Deus.
Jesus não limita sua família, de forma quantitativa ou qualitativa. Ao contrário, ele a expande, quando diz que qualquer um que fizer a vontade do Pai do Céu é seu parente próximo. Estende a mão para apontar-nos os discípulos, irmãos dele, já que decidiram seguir-lhe na oração e na vida dedicada à caridade, tornando-se seus imitadores na realização da vontade do Pai.
A mensagem de Jesus é especial para aqueles que se fecham na família e esquecem do restante do mundo. Vivem um egoísmo familiar, quando nada mais importa, senão o bem estar, a boa convivência, a saúde física e financeira daqueles parentes “de sangue”. A preocupação com o restante do mundo não passa de algo secundário, existente apenas quando obtemos alguma sobra da dedicação à família. Não raro conhecemos pessoas assim, ou é possível que nós mesmos nos reconheçamos dessa forma. Jesus nos vem dizer hoje para também expandirmos a abrangência da nossa família. Vem nos dizer para enxergarmos como nossos irmãos e mães todos aqueles que caminham conosco na vontade de Deus. Nunca nos ensina a excluir, mas sempre a agregar, no desejo de que todos caminhemos unidos, em fraternidade, com a mesma proposta de vida em santidade.
Jesus sempre lembra a necessidade de renunciarmos, pois a renúncia é condição necessária para seu seguimento (Lucas 14, 26). Mas também não é uma renúncia que signifique exclusão, mas despojamento, desapego às coisas materiais e às relações humanas excludentes. É uma renúncia que visa agregar relações, na intenção de enxergar tudo aquilo que pertence a Deus. Nisso, Jesus também nos diz para renunciarmos ao egoísmo familiar, a fim de preocuparmo-nos com toda a família de Deus, especialmente os pequeninos, os de maior necessidade e sofrimento. Ele nos mostra que não adianta tentarmos segui-lo se nos fecharmos em nosso núcleo familiar e esquecermos do restante do mundo.
Rezemos hoje para que a família de Deus cresça a cada dia, por meio da Palavra de Jesus semeada em todos os povos. O amor seja o sinal daqueles que decidiram viver a vontade do Pai do Céu, buscando alcançar a paz eterna.
Marcelo Camargos. Acadêmico de medicina na UFMG. Família Missionária Verbum Dei de Belo Horizonte.