“E, na sombra das tuas asas, esconde-me dos ataques dos maus. E, quando acordar, a tua presença me encherá de alegria”.
10 de novembro de 2019“Fiquei alegre quando me disseram: ‘Vamos à casa de Deus, o Senhor’.”
24 de novembro de 2019PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, ensina-me a escutar,
a refletir a Palavra no encontro cotidiano,
a fecundar a vida na oração com a Bíblia.
Espírito Santo, ensina-me a escutar a Palavra
em comunidade, lendo juntos a Bíblia
para olhar a vida segundo teu Projeto.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Lc 21.5-9
Jesus fala da destruição do Templo
Mateus 24.1-2; Marcos 13.1-2
5Algumas pessoas estavam falando de como o Templo era enfeitado com bonitas pedras e com as coisas que tinham sido dadas como ofertas. Então Jesus disse:
6 — Chegará o dia em que tudo isso que vocês estão vendo será destruído. E não ficará uma pedra em cima da outra.
Perseguições e sofrimentos
Mateus 24.3-14; Marcos 13.3-13
7Aí eles perguntaram:
— Mestre, quando será isso? Que sinal haverá para mostrar quando é que isso vai acontecer?
8esus respondeu:
— Tomem cuidado para que ninguém engane vocês. Porque muitos vão aparecer fingindo ser eu, dizendo: “Eu sou o Messias” ou “Já chegou o tempo”. Porém não sigam essa gente. 9Não tenham medo quando ouvirem falar de guerras e de revoluções. Pois é preciso que essas coisas aconteçam primeiro. Mas isso não quer dizer que o fim esteja perto.
10E continuou:
— Uma nação vai guerrear contra outra, e um país atacará outro. 11Em vários lugares haverá grandes tremores de terra, falta de alimentos e epidemias. Acontecerão coisas terríveis, e grandes sinais serão vistos no céu.
12 — Mas, antes de acontecer tudo isso, vocês serão presos e perseguidos. Vocês serão entregues para serem julgados nas sinagogas e depois serão jogados na cadeia. Por serem meus seguidores, vocês serão levados aos reis e aos governadores para serem julgados. 13E isso dará oportunidade a vocês para anunciarem o evangelho. 14Resolvam desde já que não vão ficar preocupados, antes da hora, com o que dirão para se defender. 15Porque eu lhes darei palavras e sabedoria que os seus inimigos não poderão resistir, nem negar. 16Vocês serão entregues às autoridades pelos seus próprios pais, irmãos, parentes e amigos, e alguns de vocês serão mortos. 17Todos odiarão vocês por serem meus seguidores. 18Mas nem um fio de cabelo de vocês será perdido. 19Fiquem firmes, pois assim vocês serão salvos.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. O que as pessoas comentavam sobre o Templo e o que diz Jesus sobre o futuro deste edifício?
2. O que lhe perguntam os discípulos? Jesus responde à pergunta deles?
3. O que Jesus aconselha evitar diante da questão do fim do mundo?
4. Que coisas vão acontecer antes que chegue o fim do mundo?
5. O que acontecerá aos cristãos e como salvarão suas vidas?
ü Algumas pistas para compreender o texto:
Embora no texto do evangelho de hoje não se faça menção de Jerusalém, pelo contexto fica claro que Jesus se encontra lá, em companhia de seus discípulos. E alguns, falando do templo, fizeram um comentário sobre sua beleza e sobre a magnificência de seus adornos. Jesus reage diante deste comentário e os desconcerta, pois lhes anuncia a destruição total do lugar sagrado: “Tudo será destruído”.
Custa-nos imaginar o que representa o Templo de Jerusalém para o povo de Israel, lugar da presença de Deus e, portanto, garantia de proteção para seu povo. Era tido em tão alta consideração, que sua destruição praticamente se identificava com a chegada do fim do mundo. Isto explica a rápida pergunta dos discípulos: “Mestre, quando será isso? Que sinal haverá para mostrar quando é que isso vai acontecer?” São as perguntas que todos nós faríamos a Jesus.
Gostemos ou não, em nenhum lugar do Novo Testamento encontramos uma resposta clara a estas perguntas. Por outro lado, é frequente a referência ao modo repentino e inesperado da chega do dia final, recorrendo-se à comparação com a chegada de um ladrão (cf. Mt 24.43; Lc 12.39; 2Pd 3.10; Ap 3.3; 16.15). No evangelho de hoje, em vez de responder ao quando acontecerá, Jesus, ao contrário, indica-nos as atitudes que os cristãos devem ter no tempo que precede à parusia. Concretamente, no evangelho de hoje, Jesus exorta seus discípulos a três coisas: não se deixar enganar, dar testemunho e ser constantes.
1. Não se deixar enganar pelos que, diante da presença forte do mal no mundo, anunciam a iminente chegada do fim. Jesus adverte que, não obstante aconteçam guerras, revoluções, terremotos, pestes, fome, “… isso não quer dizer que o fim esteja perto”.
2. Dar testemunho. Jesus avisa que, antes do fim, os cristãos sofrerão fortes perseguições, e elas têm como finalidade despertar os cristãos para que deem testemunho de Jesus com palavras irresistíveis, dadas pelo próprio Jesus (“Porque eu lhes darei palavras e sabedoria que os seus inimigos não poderão resistir, nem negar”).
3. Por último, a constância ou perseverança (em grego, hupomoné). Este termo indica o fato de ficar ou permanecer sob o peso, suportando-o, resistindo à sua pressão. Seus sentidos são vários: persistência, perseverança e espera. Esta atitude, que se firma apoiada na sólida confiança no cuidado providente de Deus (“Mas nem um fio de cabelo de vocês será perdido”), é que permitirá a fiel discípulo alcançar a salvação.
O que o Senhor me diz no texto?
No domingo passado, meditamos sobre o fim da vida humana, que é a morte; mas também consideramos que a esperança cristã nos faz vivê-la como uma passagem para a vida eterna.
O evangelho de hoje nos convida a meditar sobre o fim do mundo. Este tema costuma estar unido a muitas fantasias; além disso, a Bíblia apresenta-o com um gênero literário – o apocalíptico – que utiliza imagens fortes, com valor simbólico. Para além de tudo isso, quais são as certezas que nos vêm da fé? Que atitudes Jesus pede que tenhamos diante desta realidade futura?
A primeira certeza é que não sabemos nem o dia nem a hora em que acontecerá. Deus não quis revelar-nos, dar-nos a conhecer com precisão este dado. Sabemos que acontecerá, e repentinamente, mas não sabemos quando.
Diante disto, Jesus pede, ainda em um contexto de convulsão social e de perseguição, ter uma atitude mais calma: que permaneçamos quietos, que não corramos atrás dos que dizem que já é o fim. Concretamente, Jesus pede-nos lucidez para não nos deixarmos enganar, para não seguirmos falsos pregadores ou falsos messias.
A segunda certeza é que Deus não nos abandona jamais, e que Jesus permanecerá junto a nós até o fim dos tempos. Ancorados nesta certeza, Jesus pede-nos uma atitude de testemunhas corajosas e confiantes, pois o próprio Senhor inspirará as palavras adequadas para podermos defender-nos e dar testemunho de sua Verdade.
A terceira certeza é que Deus “não muda”, é a “rocha” firme que não se move. Apoiados sobre esta rocha, Jesus pede uma fé confiante, firme, mesmo quando tudo parece abalar-se ou desmoronar-se ao nosso redor. Graças a esta fé firme e perseverante, os cristãos encontrarão a salvação esperada.
A este respeito, o Papa Francisco, em sua homilia do dia 13 de novembro de 2106, dizia: “Sempre somos impelidos pela curiosidade: quer-se saber quando e receber sinais. Esta curiosidade, porém, não agrada a Jesus. Pelo contrário, exorta a não nos deixarmos enganar pelos pregadores apocalíticos. Quem segue Jesus não presta ouvidos aos profetas da desgraça, à futilidade dos horóscopos, às pregações e às previsões que amedrontam, distraindo daquilo que conta. O Senhor convida a distinguir, dentre as muitas vozes que se ouvem, aquilo que vem dele e o que vem do falso espírito. É importante distinguir entre o sábio convite que Deus nos dirige cada dia e o clamor de quem se serve do nome de Deus para assustar, sustentando divisões e medos.
“Com firmeza, Jesus convida a não temer perante os cataclismos de cada época, nem mesmo frente às provas mais graves e injustas que acontecem aos seus discípulos. Pede para perseverar no bem e colocar plena confiança em Deus, que não desilude: ‘Não se perderá um só cabelo da vossa cabeça’ (v. 18). Deus não esquece os seus fiéis, a sua propriedade preciosa que somos nós”.
Por fim, que o Senhor nos conceda esta atitude serena e confiante, a perseverança na fé e um abandono total em suas mãos de Pai, onde podemos experimentar a segurança que buscamos cada dia numa infinidade de coisas e de afetos passageiros. E a partir desta atitude de entrega confiante em Deus, empreguemos nossas forças para trabalhar neste mundo sem desfalecer, buscando ajudar aos demais em seu progresso pessoal, temporal e, principalmente, espiritual.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Que sentimentos e pensamentos me provoca a chegada do fim do mundo?
2. Estes pensamentos e sentimentos correspondem ao que Jesus diz no evangelho?
3. Já me apropriei das certezas que Jesus me comunica no evangelho?
4. Onde busco segurança, onde coloco minha confiança diante das situações de convulsão pessoal ou social?
5. Acolho a presença de calamidades e de males no mundo como um chamado forte à evangelização, acompanhada da luta por um mundo mais justo e melhor?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, porque nunca me abandonas.
Quero ser testemunha fiel de tua presença em minha vida.
Que não me deixe envolver por discursos que só me oferecem bem-estar,
nem escute as pessoas que me prometem demais.
Sê tu minha rocha firme, que não me deixa vacilar, que me faz sentir seguro.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Faze-me constante e lúcido para perseverar até o fim”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, proponho-me pedir em minha oração a lucidez e a constância para mim e para alguém de minha comunidade.
“Quando odiado pelo mundo, o cristão não precisa de palavras persuasivas,
mas de grandeza de alma”.
Santo Inácio de Antioquia
Dom Damián Nannini é bispo da Diocese de San Miguel (Argentina); licenciado em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma.