“Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles?”
24 de fevereiro de 2023“…o Espírito conduziu Jesus ao deserto, para ser tentado…”
26 de fevereiro de 202325 de fevereiro de 2023
Sábado depois das Cinzas
Lc 5,27-32
“Levi preparou em casa um grande banquete para Jesus” (Lc 5,29).
Neste sábado, como temos feito todos os dias, preparemo-nos para nossa Leitura Orante, com uma prece à Ruah Divina. Podemos rezar como o salmista: “Ensinai-me os vossos caminhos e na vossa verdade andarei” (Sl 85 (86), 11a),
Hoje, nosso encontro com a Palavra, se dará a partir do Evangelho Segundo Lucas, capítulo 5, versículos 27 a 32.
1. Leitura – O que o texto diz?
Leiamos o texto de Lc 5,27-32 com bastante atenção até que ele se torne parte de nós, até que sejamos capazes de recontá-lo.
A narrativa de hoje é sobre um encontro que revolucionou a vida de um homem que trabalhava na coletoria de impostos. Levi estava em seu posto de trabalho quando foi visto e convidado por Jesus a segui-lo. O versículo 28 concentra a resposta de Levi diante daquele convite: “Levi deixou tudo, levantou-se e o seguiu”.
Os versículos seguintes anunciam os próximos passos daquele novo discípulo. Levi preparou um grande banquete para Jesus, no qual estavam presentes, além de Jesus e de seus discípulos muitos cobradores de impostos e outras pessoas, das quais o texto não oferece nenhuma informação ou elemento que as identifique. Tudo o que sabemos é que aquela reunião em torno da mesa “deu o que falar”.
No versículo 30, novos personagens entram em cena: os fariseus e seus mestres da Lei, que inoportunamente questionavam os discípulos de Jesus, perguntando-lhes por que comiam e bebiam com cobradores de impostos e pecadores. Ora, já sabemos que os cobradores de impostos não gozavam de boa reputação na época de Jesus, mas a designação “pecadores” só aparece agora, na murmuração dos fariseus e de seus mestres da Lei. Até então, nos alegrávamos com um grupo de pessoas que celebrava.
Embora a pergunta (provocação) dos fariseus e de seus mestres da Lei tenha sido dirigida aos discípulos de Jesus, é Jesus que toma a palavra e lhes responde, primeiro com um adágio: “Os que são sadios não precisam de médico, mas sim os que estão doentes” (v. 31); depois, falando especificamente sobre a maneira que caracterizava seu proceder: “Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores para a conversão” (v. 32).
2. Meditação – O que o texto me diz?
Na meditação, saboreamos as palavras e os acontecimentos que chamaram nossa atenção na leitura, aqueles que vêm de encontro à realidade que experimentamos e através dos quais podemos compreender melhor o mundo e a nós próprios.
No encontro com o evangelho de hoje, muitas coisas podem ter nos tocado de modo particular:
– o chamado ao seguimento, o convite inesperado dirigido àquele cobrador de impostos;
– sua tomada de decisão tão imediata;
– o banquete preparado para o novo amigo;
– a celebração do encontro na refeição compartilhada por aquele grupo;
– os olhares observadores, curiosos e intrusos;
– os observadores apressados em murmurar;
– a palavra intrusa, sincera e precisa de Jesus, revelando seu modo de proceder e sua missão.
Que significado e que lição as palavras de sabedoria dirigidas por Jesus aos fariseus e seus mestres da Lei trazem a nós, leitores e leitoras do Evangelho, hoje? O que sentimos e o que aprendemos com essa narrativa? De que forma essa narrativa muda nossa maneira de olhar a nós próprios, nossos irmãos e irmãs e o mundo?
3. Oração – O que o texto me leva a dizer a Deus?
No evangelho de hoje, Levi preparou, em sua casa, um grande banquete para Jesus. Essa atitude nos ajuda a compreender o seguimento a Jesus – e mesmo a conversão – na perspectiva da experiência do encontro, da celebração, da partilha, de uma amizade aberta, capaz de acolher a tantas outras pessoas. Jesus é Mestre, mas também é Amigo e Companheiro.
Na oração, podemos disfrutar de sua companhia, podemos confidenciar-lhe segredos, falar-lhe sobre nosso dia, sobre nossas questões, dificuldades, compartilhar alegrias, deixar que outras pessoas participem dessa conversa…
Este é o momento do banquete, da festa, da celebração do encontro e da amizade.
4. Contemplação – O que o texto faz em mim?
Os fariseus e seus mestres da Lei do evangelho de hoje receberam um ensinamento de Jesus. No silêncio da contemplação, permitamos que Deus nos ajude a compreender a pessoa de Jesus, seu jeito de viver, seu amor gratuito, sua preferência por chamar os pecadores. Que, no silêncio desta contemplação, a Ruah Divina nos ajude a ter e a viver o mesmo sentimento de Cristo (Fl 2,5).
5. Ação – O que o texto – e este encontro – me solicita a agir?
Depois de todo o caminho realizado nesta Leitura Orante, pensemos qual deverá ser o gesto com o qual responderemos à palavra que nos foi dirigida e peçamos a Deus força e sabedoria para concretizá-lo.
Concluamos nossa Leitura Orante agradecendo ao Pai pela vida e a missão de Jesus, que não veio para chamar os justos, mas os pecadores, e a Jesus, por seu amor gratuito, sua presença em nossas vidas e amizade.
*Maria Nivaneide de Abreu Lima é leiga católica. Mestra em Teologia pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e assessora do Centro de Estudos Bíblicos (CEBI).