“Ele ajuda os que estão em dificuldade e levanta os que caem”.
3 de novembro de 2019“Cantem com alegria diante do Senhor porque ele vem governar a terra!”
17 de novembro de 2019
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, ensina-me a escutar,
a refletir a Palavra no encontro cotidiano,
a fecundar a vida na oração com a Bíblia.
Espírito Santo, ensina-me a escutar a Palavra
em comunidade, lendo juntos a Bíblia
para olhar a vida segundo teu Projeto.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Lc 20.27-38
A pergunta sobre a ressurreição
Mateus 22.23-33; Marcos 12.18-27
27Alguns saduceus, os quais afirmam que ninguém ressuscita, chegaram perto de Jesus 28e disseram:
— Mestre, Moisés escreveu para nós a seguinte lei: “Se um homem morrer e deixar a esposa sem filhos, o irmão dele deve casar com a viúva, para terem filhos, que serão considerados filhos do irmão que morreu.” 29Acontece que havia sete irmãos. O mais velho casou e morreu sem deixar filhos. 30Então o segundo casou com a viúva, 31e depois, o terceiro. E assim a mesma coisa aconteceu com os sete irmãos, isto é, todos morreram sem deixar filhos. 32Depois a mulher também morreu. 33Portanto, no dia da ressurreição, de qual dos sete a mulher vai ser esposa? Pois todos eles casaram com ela!
34Jesus respondeu:
— Nesta vida os homens e as mulheres casam. 35Mas as pessoas que merecem alcançar a ressurreição e a vida futura não vão casar lá, 36pois serão como os anjos e não poderão morrer. Serão filhos de Deus porque ressuscitaram. 37E Moisés mostra claramente que os mortos serão ressuscitados. Quando fala do espinheiro que estava em fogo, ele escreve que o Senhor é “o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó.” 38Isso mostra que Deus é Deus dos vivos e não dos mortos, pois para ele todos estão vivos.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. Quem são as pessoas que se aproximam de Jesus e o que pensam a respeito da ressurreição?
2. O que lhe perguntam? O que sugerem com tal pergunta?
3. O que Jesus lhes responde? O que acontece com as pessoas depois da morte?
4. Que texto da Escritura Jesus cita e por quê?
5. O que Jesus ensina sobre a vida depois da morte?
ü Algumas pistas para compreender o texto:
O Evangelho começa dizendo que se aproximaram de Jesus alguns saduceus, que constituíam um dos grupos do judaísmo no tempo de Jesus. Formavam um partido político-religioso cujo nome reportava-se a Zadoque, sacerdote muito ativo nos tempos de Davi e Salomão. Por isso, a maioria de seus membros era composta de sacerdotes provenientes da famílias aristocráticas de Jerusalém. Não admitiam a existência nem dos anjos nem dos demônios, e rejeitavam a ressurreição depois da morte, como nos indica precisamente o evangelho de hoje: “… os quais afirmam que ninguém ressuscita”.
Os saduceus do evangelho de hoje querem saber a opinião de Jesus a este respeito, e interrogam-no apresentando-lhe uma “questão teórica”, com um exemplo inventado a partir da lei do Antigo Testamento, que ordenava a viúva casar-se com o irmão do falecido a fim de que a descendência fosse da mesma família. A pergunta final não deixa de ter um tom irônico e busca ridicularizar a crença na ressurreição: “Portanto, no dia da ressurreição, de qual dos sete a mulher vai ser esposa? Pois todos eles casaram com ela!”.
A resposta de Jesus tem dois momentos: em primeiro lugar, demonstra-lhes que estão equivocados ao considerar que a vida do mundo futuro é um prolongamento da vida presente. Por isso é que o matrimônio só tem validade para a vida neste mundo, onde existe a morte, e é por meio dele que se perpetua a espécie humana. Na vida eterna, não há nem matrimônio nem morte, mas vida semelhante à dos anjos.
Em segundo lugar, Jesus oferece como argumento em favor da ressurreição o texto de Êx 3.6, no qual Deus fala a Moisés a partir da sarça ardente e se apresenta como “o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó”.
A chave para interpretar esta resposta de Jesus está no versículo final: “Isso mostra que Deus é Deus dos vivos e não dos mortos, pois para ele (ou por ele) todos estão vivos” (Lc 30.38). Aqui se afirma que Deus é o doador da vida e pode dá-la até mesmo depois da morte.
O que o Senhor me diz no texto?
O evangelho de hoje liga-se ao que de mais real temos, que é nossa vida, e ao desejo de viver e de não morrer. A vida mesma implica o desejo de não ser interrompida, de não ser truncada pela morte. De fato, “de acordo com a Bíblia, o desejo constitutivo do homem é o desejo ilimitado de viver, é o desejo de amar […]. A vida é desejo de viver” (A. Bonora). Por isso, na Bíblia se dá livre curso a toda carga de angústia humana diante da morte (cf. Is 38.1-18). Por definição a morte são trevas, separação de Deus e dos demais. Diante desta situação, vai surgindo a certeza de que Deus, autor da vida, bem pode ser mais forte do que a morte e o Fazedor de uma nova criação (cf. Sl 88). E depois de longa espera, com a morte e a ressurreição de Cristo, chega, enfim, a vitória sobre o pecado e sobre a morte; e abre-se o caminho da Esperança na vida eterna.
Esta vitória supõe superar o vazio, a solidão infinita que a morte presume ao distanciar-nos de todos os nossos vínculos constitutivos, especialmente da relação com o Deus que dá a vida. Justamente por nossa vinculação a Deus é que podemos esperar a vida eterna. Neste sentido, ganha força e sentido a frase do Êxodo que Jesus cita aos saduceus. Como diz muito bem J. Ratzinger: “Dado que Deus é o Deus dos vivos e chama por seu nome sua criatura, o homem, esta criatura não pode sucumbir”.
A este respeito dizia o Papa Francisco no Angelus de 6 de novembro de 2016: “Jesus pretende explicar que neste mundo vivemos de realidades provisórias, que acabam; ao contrário no além, depois da ressurreição, já não teremos a morte como horizonte e viveremos tudo, também os vínculos humanos, na dimensão de Deus, de modo transfigurado. Inclusive o matrimônio, sinal e instrumento do amor de Deus neste mundo, resplandecerá transformado em plena luz na comunhão gloriosa dos santos no Paraíso.
“Os ‘filhos do céu e da ressurreição’ não são poucos privilegiados, mas são todos os homens e todas as mulheres, porque a salvação que Jesus trouxe é para cada um de nós. E a vida dos ressuscitados será semelhante à dos anjos (cf. v. 36), ou seja, toda imersa na luz de Deus, toda dedicada ao seu louvor, numa eternidade cheia de júbilo e de paz. Mas atenção! A ressurreição não é só o fato de ressuscitar depois da morte, mas é um novo gênero de vida que já experimentamos no hoje; é a vitória sobre o nada que já podemos antegozar. A ressurreição é o fundamento da fé e da esperança cristã!”.
Em síntese, somente o olhar de fé no Deus de Jesus Cristo ilumina o homem sobre o sentido da vida e da morte; e abre-o à esperança de uma eternidade gloriosa.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Sinto o desejo de viver e tenho medo da morte?
2. Creio que há algo depois da morte, ou tudo termina ali?
3. Posso dar a vida eterna a mim mesmo, ou tenho de esperá-la da parte de Deus?
4. Creio que somente Jesus ressuscitado pode comunicar-me a esperança certa de ser transformado depois da morte?
5. Já experimentei a luz da esperança cristã em meio à obscuridade que a morte projeta sobre minha vida?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Ressuscitar, hoje.
Ressuscitar da angústia.
Ressuscitar do que dirão.
Ressuscitar do sair-se bem.
Ressuscitar da tristeza.
Ressuscita-me agora,
pois somente tu podes resgatar-me de minhas mortes cotidianas.
Creio, Jesus,
e vivo para ti.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, ressuscita-me a cada passo”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, proponho-me identificar em que aspecto de minha vida preciso que Jesus me conceda a ressurreição.
“Jesus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, porque para ele, todos estão vivos”.
Santo Irineu de Lião
[1] Dom Damián Nannini é bispo da Diocese de San Miguel (Argentina); licenciado em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma.