O Pai do céu dará o Espirito Santo. (Lc 11, 5-13)
6 de outubro de 2016Conexão uterina (Lucas 11, 27-28)
8 de outubro de 2016Quando Isabel estava no sexto mês de gravidez, Deus enviou o anjo Gabriel a uma cidade da Galileia chamada Nazaré. O anjo levava uma mensagem para uma virgem que tinha casamento contratado com um homem chamado José, descendente do rei Davi. Ela se chamava Maria. O anjo veio e disse:
— Que a paz esteja com você, Maria! Você é muito abençoada. O Senhor está com você.
Porém Maria, quando ouviu o que o anjo disse, ficou sem saber o que pensar. E, admirada, ficou pensando no que ele queria dizer. Então o anjo continuou:
— Não tenha medo, Maria! Deus está contente com você. Você ficará grávida, dará à luz um filho e porá nele o nome de Jesus . Ele será um grande homem e será chamado de Filho do Deus Altíssimo. Deus, o Senhor, vai fazê-lo rei, como foi o antepassado dele, o rei Davi. Ele será para sempre rei dos descendentes de Jacó, e o Reino dele nunca se acabará.
Então Maria disse para o anjo:
— Isso não é possível, pois eu sou virgem!
O anjo respondeu:
— O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Deus Altíssimo a envolverá com a sua sombra. Por isso o menino será chamado de santo e Filho de Deus. Fique sabendo que a sua parenta Isabel está grávida, mesmo sendo tão idosa. Diziam que ela não podia ter filhos, no entanto agora ela já está no sexto mês de gravidez. Porque para Deus nada é impossível.
Maria respondeu:
— Eu sou uma serva de Deus; que aconteça comigo o que o senhor acabou de me dizer!
E o anjo foi embora.
Com o coração aquietado, coloco-me no silêncio da escuta de sua palavra. Venha, Senhor!
Hoje, minha atenção se voltou para a atitude de Maria: “E, admirada, ficou pensando no que ele queria dizer”. Diferentemente, algumas traduções dizem que Maria se perturbou. De uma forma ou de outra, as duas expressões indicam que Maria se deixou tocar intimamente por aquela saudação.
Precisamente esta disposição para o entendimento pleno da situação é que me chamou a atenção.
Não há dúvida de que Jesus é nosso único Mestre, porém, Maria é ótima mestra para nossa oração e discipulado, aquela que nos ensina, de uma maneira importante, como chegar até Jesus.
Quando contemplo esta cena, vejo Maria em oração. Sozinha, dentro de seus aposentos, contemplando o céu pela janela, ela orava a Deus. Pedia pelas pessoas de sua família, de seu povoado, de toda a Galileia, comovia-se com as dificuldades e não era indiferente às necessidades de todos que ela conhecia.
Nesse diálogo profundo que mantinha com Deus, Maria escuta a voz do mensageiro saudando-a e não fica indiferente, ela quer compreender o que significa ter ouvido a mensagem de Deus.
Quando nos colocamos em oração, também conosco Deus fala, não tenho dúvida. Porém, via de regra, temos dificuldade de escutá-lo. Suas palavras, normalmente, são perturbadoras, porque nos arrancam de nossos esquemas e nos lançam desafios, que julgamos estarem muito acima de nossas capacidades. Aí, deixamos para lá e não nos interpelamos sobre o que “ele queria dizer”.
Costumamos fazer nossas petições em meio a orações de muitas palavras e, tão logo as dirigimos a Deus, confiantes ou não, já ficamos aguardando que Ele nos atenda. Isto é o mais comum.
Maria teve a coragem de se deixar perturbar, de ficar admirada com a possibilidade de que Deus estivesse falando com ela e de se perguntar: “o que ele queria dizer”.
Deixar-se tocar assim pela oração, realmente dá medo e, talvez por isso, preferimos não entrar tão a fundo. Afinal, sabemos que Deus pediu coisas muito complicadas para quem já o escutou.
Maria percebe que o próprio Deus a conduz a superar o medo: “Não tenha medo, Maria! Deus está contente com você”. Ora, não é para menos que Deus estivesse contente com ela, afinal poucos realmente dão ouvidos ao que Ele quer dizer.
Na continuidade da oração, Maria percebe que Deus fará coisas maravilhosas àqueles para os quais ela rezava, mas as fará por meio dela mesma. Não sabemos quais eram os sonhos de Maria. Talvez, como os de muitas moças da região, casar-se com José e constituir família, ou, talvez, nem fossem esses os sonhos de Maria. O que parece bem certo é que ela não sonhava com um filho fora do casamento.
Estes são riscos que corremos ao dar ouvidos à voz de Deus em nossas orações. Seus projetos para nós, muitas vezes, parecem estar acima de nossas capacidades. Contudo, a maior dificuldade está em pensarmos que nós, sozinhos, teremos de dar conta de tudo e esquecemos que, quando Deus pede, Ele vem junto, não nos deixa sozinhos. Como o anjo disse a Maria: “para Deus, nada é impossível”.
Maria, ainda na oração, questiona o mensageiro sobre como seria possível uma gravidez, dado o fato de ela ser virgem.
Nós percebemos quão profunda foi a oração de Maria. Após vencido o medo inicial, estabeleceu-se uma relação de confiança e cumplicidade e, ao final, ela estava pronta para assumir a missão que Deus lhe apresentava.
Hoje, o convite da oração é que nos deixemos perturbar, que fiquemos admirados com as mensagens que Deus nos envia e que tenhamos abertura de coração e de espírito para ir fundo na pergunta: o que elas querem nos dizer?
Que não tenhamos medo e, a exemplo de Maria, possamos experimentar que Deus se alegra quando damos ouvido a Ele. Sua vontade de se comunicar é muito grande, tão grande é, que enviou seu próprio filho para nos transmitir a boa notícia de sermos incorporados à sua família, quando nos dispomos a fazer sua vontade (Mt 12, 50).
Hoje, ao comemorarmos Nossa Senhora do Rosário, rogamos ao Espírito Santo que, por intercessão de Maria, venha em nosso auxílio e nos ensine a orar de forma agradável a Deus. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte