31º Domingo do Tempo Comum – Ano B
31 de outubro de 2015Felizes os que não vivem de desculpas
3 de novembro de 2015Leitura: Mateus 5,1-12a
Quando Jesus viu aquelas multidões, subiu um monte e sentou-se. Os seus discípulos chegaram perto dele, e ele começou a ensiná-los. Jesus disse:
— Felizes as pessoas que sabem que são espiritualmente pobres, pois o Reino do Céu é delas.
— Felizes as pessoas que choram, pois Deus as consolará.
— Felizes as pessoas humildes, pois receberão o que Deus tem prometido.
— Felizes as pessoas que têm fome e sede de fazer a vontade de Deus, pois ele as deixará completamente satisfeitas.
— Felizes as pessoas que têm misericórdia dos outros, pois Deus terá misericórdia delas.
— Felizes as pessoas que têm o coração puro, pois elas verão a Deus.
— Felizes as pessoas que trabalham pela paz, pois Deus as tratará como seus filhos.
— Felizes as pessoas que sofrem perseguições por fazerem a vontade de Deus, pois o Reino do Céu é delas.
— Felizes são vocês quando os insultam, perseguem e dizem todo tipo de calúnia contra vocês por serem meus seguidores. Fiquem alegres e felizes, pois uma grande recompensa está guardada no céu para vocês.
Oração: A Irmã Morte
Hoje a Igreja celebra a Solenidade dos Fiéis Defuntos. Para muitos, a data é pensada com terror, aversão e rejeição. Evitam falar sobre morte, pois se lembram de cemitérios, velórios, túmulos, coroas e tudo aquilo mais que materializa a ocasião fúnebre. Há outros que fazem da celebração o dia da mais profunda tristeza, com lamentações e choro incoercível, pensando a morte como o fim de tudo que há. Como cristãos, a celebração da morte deve ser acima de tudo uma celebração da esperança.
Jesus nos diz de uma recompensa que nos espera no céu, dedicada a todos aqueles dispostos a segui-Lo: “Fiquem alegres e felizes, pois uma grande recompensa está guardada no céu para vocês”. No sermão da montanha, Ele nos mostra muitos exemplos de atitudes nesta vida que revelam o quando devemos esperar em Deus, colocando nossa esperança Naquele que nos fala de vida eterna (João 6,60-69).
São Francisco de Assis, à espera da morte corporal que o conduziria à glória do céu, complementou seu Cântico das Criaturas dedicando louvores ao criador pela Irmã Morte:
Louvado sejas, meu Senhor,
Por nossa irmã a Morte corporal,
Da qual homem algum pode escapar.
Ai dos que morrerem em pecado mortal!
Felizes os que ela achar
Conformes à tua santíssima vontade,
Porque a morte segunda não lhes fará mal!
Em minha vida de estudante de medicina, sempre me interessei por especialidades médicas que me colocaram bastante próximo da morte. Pude lidar com a angústia de pacientes com doenças terminais, que esperaram semanas pela morte, recebendo cuidados paliativos no leito hospitalar. Presenciei casos trágicos de jovens mortos pela violência e o luto de suas famílias surpreendidas pela perda repentina. Participei de trabalho científico no Instituto Médico Legal, oportunidade que me fez conhecer as transformações por que passa o corpo morto. Em toda essa diversidade de experiências sobre a morte, pude viver momentos de profundidade em minha fé, ocasiões em que sentia a presença de Jesus de uma forma muito íntima. Esse contato com a morte tem me feito pensá-la de forma mais fraternal, como São Francisco a percebia. Todos sabemos que Jesus nos amou até o fim, em sua morte de cruz. Pensemos no dia de hoje como celebração do Deus que nos ama até o nosso fim, e acolhe a nossa esperança.
Finalmente, para pensarmos mais sobre a Irmã Morte, fiquemos com esta frase do Raul, não menos poética que aquela de São Francisco:
“Eu te detesto e amo
Morte, morte, morte que talvez
Seja o segredo desta vida”.
Marcelo H. Camargos. Acadêmico de medicina na UFMG e membro da Família Missionária Verbum Dei de Belo Horizonte-MG.