Mateus 17,22-27
11 de agosto de 2014Onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles
13 de agosto de 2014Mt 18,1-5.10.12-14
Neste momento os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe: “Quem é o maior no Reino dos céus?” Jesus chamou uma criancinha, colocou-a no meio deles e disse: “Em verdade vos declaro: se não vos transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos céus. Aquele que se fizer humilde como esta criança será maior no Reino dos céus. E o que recebe em meu nome a um menino como este, é a mim que recebe. Guardai-vos de menosprezar um só destes pequenos, porque eu vos digo que seus anjos no céu contemplam sem cessar a face de meu Pai que está nos céus. Que vos parece? Um homem possui cem ovelhas: uma delas se desgarra. Não deixa ele as noventa e nove na montanha, para ir buscar aquela que se desgarrou? E se a encontra, sente mais júbilo do que pelas noventa e nove que não se desgarraram. Assim é a vontade de vosso Pai celeste, que não se perca um só destes pequeninos”.
“E tu, filho do homem, escuta o que eu te digo: Abre a boca e come o que te vou dar!”
Poderíamos começar a oração com este convite, que está na primeira leitura de hoje (Ez 2, 8-3,4), à abertura para o que Deus tem a dizer. Um convite a considerar que o que Deus nos diz é alimento pra vida!
Olhei e vi avançando para mim uma mão, que segurava um manuscrito enrolado, que foi desdobrado diante de mim: estava coberto com escrita de um e de outro lado: eram cânticos de luto, de queixumes e de gemidos.
Que possamos entregar a Deus tudo o que trazemos no coração neste momento. Talvez tenhamos nas mãos, na cabeça e no coração um manuscrito coberto dos dois lados! A mente cheia de coisas! Cheia de cânticos de luto, de queixas, de lamentações. Nossas e dos outros… Muitas perguntas, muitos incômodos, muitas dúvidas, muito não saber o que fazer.
Ao ler o Evangelho, experimento que desejo uma contradição: desejo a perfeição. Desejo uma vida linear, sem sobressaltos, sem erros. Desejo ter atitudes sempre impecáveis. Sem dar espaço às minhas fraquezas…
Ir atrás da ovelha que se perdeu é não desprezar minhas fraquezas. É não desprezar o que ainda é criança na minha vida. E por que eu não devo desprezar minhas fragilidades? Porque a vontade do Pai é que “não se perca um só destes pequeninos.” A vontade do Pai é que sejamos pessoas íntegras, e que em nada de nós, por menor que seja, se perca.
Em geral, mas não só e nem sempre, as fraquezas são as portas de entrada que deixamos para Deus. Querer eliminar o que é pequeno e frágil em nós é fugir da humanidade, é fugir da condição limitada, é perder contato com a realidade, que é sempre imperfeita.
E as consequências disso são vistas em todos os âmbitos das minhas relações. Meu relacionamento com Deus fica superficial, não aprofundo as questões que estão relacionadas à minha fraqueza. No relacionamento comigo mesma, acabo por me exigir demais, não assumo tudo o que sou e não cresço. Com relação ao outro, ele acaba sendo massacrado por mim, ainda que eu só faça isso internamente, porque espero dele a perfeição e a perfeição é muito perversa. Principalmente porque será sempre a perfeição segundo eu mesma. Isso me faz disposta a julgar sempre, mas nunca a acolher.
Que a oração de hoje nos leve a esse encontro profundo com Deus e com tudo o que somos. Que experimentar a fraqueza seja oportunidade de nos deixar reerguer pelas palavras de Deus, que são sempre alimento.
Pollyanna Vieira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte – MG