19 de fevereiro de 2023 – 7º Domingo do Tempo Comum

Mt 5,38-48

“… Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!” (Mt 5,44)

É domingo de carnaval. Nas ruas de nossas cidades, na programação das grandes emissoras de rádio e televisão, nas redes sociais que utilizamos, encontramos uma explosão de cores e ritmos… A vida, em nós e ao nosso redor, pulsa no compasso da disposição para a alegria, a animação e o entusiasmo.

Neste domingo de carnaval, esta comunidade de lectionautas também se encontra em torno de uma palavra e, principalmente, se dispõe ao encontro com essa palavra. E desde já, preferencialmente em um lugar silencioso, podemos abrir nossas no Evangelho segundo Mateus, capítulo 5, versículos 38 a 44.

Antes de iniciarmos nossa leitura do texto bíblico, façamos um instante de respiração profunda, de tomada de consciência e de prece à Divina Ruah, pedindo-lhe luz e sabedoria.

1. Leitura – O que o texto diz?

Façamos, pois, a leitura atenta de Mt 5,38-48.

O evangelho de hoje, como podemos perceber, não é uma narrativa, mas parte de um discurso de Jesus, um ensinamento. Podemos reler o texto, tomando lugar entre os interlocutores, entre as pessoas com as quais ele falava. No comecinho do capítulo 5, é dito que, ao ver as multidões, Jesus subiu a montanha e, ao sentar-se, seus discípulos se aproximaram, e ele se pôs a ensiná-los. É partir desse lugar, juntinho das primeiras pessoas que se aventuraram a seguir Jesus que podemos observar nosso entorno: o ambiente, os olhares atentos, curiosos, surpresos, assustados, entusiasmados. E, voltando nossa atenção para Jesus, leiamos uma vez mais, Mt 5,38-48.

O texto que lemos faz parte do que se convencionou chamar de Sermão da Montanha (Mt 5–7), no qual Jesus apresenta a seus discípulos um programa de vida. O ponto de partida são os desafios do cotidiano, sobretudo, as tensões das relações interpessoais. Qual o ensinamento de Jesus para lidar com esses conflitos?

2. Meditação – O que o texto me diz?

A meditação consiste em saborear as palavras e os ensinamentos que chamaram nossa atenção na leitura. Retemos na memória o que nos toca o coração.

No evangelho de hoje, o ensinamento de Jesus não se dá acerca de coisas sobrenaturais, mas sobre o lugar onde existimos e realizamos quem somos: as relações interpessoais, que são permeadas de delícias e de desafios. Jesus nos convida a viver as tensões sem perder de vista quem somos e o caminho trilhado por ele, o caminho do amor. Estamos, portanto, diante de uma das passagens mais radicais e exigentes de toda a Bíblia. A proposta de Jesus é a vivência do amor que desconhece os limites, é amar com gratuidade, liberalidade. Amar os inimigos. Que significa isso? De que forma essa proposta nos toca, nos desinstala, nos desafia?

3. Oração – O que o texto me leva a dizer a Deus?

Não resistir ao malvado, oferecer a outra face, deixar que levem o que temos, dispor-se a caminhar quando somos obrigados, a oferecer e a emprestar o que temos, amar os inimigos e rezar pelos que nos perseguem são atitudes corajosas e poderosas, uma vez que elas nos tornam filhos e filhas do Pai que está nos céus.

A partir do que lemos e meditamos, podemos, agora, responder a Jesus aberta e sinceramente. Como nos sentimos diante desse do desafio?

4. Contemplação – O que o texto faz em mim?

O diálogo continua e Deus, no mais profundo de nossos corações, tece em nós sua palavra. Silenciemos e contemplemos Deus agindo em nós.

4. Ação – O que o texto – e este encontro – me solicita a agir?

Façamos agora, a partir do encontro com o texto de Mt 5,38-48, um compromisso. Como essa palavra que foi lida, meditada, rezada e contemplada se faz palavra viva em nossas vidas? Qual será (ão) nosso (s) gesto (s) concreto (s)?

Por fim, agradeçamos a Deus por este momento de encontro, reflexão e aprendizado.

*Maria Nivaneide de Abreu Lima é leiga católica e assessora do Centro de Estudos Bíblicos (CEBI). Mestra em Teologia pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), graduada em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE) e em Letras pela Universidade Federal do Ceará (UFC).