Justo ou pecador? (Mc 2,13-17)
17 de janeiro de 2015O noivo, o vinho novo
19 de janeiro de 2015“Esperei com paciência pela ajuda de Deus, o Senhor. Ele me escutou e ouviu o meu pedido de socorro.” Salmo 40,1
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
“Vem, Espírito Santo, ilumina minha mente
abre meu coração, toma minhas mãos,
para que compreenda a mensagem da Palavra,
para que sinta a profundidade do divino amor,
para que caminhe abrindo minhas mãos
aos que necessitam misericórdia e amor.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: João 1.35-42
Os primeiros discípulos de Jesus
35No dia seguinte, João estava outra vez ali com dois dos seus discípulos. 36Quando viu Jesus passar, disse:
— Aí está o Cordeiro de Deus!
37Quando os dois discípulos de João ouviram isso, saíram seguindo Jesus. 38Então Jesus olhou para trás, viu que eles o seguiam e perguntou:
— O que é que vocês estão procurando?
Eles perguntaram:
— Rabi, onde é que o senhor mora? (“Rabi” quer dizer “mestre”.)
39— Venham ver! — disse Jesus.
Então eles foram, viram onde Jesus estava morando e ficaram com ele o resto daquele dia. Isso aconteceu mais ou menos às quatro horas da tarde.
40André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois homens que tinham ouvido João falar a respeito de Jesus e por isso o haviam seguido. 41A primeira coisa que André fez foi procurar o seu irmão Simão e dizer a ele:
— Achamos o Messias. (“Messias” quer dizer “Cristo”.)
42Então André levou o seu irmão a Jesus. Jesus olhou para Simão e disse:
— Você é Simão, filho de João, mas de agora em diante o seu nome será Cefas. (“Cefas” é o mesmo que “Pedro” e quer dizer “pedra”.)
1. LEITURA
Que diz o texto?
Padre Gabriel Mestre[1]
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
Com quem João estava? O que disse João quando viu Jesus passar? O que fizeram os dois seguidores de João? O que lhes perguntou Jesus? O que responderam? Como se chamava o irmão de André? O que disse André a seu irmão? Aonde o levou?
Algumas considerações para uma leitura proveitosa…
Em sentido estrito, neste domingo começamos o Ano B do Tempo Comum. Durante este ano, leremos preponderantemente o Evangelho segundo são Marcos. No entanto, hoje, para abrir o ciclo, paradoxalmente temos um episódio tirado do primeiro capítulo do Evangelho segundo são João.
O Evangelho de João começa com um belo “prólogo”, que temos escutado durante o Tempo do Natal e, em seguida, relatam-se diversas cenas ao longo de uma “semana” da vida de Jesus, concluindo-se com as Bodas de Caná, no início do capítulo 2. Vale a pena conservar a Bíblia aberta em Jo 1–2 e ir observando o desenrolar desses acontecimentos que vão “revelando” progressivamente a pessoa de Jesus.
O Evangelho que hoje partilhamos é tirado do “terceiro dia” desta “primeira semana” de Jesus no Evangelho de João. Percebe-se com clareza o início de uma nova unidade literária pela expressão “no dia seguinte”. É uma cena importante de transição, na qual se “passa” do Antigo ao Novo Testamento; em que João Batista reconhece em Jesus o Messias esperado e, por isso, não retém seus discípulos para si, mas os orienta para Jesus. João começa a “decrescer” para que Jesus “cresça”. O Batista guia e dirige seus discípulos para o “mais Forte”…
Neste contexto, João Batista define Jesus no v. 36 como o Cordeiro de Deus (já o havia feito no v. 29 como Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo). A palavra “cordeiro” evoca, na época de Jesus, o culto do templo, em Jerusalém, no qual este animal (gado miúdo) era utilizado para os diversos rituais e lembrava os “grandes sacrifícios” na história do povo (1. sacrifício diário no Templo, manhã e tarde; 2. sacrifício no lugar de Isaque; 3. sacrifício na noite de Páscoa; 4. sacrifício do Servo Sofredor, que se oferece pelos pecados).
Jesus é claramente o Cordeiro de Deus, mas não no mesmo plano que os sacrifícios da história de Israel, mencionados mais acima. É evidente a superioridade de Jesus como Cordeiro de Deus… Sua vinda, de fato, suprime, da parte de Deus, a necessidade dos ritos antigos, visto que Ele mesmo oferece e é a “vítima perfeita” que realiza a reconciliação plena e total dos homens com Deus.
É interessante a pergunta de Jesus aos discípulos de João que o seguem: “O que é que vocês estão procurando?” Eles, por sua vez, responderam com outra pergunta: “Rabi, onde é que o senhor mora?” A resposta de Jesus não se faz esperar: “Venham ver!” Estes dois discípulos querem saber algo acerca de Jesus, e recebem como resposta um convite a fazer a experiência de encontro: precisam segui-lo e verão. Talvez os discípulos buscassem um conhecimento mais superficial, gostariam de conhecer “detalhes” sobre Jesus. O Senhor vai mais longe e os convida a ter um encontro vital com Ele. Diz-nos o evangelista que ficaram com o Mestre todo o dia.
No v. 40, diz-se que um dos discípulos era André, irmão de Simão Pedro. A experiência do encontro com Jesus foi tão intensa que a primeira coisa que faz é buscar seu irmão e dizer-lhe que encontrou o Messias.
Está claro que com a chegada de Jesus, o Messias, o Cristo, a espera do Povo chega ao fim: os homens encontram-se “face a face” com o Deus que vem salvá-los.
A apresentação feita por João Batista desencadeia um tipo de admiráveis comunicadores que vão passando uns aos outros o inadiável descobrimento. Os que tiveram a graça extraordinária de estar com Cristo convidam outros a fazer a mesma experiência. Não podemos calar o que vimos e ouvimos, vai dizer-nos a Primeira Carta de João (1.1-4).
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
Hoje Jesus nos faz um convite especial e, por isso, devemos adotar uma atitude alegre. Para entender um pouco do que se trata, é necessário que pensemos naqueles momentos em que convidamos algum de nossos amigos à nossa casa. Quando chega, conhece mais de nossa intimidade, talvez nosso quarto, nossa família, come conosco, etc. Se, além disso, dorme em nossa casa essa noite, o vínculo de amizade se estreita ainda mais e a razão é que nos conhecemos e abrimos a porta para nossa maior intimidade, que é nossa casa. A esse amigo é que contamos nossos segredos mais íntimos, ou talvez a quem telefonamos primeiro no dia de seu aniversário, ou com quem partilhamos nossas mais profundas tristezas.
Assim, desta forma, Jesus convida-nos a conhecer onde ele vive, a segui-lo, a cultivar uma intimidade profunda com Ele, a ficar em sua casa para sempre e, assim, poder sermos amigos mais íntimos.
Hoje Jesus deseja partilhar conosco sua vida, que o conheçamos mais, que saibamos do que ele gosta, com que sonha, o que não lhe agrada, mas, acima de tudo, quer um pouco mais: que fiquemos com Ele. Não somente quer ter intimidade conosco, mas que, além do mais, deseja estar ao nosso lado para sempre.
Contudo, além de ter uma amizade estreita com Jesus e de partilhar a intimidade de sua casa, também somos convidados a ser como João. Ele é quem nos leva a Jesus, quem perde o protagonismo somente para dar-se a Ele, e é nosso desafio, hoje, levar Jesus a nossos irmãos, amigos, companheiros e familiares, para que o vejam, conheçam e amem, e para que eles também possam ter uma relação de amizade e de intimidade com Ele e possam ficar sempre a seu lado, e que, ademais, possamos ser cada vez menos protagonistas e permitir que Jesus o seja.
Jesus deseja permanecer conosco, convida-nos à sua casa, de modo que, separemos um período de tempo durante o dia para reunir-nos na intimidade com Jesus, para ler sua Palavra, para conhecê-lo mais, para partilhar com Ele.
Agora perguntemo-nos:
Sou para os outros um “João Batista” ou um discípulo que leva os outros a um encontro com Jesus? A experiência de encontro com Jesus me transforma em um comunicador de sua presença aos outros irmãos? Levei outros irmãos ao lugar em que Jesus mora? Quis segui-lo incondicionalmente, aceitando seu convite do “Venham ver”? Dei o valor necessário à presença de Jesus no altar da Eucaristia?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Jesus, que vives no Sacrário,
Tu providencias o que nos faz falta,
para podermos estar perto de ti.
Em todas as necessidades,
em todas as alegrias,
quero permanecer em Ti.
Que teu Coração bata em meu coração.
Desejo sentir teu amor,
e tudo o que for meu,
dá-lo também a ti.[2]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Senhor, obrigado por viveres no meio de nós.
Peço-te que me permitas levar-te a todos os meus irmãos.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Convidarei alguns dos meus amigos que não tenham ido ao meu grupo jovens de oração, a fim de que conheçam Jesus. Além disso, reservarei um momento do dia para reunir-me em intimidade com Jesus.
“Procurem sempre viver na amizade de Deus”.
São João Bosco.
[1] Sacerdote do clero diocesano do bispado de Mar del Plata, na República Argentina. Atualmente, Vigário Geral e Administrador Paroquial da Catedral da Diocese de Mar del Plata. Membro do Departamento de Animação Bíblica da Pastoral da Conferência.
[2] Santa Teresinha de Jesus – baseada na oração do Ofício das Leituras (Domingo, 11 de janeiros de 2015).