Domingo, dia 26 de fevereiro de 2023. 1º domingo da Quaresma. Mt 4,1-11.

A Leitura Orante de hoje, primeiro domingo da quaresma está em Mt 4,1-11.

Iniciemos nos preparando para entrar em clima de oração.

Procure, se possível, um lugar mais calmo da casa. Pegue sua bíblia e ache o trecho a ler utilizado. Faça um minuto de preparação. Feche os olhos e respire fundo algumas vezes. Ao respirar preste atenção no ar que inspira, no ar que entra nos pulmões. Ele é vida, dom de Deus.

Agora continue respirando fundo, e preste atenção nos batimentos do seu coração. É sangue que flui em seu corpo. Mantenha uns segundos concentrados nesses batimentos. Assim que se sentir relaxado/a abra os olhos.

Faça a saudação à Trindade Santa. Em nome do Pai, Filho, Espírito Santo. Cante um canto ou oração invocando o Espírito Santo.

Introdução

A Quaresma se iniciou, e hoje temos o primeiro dos cinco domingos em que a vivemos. Quaresma é tempo especial que o discípulo deve se voltar à conversão, maior proximidade de Deus, mudança de vida. É tempo de oração, jejum, penitência.

O texto de hoje fala de algo que se adequa a um tempo de conversão: a tentação. Ela é experiência de todo ser humano, e exige uma resposta não só de Jesus, mas de todos os que o seguem.

Ressalte-se que, em Mateus, os fatos narrados no texto estão situados antes de Jesus iniciar sua missão, e logo após o seu batismo por João.

Leitura: o que o texto diz.

A leitura é momento importante da Lectio Divina. Nela entramos em contato com o texto, observamos detalhes, falas e diálogos, pensamentos e conflitos, reações e ações dos personagens, etc.

Para isso realizamos mais de uma leitura do texto. Sugerimos ao menos duas leituras. Uma em voz alta, e outra silenciosa. Mas, se julgar necessário, poderá realizar três ou mais leituras. O objetivo é conhecermos o que o texto diz.

Primeira Leitura: Mt 4,1-11. Ler em voz alta, de forma pausada.

Segunda leitura: Leia novamente o texto, devagar, silenciosamente. Observe os personagens, o que cada personagem diz nos diálogos, locais e detalhes do texto.

Meditação: o que o texto me diz.

Nessa segunda etapa da Lectio Divina o objetivo é identificar o que o texto falou a você, o que ele lhe diz. Há muitos modos de tentarmos perceber o que o texto me diz. Posso ter algo nele que mais me chamou a atenção, que me falou de modo mais profundo. Pode ser uma frase, um comportamento, uma palavra, uma ação, etc.

Posso também indagar o texto de modo a dialogar com ele, para que nesse diálogo possa perceber melhor o que me falou no todo, ou em alguma parte do texto.

Nesse caso já poderia interrogar: qual o motivo pelo qual Mateus colocou essa tentação de Jesus após o batismo e antes do início de sua missão?

O deserto aparece como local onde Jesus foi conduzido pelo Espírito para ser tentado. Mas Israel também foi conduzido por Deus para o deserto, e lá o povo foi tentado. Isso me diz algo?

Jesus jejuou no deserto. Quarenta dias e quarenta noites. Israel ficou quarenta anos no deserto. Isso me diz algo? Isso dia algo sobre o que chamamos de quaresma (quarenta dias)? Jesus sentiu fome, ao fim do jejum. O jejum de Jesus nesse tempo e no deserto me diz algo? O tentador conhece Jesus, e a ele se refere como sendo “o Filho de Deus”. E lança um desafio tentador a Jesus. Isto me diz algo?

A resposta de Jesus ao primeiro desafio tentador com um trecho do livro do Deuteronômio (Dt 8,3) que se refere a Israel no deserto. Isto me diz algo?

O segundo local da tentação é a cidade de Jerusalém. Cidade Santa, mas também onde ocorre tentação. No local mais alto do Templo Jesus é levado para ser tentado. Isto me diz algo? Novamente o tentador chama Jesus de “Filho de Deus” e lança um desafio, de jogar-se dali. Para isto o tentador cita um trecho das Escrituras (Sl 91,7s). Isto me diz algo? Hoje há tentadores que usam trechos das Escrituras? Isto me diz algo?

Jesus responde a este segundo desafio tentador citando novamente o Deuteronômio que diz que só a Deus se deve temer e servir. Será que isto me diz algo hoje?

Por último Jesus é levado a uma montanha alta para que o tentador lhe mostrasse todas as riquezas do mundo. Lhe foram oferecidas essas riquezas contanto que se prostrasse diante do tentador, e o adorasse. Isto me diz algo?

Jesus responde mandando que o tentador fosse embora. E cita novamente o Deuteronômio, com texto em que diz que só se deve adorar a Deus e só a ele prestar culto. Isto me diz algo?

Contemplação: o que o texto me faz experienciar, sentir.

O momento de contemplação é um tempo de silêncio em que se busca interiorizar a experiência da leitura e meditação, deixando-se levar pela experiência. É momento de se sentir essa experiência. Deus pode nos falar através de muitas formas. Falar em nossos sentimentos, nossas lembranças, nossa consciência, memória. O texto pode nos proporcionar esse momento onde Ele nos fala em nossa intimidade, nos dando uma imagem, uma emoção, uma lembrança, etc.

Deixe-se silenciar. Pode ser que o Espírito Santo aja através desse texto em seu ser.

Oração: o que eu respondo e falo a Deus.

O texto já nos falou através da leitura, meditação, contemplação. Agora é o momento de responder a Deus.

Fale a Ele de coração aberto, com intimidade, como se fala com um amigo. Não tenha receio de falar o que lhe vai ao coração, seja uma dúvida, medo, confiança, etc. Louve, agradeça, peça. Diga o que desejar.

Ação: o que o texto solicita a me comprometer, a agir.

A fé cristã não é uma filosofia abstrata. Ela nasce do concreto da experiência do povo de Deus na sua relação com deus, com outros povos, e consigo mesmo. Ela está intimamente relacionada à vida, aos compromissos e atitudes concretas.

É o momento de verificar se o texto me solicita algo de concreto em minha vida de fé, minha vida pessoal, familiar, de trabalho, na sociedade. O que este texto me solicita no agir de minha vida?

Marco Antonio Tourinho, é leigo do INJ, mestre em Teologia pela FAJE, atua há anos na formação bíblica.