Sobre o perigo da competição
31 de outubro de 2015A Irmã Morte
2 de novembro de 2015LECTIO DIVINA
31º Domingo do Tempo Comum – Ano B
Domingo, 1º de novembro de 2015
Solenidade de todos os Santos
“São assim as pessoas que adoram o Senhor”.
Salmo 24.6
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Senhor, estamos aqui, reunidos em teu nome,
para escutar tua Palavra de vida
em nossa realidade de todos os dias
e na realidade da Bíblia.
Queremos que teu Espírito nos ilumine e guie,
para que tua voz não nos passe despercebida,
para que ressoe com força e capte nosso coração,
para que ruminemos com gosto o que hoje nos dizes,
para que encontremos sabor em tua Boa Nova.
Que a escuta de tua Palavra nos desvele um pouco mais,
através da reflexão, do diálogo e do silêncio,
e que nos ajude a ver-te na realidade cotidiana,
para que possamos viver, todos os dias,
com a esperança e a alegria firme
de ter-te ao nosso lado.[1]
TEXTO BÍBLICO: Mateus 5.1-12a
O Sermão do Monte
1Quando Jesus viu aquelas multidões, subiu um monte e sentou-se. Os seus discípulos chegaram perto dele, 2e ele começou a ensiná-los.
A verdadeira felicidade
Lucas 6.20-23
Jesus disse:
3— Felizes as pessoas que sabem que são
espiritualmente pobres,
pois o Reino do Céu é delas.
4— Felizes as pessoas que choram,
pois Deus as consolará.
5— Felizes as pessoas humildes,
pois receberão o que Deus
tem prometido.
6— Felizes as pessoas que têm fome e sede
de fazer a vontade de Deus,
pois ele as deixará
completamente satisfeitas.
7— Felizes as pessoas que têm misericórdia
dos outros,
pois Deus terá misericórdia delas.
8— Felizes as pessoas que têm o coração puro,
pois elas verão a Deus.
9— Felizes as pessoas que trabalham pela paz,
pois Deus as tratará como seus filhos.
10— Felizes as pessoas que sofrem perseguições
por fazerem a vontade de Deus,
pois o Reino do Céu é delas.
11— Felizes são vocês quando os insultam, perseguem e dizem todo tipo de calúnia contra vocês por serem meus seguidores. 12Fiquem alegres e felizes, pois uma grande recompensa está guardada no céu para vocês.
1. LEITURA
Que diz o texto?
P. Antonino Cepeda Salazar[2]
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
Aonde e com quem Jesus subiu? Quem são os felizes? De quem é o reino dos céus? Quais são as pessoas que verão a Deus? O que acontecerá com os perseguidos? Por que devemos ficar alegres e felizes?
Algumas pistas para compreender o texto:
Na Igreja, celebramos hoje todos os santos, e amanhã, todos os fiéis defuntos. São duas festas que estão em estreita comunhão: nós, os vivos, encomendamo-nos aos que já gozam da glória de Deus; em seguida, pedimos por aqueles que nos precederam na vida eterna, para que Deus os introduza em sua glória. A Igreja recorda-nos hoje que todos fomos chamados à santidade: “Porém sabemos isto: quando Cristo aparecer, ficaremos parecidos com ele, pois o veremos como ele realmente é”(1Jo 3.2).
Ao celebrar, hoje, a festa de todos os santos, prestemos atenção ao Evangelho de Mt 5.1-12 no início do chamado sermão da montanha. Sem pretender comentar cada bem-aventurança, oferecemos uma breve reflexão sobre elas.
Quem nós consideramos felizes hoje? Em geral, aquele que tem muito dinheiro, que tem sucesso na vida, que tem bem-estar… Esta suposta felicidade está sempre ligada a um bem material…
Em contrapartida, Jesus apresenta-nos hoje, no Evangelho, um ponto de vista muito diferente. Ele diz que são felizes “os espiritualmente pobres”, “as pessoas que choram”, “os humildes”, “os que têm fome e sede de fazer a vontade de Deus”, “as pessoas que têm misericórdia dos outros”, “as que têm o coração puro”, “as pessoas que trabalham pela paz”, “as que sofrem perseguições por fazerem a vontade de Deus”. E conclui dizendo a seus discípulos: “Felizes são vocês quando os insultam, perseguem e dizem todo tipo de calúnia contra vocês por serem meus seguidores”.
“Pois o Reino do Céu é delas”. Assim, no presente, no aqui e no agora, já são participantes do Reino de Deus. Não se trata de uma promessa como em outros casos, mas de uma realidade atual.
Jesus “subiu um monte”, como o fez Moisés ao subir o Sinai (cf. Êx 19.3-12; 24.15-18; 34.1s,4). Jesus dispõe-se a ensinar à multidão e a seus discípulos. As bem-aventuranças são para todos. É a primeira pregação extensa de Jesus, e por isso mesmo, um ensinamento fundamental. Todo o sermão da montanha é um ensinamento de Jesus sobre o Reino dos céus, centrado na oração do Pai-Nosso. O sermão está emoldurado pela expressão “Reino dos céus”, que aparece nos vv. 3 e 10.
“Felizes as pessoas que sabem que são espiritualmente pobres”.
Por ser a primeira das bem-aventuranças, todas as demais dependem dela. Discutiu-se muito a respeito do significado desta primeira bem-aventurança. Refere-se aos humildes ou aos que decidem ser pobres? Aos fracos, ou aos que se deixam guiar pelo Espírito? Não convém esvaziar a expressão “os pobres” de seu sentido sociológico, mesmo que se refira aos escolhidos de Deus, nem se deve tirar o sentido de pobres por uma decisão pessoal. Em qualquer caso, na apódose (segundo elemento da bem-aventurança) se diz: “pois o Reino do Céu é delas”, o mesmo que se dirá na oitava bem-aventurança sobre os perseguidos por fazerem a vontade de Deus. Com estas palavras se abre e se fecha o conjunto.
A quarta bem-aventurança também é espiritualizada ou pelo menos matizada: “Felizes as pessoas que têm fome e sede de fazer a vontade de Deus”. Vontade de Deus a que se refere também a oitava bem-aventurança. E a conclusão, expressa na segunda pessoa do plural (vocês), também menciona “os céus”, onde receberão recompensa por serem injuriados e perseguidos por causa de Cristo.
Não façamos pouco caso da quinta bem-aventurança: “Felizes as pessoas que têm misericórdia dos outros, pois Deus terá misericórdia delas” (5.7). Aqui não se sabe com exatidão se a misericórdia humana imita a misericórdia divina, ou se, ao contrário, o homem se faz merecedor da misericórdia divina por já ser misericordioso. O que temos de destacar é que São Mateus concede primazia à misericórdia sobre o sacrifício (9.13; 12.7). A misericórdia, juntamente com a justiça e a fé, constitui o mais importante da lei (23.23).
Todas e cada uma das bem-aventuranças podem ser consideradas como um retrato da pessoa de Jesus. Ele viveu assim, este é seu estilo de vida; por isso, pede aos seus que vivam como ele viveu. Portanto, mesmo que nos pareçam inalcançáveis, sempre devemos inclinar-nos a viver segundo a mentalidade das bem-aventuranças de Jesus.
Parar uma sadia interpretação das bem-aventuranças, é preciso recordar que, para São Mateus, elas não são apenas fruto do esforço dos homens que se tornariam merecedores das promessas de Jesus, mas supõem a graça de Deus, ou seja, são um dom do amor de Deus, que habita nos que nele põem sua confiança.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
Na festa de todos os santos, o evangelho de hoje nos dá pistas para a vida. Mesmo que às vezes pensemos que a santidade é um privilégio de alguns poucos, a verdade é que ela é a vocação de todos os cristãos. Este é o convite que recebemos do evangelho deste domingo: viver em santidade é viver alegres, e como o descreve Jesus, os mais simples é que podem desfrutar dessa comunhão bem-aventurada com Deus.
Nosso Papa Francisco convida-nos a levar uma vida de santidade, inspirada na alegria que nos dá Jesus, nosso redentor: “Ao proclamar as bem-aventuranças, Jesus convida-nos a segui-lo, a percorrer com ele o caminho do amor, o único que conduz à vida eterna. Não é uma estrada fácil, mas o Senhor assegura-nos a sua graça e nunca nos deixa sozinhos. Na nossa vida, há pobreza, aflições, humilhações, luta pela justiça, esforço da conversão quotidiana, combates para viver a vocação à santidade, perseguições e muitos outros desafios. Mas, se abrirmos a porta a Jesus, se deixarmos que ele esteja dentro da nossa história, se partilharmos com ele as alegrias e os sofrimentos, experimentaremos uma paz e uma alegria que só Deus, amor infinito, pode dar.
As bem-aventuranças de Jesus são portadoras duma novidade revolucionária, de um modelo de felicidade oposto àquele que habitualmente é transmitido pelos meios de comunicação, pelo pensamento dominante. Para a mentalidade do mundo, é um escândalo que Deus tenha vindo para se fazer um de nós, que tenha morrido numa cruz. Na lógica deste mundo, aqueles que Jesus proclama felizes são considerados ‘perdedores’, fracos. Ao invés, exalta-se o sucesso a todo o custo, o bem-estar, a arrogância do poder, a afirmação própria em detrimento dos outros.
Queridos jovens, Jesus interpela-nos para que respondamos à sua proposta de vida, para que decidamos qual estrada queremos seguir a fim de chegar à verdadeira alegria. Trata-se dum grande desafio de fé”.[3]
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Experimentei a alegria de viver em Cristo? Sei diferençar entre a alegria passageira que me dão algumas experiências e a alegria que Jesus me dá? Quero viver a santidade que me leva à alegria?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Senhor, são tantos os que sofrem no mundo de hoje
e tão poucos os que sabem esquecer sua dor.
Eu quero ser luz que reflita tua lâmpada
e fermento bom que absorva para te as almas.
Dou-te graças, Senhor, porque ressuscitaste
e mataste em minha alma a angústia do pecado.
Se me pedes a vida, quero dá-la feliz;
se não queres que eu morra, quero viver sorrindo.
Quero rir, quero sonhar, quero dar a todos
a alegria de amar.[4]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Jesus, me chamas a ser santo e eu aceito.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Lerei a vida de algum santo durante esta semana
e a partilharei com uma pessoa próxima.
“Santidade é alegria”
São Domingos Sávio
[2] Secretário da Dimensão de Animação Bíblia da Vida Pastoral. Conferência Episcopal do México.
[3] Mensagem do Santo Padre Francisco para a XXIX Jornada Mundia de Juventude 2014 (http://www.news.va/pt/news/mensagem-do-papa-para-a-xxix-jornada-mundial-da-ju)
[4] Oração de Santo Alberto Hurtado para ter uma alma alegre (http://es.aleteia.org/2015/03/04/oracion-de-san-alberto-hurtado-para-tener-un-alma-alegre/)