Todo cristão é João Batista!
30 de julho de 2016Graças a Deus (Mt 14,13-21)
1 de agosto de 2016PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Jesus, irmão, Mestre, aproxima-nos do Pai,
mostra-nos seu rosto,
acompanha-nos no caminho para o Reino,
envia-nos teu Espírito!
Tu nos prometeste que estarias presente entre nós,
que caminharias ao nosso lado,
que tua força nos animaria.
Senhor, que venha teu Espírito!
Precisamos aprender a discernir,
a descobrir por onde passa o Reino nesse tempo.
Precisamos aprender a reconhecer os sinais
de Deus em nosso meio.
Precisamos aprender a seguir teus passos,
a viver o Evangelho,
a comprometer-nos com o projeto do Pai.
Buscamos tua inspiração,
vem Espírito Santo!
TEXTO BÍBLICO: Lucas 12.13-21
O rico sem juízo
13Um homem que estava no meio da multidão disse a Jesus:
– Mestre, mande o meu irmão repartir comigo a herança que o nosso pai nos deixou.
14Jesus disse:
– Homem, quem me deu o direito de julgar ou de repartir propriedades entre vocês?
15E continuou, dizendo a todos:
– Prestem atenção! Tenham cuidado com todo tipo de avareza porque a verdadeira vida de uma pessoa não depende das coisas que ela tem, mesmo que sejam muitas.
16Então Jesus contou a seguinte parábola:
– As terras de um homem rico deram uma grande colheita. 17Então ele começou a pensar: “Eu não tenho lugar para guardar toda essa colheita. O que é que vou fazer? 18Ah! Já sei! – disse para si mesmo. – Vou derrubar os meus depósitos de cereais e construir outros maiores ainda. Neles guardarei todas as minhas colheitas junto com tudo o que tenho. 19Então direi a mim mesmo: ‘Homem feliz! Você tem tudo de bom que precisa para muitos anos. Agora descanse, coma, beba, alegre-se’”. 20Mas Deus lhe disse: “Seu tolo! Esta noite você vai morrer; aí quem ficará com tudo o que você guardou?”
21Jesus concluiu:
– Isso é o que acontece com aqueles que juntam riquezas para si mesmos, mas para Deus não são ricos.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Dom Víctor Hugo Palma[1]
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
O que disse a Jesus um homem que estava no meio da multidão? O que Jesus lhe respondeu? Qual é a personagem principal da parábola narrada por Jesus? O que acontece com o homem que amontoa riquezas para si?
Algumas pistas para compreender o texto:
Este domingo nos apresenta uma reflexão que nem sempre está presente na consciência humana: a vaidade, a fragilidade dos bens e das situações. Ignorar essa realidade provoca aquilo a que o Papa Francisco chama de “idolatria da riqueza”. É obra de misericórdia não física, mas espiritual, ajudar a ver esta verdade e conseguir que a vida de nossos irmãos tenha uma orientação espiritual.
1) Tudo é vaidade. O livro chamado “do Pregador”, ou Qoélet, ou Eclesiastes, faz com que Salomão fale com uma inegável “decepção ou desilusão” do mundo material pelo qual tantos se afadigam. Contrariamente ao judaísmo mais fechado e a certos evangelismos de hoje que buscam um “deus de prosperidade material”, na voz do “Pregador”, à parte sua denúncia da superficialidade dos bens que passam, ouve-se o convite a erguer os olhos para o Criador e a não fixar-se nas criaturas.
2) “Para quem ficará tudo o que tens?”. Em seu caminho para Jerusalém, Jesus é abordado por alguém que não lhe pede conhecer a vontade de Deus ou aproximar-se mais dele, mas por alguém que está preocupado com uma herança. Jesus responde “misericordiosamente”: detém-se a “abrir os olhos e a ensinar ao que não sabe” quais são os tesouros que não se acabam. Em sua resposta, tal como citou na sinagoga de Nazaré (“O Senhor me deu o seu Espírito para… dar vista aos cegos”), o Senhor não condena o “materialista” que o aborda, mas se torna seu mestre, orienta-o, assim como seus discípulos devem fazer hoje, imersos em uma cultura sem consideração para com o amanhã espiritual e carente de testemunhas daquele “Amar a Deus sobre todas as coisas” e não fazer dos bens “deuses concretos que não saciam a sede humana de felicidade”.
3) Busquem as coisas do alto onde está Cristo. São Paulo novamente contribui enormemente para a reflexão de hoje: ele convida a “buscar as coisas do alto”, ou seja, os valores e não “os preços materiais”. O apóstolo, como mestre de vida espiritual, chama a um testemunho cristão de fé no “humanamente invisível”. A impureza, a cobiça, etc., já não têm cabimento no caminho de quem é discípulo e testemunha de Jesus Cristo.
Resumo: Hoje, como nunca, o discípulo de Cristo Misericordioso tem uma missão urgente: pôr em prática o “dar vista ao cego” ou, como diz o Catecismo: “ensinar a quem não sabe”, aos homens e às mulheres, aos jovens e até às crianças, que o “mundo que passa” e os bens são objetos de sedução para as pessoas às quais faltam a solidariedade, a fraternidade, a justiça ou a misericórdia.
O que o Senhor me diz no texto?
O evangelho dominical traz-nos um convite muito concreto: dar o verdadeiro valor às coisas que temos ou queremos ter. É normal que, como jovens, sonhemos com comodidades (roupa, tecnologia, viagens, etc.), e se formos abençoados com elas, que tenha sido fruto de um esforço honesto e responsável. Quando nos sentimos menos importantes por não ter o último telefone celular, quando permitimos que nossos amigos influenciem em nosso modo de vestir, ou quando nos envergonhamos do lugar onde vivemos, estamos dando mais valor a “ter coisas” do que a “ser pessoas”. O que mais importa a Deus e à nossa felicidade é que sejamos pessoas, que reconheçamos que somos criação de Deus, que sigamos Jesus Cristo e que possamos servi-lo nas outras pessoas.
Reflitamos com algumas palavras de São João Paulo II: “O Evangelho contém a verdade sobre o homem porque contém tudo o que está acima do homem e que, ao mesmo tempo, o homem pode alcançar em Cristo, colaborando com a ação de Deus, que age dentro do homem. Este é o caminho da sabedoria. E nesse caminho da sabedoria se resolve o paradoxo entre a vaidade e o valor, o paradoxo que o homem vive frequentemente.
Muitas vezes o homem é propenso a olhar sua vida a partir do ponto de vista da vaidade. No entanto, Cristo quer que a vivamos a partir do ponto de vista do valor, mas tendo sempre o cuidado de utilizar a justa hierarquia de valores, a justa escala de valores.
(…) Cristo exortou o homem à pobreza, a adquirir uma atitude que não o faça fechar-se na temporalidade, que não o faça ver nela o fim último da própria existência e não o faça basear tudo no consumo, no prazer. Um homem assim é pobre neste sentido, porque está continuamente aberto. Aberto para Deus e aberto para esses valores que nos vêm de sua ação, de sua graça, de sua criação, de sua redenção e de seu Cristo”.[2]
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Valorizo minha vida, minha família, meus amigos pelo que são e não pelo que têm? Confio minha ilusão de ter coisas à vontade de Deus? Preocupo-me com meu crescimento espiritual mais do que com minha aparência física?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Vem, Senhor, ao meu barro e modela-me de novo, a cada dia.
Vem e transforma meu egoísmo em generosidade,
minha covardia em coragem, meus medos em fortaleza e motivação,
a obscuridade de meus pecados na luz de tua graça,
minha vaidade em sensibilidade, meu orgulho em humildade, minhas dúvidas em fé,
minha inquietude em esperança.
Amém.[3]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Tudo o que tenho me foi dado por ti, Senhor, e é para tua glória e para o serviço de meus irmãos.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, reflito sobre qual é o objeto a que dou mais importância e me esforçarei por desapegar-me dele aos poucos, até encontrar, com Jesus, a forma de servir aos outros através dele.
“Meu Jesus, agora percebi que o mundo todo é vaidade; que somente uma coisa é necessária: amar-te e servir-te com fidelidade, parecer-me ou assemelhar-se em tudo a ti. Nisso consistirá toda minha ambição”.
Santa Teresa dos Andes