II Domingo do Tempo Comum
18 de janeiro de 2015… enquanto caminhavam.
20 de janeiro de 2015Leitura: Marcos 2,18-22
Naquele tempo, os discípulos de João Batista e os fariseus estavam jejuando. Então, vieram dizer a Jesus: ‘Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, e os teus discípulos não jejuam?’ Jesus respondeu: ‘Os convidados de um casamento poderiam, por acaso, fazer jejum, enquanto o noivo está com eles? Enquanto o noivo está com eles, os convidados não podem jejuar.
Mas vai chegar o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; aí, então, eles vão jejuar. Ninguém põe um remendo de pano novo numa roupa velha; porque o remendo novo repuxa o pano velho e o rasgão fica maior ainda. Ninguém põe vinho novo em odres velhos; porque o vinho novo arrebenta os odres velhos e o vinho e os odres se perdem. Por isso, vinho novo em odres novos’.
Oração:
A resposta de Jesus ao questionamento sobre o jejum aponta-nos duas verdades que se entrelaçam: em primeiro lugar, o sentido do jejum; em segundo lugar, a identidade de Jesus.
Qual o sentido do jejum senão aproximar o homem de Deus? O jejum, a esmola e a oração são tripé já consagrado para elevar o homem, pois visam, respectivamente, ao maior controle do instinto humano, ao seu olhar para o próximo e ao seu pensamento em Deus. Ora, quando Jesus está com seus discípulos, esse tripé se vive no cotidiano, sem se atentar o tempo todo para isso: Jesus faz seus discípulos olharem sempre além de si próprios (Mt 14, 15-20); Ele os ensina a arte de renunciar às suas vontades mais íntimas (Mc 8, 34) e os ensina a rezar (Mt 6, 9-13), sem falar que o próprio olhar em Jesus é um olhar para o Pai (Jo 14, 9-10). Por isso o “espanto” de Jesus: “os convidados de um casamento poderiam, por acaso, fazer jejum, enquanto o noivo está entre eles?”
“Mas vai chegar o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; aí, então, eles vão jejuar.” A reposta de Jesus denota quem Ele é. Ele é o Deus noivo, que se une ao homem para viver uma vida em conjunto e para sempre. Ele é Deus com os homens. E Ele é também o Deus alimento do homem novo, a única saciedade verdadeira que o homem pode encontrar e sem a qual sempre sentirá fome, mesmo que por fora não jejue.
Jesus termina o esclarecimento da questão do jejum com um conselho que serve para curar toda perplexidade daqueles que não entendem que a fé, a vivência da espiritualidade e, portanto, também a religião devem seguir a dinamicidade da vida de Deus. Deus não é uma pedra antiga ou uma foto velha que se nos deu reclamando conservação. Ao contrário, Deus é vida dinâmica que se entrega a nós para que conservemos nossa identidade de filhos. O conteúdo da vida com Deus, que é sempre nova, requer também novas formas de expressão. “Por isso, vinho novo em odres novos”.
Na oração de hoje, talvez possamos seguir perguntando e rezando:
– Jesus, como viver o jejum que me aproxima de você?
– Jesus, ajude-me a senti-Lo como esse noivo sempre presente. Ajude-me a reconhecer em você o alimento fundamental, onde encontro as respostas para minhas perguntas e as perguntas que me levam cada vez para mais perto do Pai.
– Jesus, ajude-me a não estragar a boa nova da sua presença com minhas formas retrógradas ou engessadas de apresenta-Lo ao mundo. Ajude-nos a viver uma religião que não destrua sua história ou torne vã sua vida entre nós.
João Gustavo H. M. Fonseca, estudante de Direito da UFMG, membro da Família Verbum Dei de Belo Horizonte