“Que pena de você, pois não quer o meu Amor”
14 de julho de 2015“Esse é meu irmão, irmã e mãe”
16 de julho de 2015Leitura: Mateus 11,25-27
Naquele tempo, Jesus pôs-se a dizer, ‘Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
Oração:
O evangelho de hoje nos convida a rezar a invisibilidade de Deus, sua discrição, seu silêncio, seu “não existir”, seu “não se manifestar”. O Deus que professamos Todo-Poderoso não é ostensivo sequer diante das grandes maldades. A “passividade” de Deus é das grandes dificuldades para o discurso religioso. Para os sábios e entendidos, Ele está escondido. “Se Ele existisse…”
O que o papa emérito escreveu no livro Jesus de Nazaré (primeira parte, ed. Planeta, 2007, p. 46) pode nos ajudar a orar a Palavra de hoje. Ele coloca assim a questão: “Pode-se naturalmente perguntar por que Deus não fez um mundo no qual a sua presença fosse mais evidente (…) Este é o mistério de Deus e do homem no qual não podemos penetrar. Vivemos num mundo no qual tudo deve ser palpável, e Deus não apresenta qualquer evidência do que é palpável; Deus só pode ser procurado e encontrado se abrirmos o coração (…)”.
De fato, embora o Pai nos tenha feito com racionalidade e a razão seja ferramenta útil para chegar a Ele, não se trata de instrumento suficiente. Não se conhece a Deus somente por nossos raciocínios, pois Ele se esconde atrás de portas que requerem outras chaves para serem abertas, como a fé. Essa é a pequenez exigida para acessar o que está escondido. Não se trata de se despojar da racionalidade, da intelectualidade… Não se trata de se guiar pela emoção, pelo sentimentalismo… Trata-se de ter outra lente para ler o mundo.
O risco da fé só corre quem se dispõe à pequenez. Quem não crê também enfrenta a pequenez de estar só no universo, de ter supostamente apenas alguns anos de existência, de enfrentar sua suposta insignificância ou importância reduzida. A pequenez da fé é outra: é confiar e viver algo que nem sempre se sente e que nunca se pode compreender por inteiro. É desses pequenos que Jesus fala no evangelho de hoje.
Por que foi do agrado do Pai revelar isso só aos pequenos, nem o teólogo nem nós sabemos. A oração pode, porém, mesmo sem que tenhamos as respostas, colocar-nos entre os pequenos a quem o Pai se revela sem alarde. Os pequenos através dos quais Ele existe, se manifesta e fala.
João Gustavo H. M. Fonseca, graduando em Direito na UFMG e membro da Família Verbum Dei de Belo Horizonte