Festa da Santíssima Trindade
15 de junho de 2014Assim se tornarão filhos (Mateus 5, 43-48)
17 de junho de 2014“Vocês ouviram o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente!’ Eu, porém, lhes digo: não se vinguem de quem fez o mal a vocês. Pelo contrário: se alguém lhe dá um tapa na face direita, ofereça também a esquerda!
Se alguém faz um processo para tomar de você a túnica, deixe também o manto! Se alguém obriga você a andar um quilômetro, caminhe dois quilômetros com ele.
Dê a quem lhe pedir, e não vire as costas a quem lhe pedir emprestado.”
Este trecho do Evangelho de Mateus inicia-se com Jesus citando a Lei do Talião. Na época em que ela foi criada, o objetivo era reduzir a violência. Ela colocava uma medida para a vingança e assim colocava o freio da razão em algo desmedidamente passional, e por isso sem fim. Introduzia um certo sentido de “justiça”. E ainda hoje, esta frase e outras como “chumbo trocado não doi” são parâmetros que regem as ações de várias pessoas.
Porém, aos seus discípulos – a nós – Jesus convida a outro norte: “Eu, porém, lhes digo: não se vinguem de quem fez o mal a vocês. Pelo contrário: se alguém lhe dá um tapa na face direita, ofereça também a esquerda!” Ele não abole a Lei, mas vai muito além dela, porque o que rege agora não são os cálculos de uma justiça racional, mas o amor, que ultrapassa qualquer limites, que nos leva a fazer da própria vida oferenda pela vida do irmão, como fez Jesus. O chamado é a resistir ao mal com o bem, à agressividade com o amor, à violência com a doação, à desmedida da ofensa com a desmesura do perdão.
Difícil? Não. Impossível! “Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível.” (Mc 10, 27) Cada um de nós sabe por experiência a ferida que a ofensa gera em si, a dor da humilhação e talvez até da própria violência física. Não se discute aqui não procurar a justiça humana para os casos em que se faça necessário. Mas é outra coisa o que este Evangelho nos quer falar. Ele nos coloca numa dependência da relação com Deus para dar passos no amor verdadeiro, na caridade, em criar o Reino. E não é exatamente desta relação que nosso coração tem sede? Ao chamar-nos a viver o que Ele viveu com relação aos irmãos, Jesus nos convida também a entrar na mesma relação de filiação que Ele viveu com o Pai, na amorosa dependência filial que faz experimentar: “O Pai ama o Filho, e entregou tudo em sua mão.” (Jo 3,35)
E, a partir dela, podemos ir além na entrega, na generosidade e no caminho feito com o irmão e para ele: “Se alguém faz um processo para tomar de você a túnica, deixe também o manto! Se alguém obriga você a andar um quilômetro, caminhe dois quilômetros com ele.”
Deixar que venham rostos concretos na nossa oração. Senhor, quem são estes que, de forma boa ou não, estão me pedindo (obrigando) a dar passos? Quem são estes que encontro no dia a dia, cuja fome e sede material e/ou espiritual obrigam-me?
Que o Senhor nos ensine a trocar o peso que o outro às vezes representa para nós pela fraternidade de saber-nos suporte do irmão, com a força do Pai.
Tania Pulier, comunicadora social – Palavra Acesa Editora – Família Missionária Verbum Dei e pré-CVX Cardoner