É meu irmão (Mateus 5,38-42)
16 de junho de 2014PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Vem, Espírito Santo!
Dá-me inteligência para entender,
capacidade para conservar,
método e habilidade para aprender,
sutileza para interpretar,
graça e eficácia para falar.
Dá-me disposição para começar,
rumo para prosseguir
e perfeição para concluir.
Amém.
Cardeal Verdier
TEXTO BÍBLICO: Jo 3.16-18
O amor que Deus tem pelo mundo
16Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna.17Pois Deus mandou o seu Filho para salvar o mundo e não para julgá-lo.
18— Aquele que crê no Filho não é julgado; mas quem não crê já está julgado porque não crê no Filho único de Deus.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Padre Daniel Kerber
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
Por que Deus deu ao mundo seu Filho único? Para que Deus enviou seu Filho ao mundo? Aquele que crê no Filho de Deus está condenado?
Algumas considerações para uma leitura proveitosa…
Depois de celebrar a Páscoa e Pentecostes, a Igreja convida-nos a adentrar-nos no mistério que celebramos: o Pai enviou seu Filho, que se fez carne por nós; foi crucificado, morreu e ressuscitou, e nos envia seu Espírito. Em definitivo, nossa fé é uma fé trinitária. Cremos em um só Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo.
Embora o ensinamento sobre a Trindade tenha seu fundamento na Bíblia (confira-se a fórmula trinitária em 2Cor 13.13, na segunda leitura), a palavra Trindade – ou o ensinamento de um só Deus em três pessoas – é fruto da reflexão e da oração na tradição posterior da Igreja.
O texto que a liturgia nos propõe hoje faz parte do diálogo de Jesus com Nicodemos, que marca a dinâmica de todo o agir de Deus: “Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna”.
Estas palavras comentam o versículo anterior (3.15), onde se apresenta o Filho do homem “levantado”, que no Evangelho de João significa tanto “crucificado” (levantado na cruz), quanto exaltado.
O desígnio de Deus apresenta-se como um plano gratuito no qual nos “dá” seu Filho. Este “dar” (literalmente, “entregar”) significa tanto o envio ao mundo quanto sua entrega até à morte, um dom de amor que não reserva nada para si. Este dom de Deus, porém, pede ser recebido pelo homem. Esta acolhida é a fé: “Todo aquele que nele crê…”, e o fruto deste dom de Deus acolhido na fé é a vida: “…tenha vida eterna”.
Deus amou o mundo, que aqui representa toda a família humana, e o dom do filho é um dom de salvação: “Pois Deus mandou o seu Filho para salvar o mundo e não para julgá-lo”. A humanidade, com seu pecado, havia erguido uma barreira que a distanciava de Deus; e estar longe de Deus, que é a vida, é estar na morte. Esta barreira e esta morte são destruídas pela entrega do Filho; assim, somos salvos e entramos para a comunhão de vida que o Pai nos dá no Filho, pelo Espírito Santo.
Se a humanidade permanece na escuridão da descrença, incorre no juízo, na condenação, porque a salvação nos chega pela fé.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
O Santo João Paulo II escreveu em seu papado a Carta Apostólica “Novo Millennio ineunte” (No começo do novo milênio) e apresentou-a no dia 6 de janeiro do ano 2000. Aqui, dois apartes que nos levam a meditar elementos que surgem na celebração da Festa da Santíssima Trindade.
O primeiro elemento que destacamos é a Santidade:
“A redescoberta da Igreja como « mistério », ou seja, como « um povo unido pela unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo »,15 não podia deixar de implicar um reencontro com a sua « santidade », entendida no seu sentido fundamental de pertença Àquele que é o Santo por antonomásia, o « três vezes Santo » (cf. Is 6.3). Professar a Igreja como santa significa apontar o seu rosto de Esposa de Cristo, que a amou entregando-Se por ela precisamente para a santificar (cf. Ef 5.25-26). Este dom de santidade, por assim dizer, objetiva é oferecido a cada batizado.
Mas, o dom gera, por sua vez, um dever, que há de moldar a existência cristã inteira: « Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação » (1 Ts 4.3). É um compromisso que diz respeito não apenas a alguns, mas « os cristãos de qualquer estado ou ordem são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade ».[1]
Um segundo elemento é a Comunidade:
“Espiritualidade da comunhão significa em primeiro lugar ter o olhar do coração voltado para o mistério da Trindade, que habita em nós e cuja luz há de ser percebida também no rosto dos irmãos que estão ao nosso redor. Espiritualidade da comunhão significa também a capacidade de sentir o irmão de fé na unidade profunda do Corpo místico, isto é, como « um que faz parte de mim », para saber partilhar as suas alegrias e os seus sofrimentos, para intuir os seus anseios e dar remédio às suas necessidades, para oferecer-lhe uma verdadeira e profunda amizade. Espiritualidade da comunhão é ainda a capacidade de ver antes de mais nada o que há de positivo no outro, para acolhê-lo e valorizá-lo como dom de Deus: um « dom para mim », como o é para o irmão que diretamente o recebeu. Por fim, espiritualidade da comunhão é saber « criar espaço » para o irmão, levando « os fardos uns dos outros » (Gl 6.2) e rejeitando as tentações egoístas que sempre nos insidiam e geram competição, arrivismo, suspeitas, ciúmes. Não haja ilusões! Sem esta caminhada espiritual, de pouco servirão os instrumentos exteriores da comunhão. Revelar-se-iam mais como estruturas sem alma, máscaras de comunhão, do que como vias para a sua expressão e crescimento.”[2]
Agora perguntemo-nos:
Reconheço aquele que é três vezes Santo? Caminho na Santidade que me foi entregue no dia de meu batismo? Uno-me na oração pela unidade da Igreja? Contribuo na vida da comunidade a que pertenço?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Glória e louvor a ti, Santíssima Trindade,
único e eterno Deus!
A ti, Pai onipotente,
origem do cosmo e do homem,
por Cristo, aquele que vive,
Senhor do tempo e da história,
no Espírito que santifica o universo,
louvor, honra e glória,
agora e pelos séculos dos séculos. Amém.
São João Paulo II
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Pai, Filho e Espírito Santo… três pessoas que me amam, um só Deus a quem adoro,
ajudem-me a crescer na fé para entender este magnífico mistério.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Minha família é reflexo da Santíssima Trindade. Prestarei atenção a esta semelhança de amor e de comunidade, fazendo, em um momento oportuno, uma oração para que seja Deus quem reine em meio a nós.
“Quem quer que esteja unido a uma destas Três Pessoas, por este mesmo fato está unida a toda a Santíssima Trindade, porque sua unidade é indivisível”.
Santa Faustina