Num sábado, Jesus estava passando através de plantações de trigo. Seus discípulos arrancavam e comiam as espigas, debulhando-as com as mãos. Então alguns fariseus disseram: ‘Por que fazeis o que não é permitido em dia de sábado?’ Jesus respondeu-lhes:

‘Acaso vós não lestes o que Davi e seus companheiros fizeram, quando estavam sentindo fome? Davi entrou na casa de Deus, pegou dos pães oferecidos a Deus e os comeu, e ainda por cima os deu a seus companheiros. No entanto, só os sacerdotes podem comer desses pães.’
E Jesus acrescentou: ‘O Filho do Homem é senhor também do sábado.’

Para refletir… 

A forma como Jesus arremata o diálogo com os fariseus fornece-nos a altura de Jesus na história da salvação, pois, embora não venha para mudar a lei, cumpre-a e coloca-a no lugar certo, pois Ele está acima da legalidade de seu tempo. O que é maior dentro de mim? O legalismo, o moralismo, o cumprimento das formas? Ou Jesus faz com que eu me preocupe menos com as embalagens e com as aparências e dê lugar preponderante ao amor e à compaixão?

A alusão de Jesus à ação de Davi fala-nos, também, de uma ordem de prioridades e de uma lógica que Jesus nos trouxe: se Ele está em cada um que está com fome, doente, preso e sem roupa (Mt 25, 36), então nossa maior oferta a Deus sempre passará pelo homem. Antes se ofertavam pães a Deus, bem como outros frutos do trabalho do homem. Jesus, relembrando Davi, diz-nos da afronta de ofertar a Deus qualquer coisa de que os irmãos estão carentes; quando Ele se diz presente no próximo, é para que nossa oferta chegue a Deus sempre pelo ser humano.

Eu consigo ver Deus no próximo? Eu vejo que Deus o ama como a mim? Eu tento inutilmente fazer chegar a Deus alguma oferta que não beneficie o próximo ou mesmo o prejudique? Ou já consigo ver que a única fome de Deus é ver, em nós, crescer o amor, que Ele recebe quando saciamos a humanidade?

João Gustavo Henriques de Morais Fonseca, graduando em Direito, UFMG – Família Missionária Verbum Dei