Você acredita nisso? (João 11,19-27)
29 de julho de 2016XVIII Domingo do Tempo Comum – Ano C – “Senhor, tu tens sido o nosso refúgio” Sl 90.1
31 de julho de 2016Leitura: Mateus 14, 1-12
Naquele tempo Herodes, o governador da Galileia, ouviu falar a respeito de Jesus. Então ele disse aos seus funcionários:
— Esse homem é João Batista, que foi ressuscitado. Por isso esse homem tem poder para fazer milagres.
Pois Herodes tinha mandado prender João, amarrar as suas mãos e jogá-lo na cadeia. Ele havia feito isso por causa de Herodias, esposa do seu irmão Filipe. Pois João Batista tinha dito muitas vezes a Herodes: “Pela nossa Lei você é proibido de casar com Herodias!”
Herodes queria matá-lo, mas tinha medo do povo, pois eles achavam que João era profeta. No dia do aniversário de Herodes, a filha de Herodias dançou diante de todos, e ele gostou tanto, que prometeu à moça:
— Juro que darei tudo o que você me pedir!
Seguindo o conselho da sua mãe, ela pediu:
— Quero a cabeça de João Batista num prato, agora mesmo!
O rei Herodes ficou triste, mas, por causa do juramento que havia feito na frente dos convidados, ordenou que o pedido da moça fosse atendido. E mandou que cortassem a cabeça de João Batista, na cadeia. Aí trouxeram a cabeça num prato, entregaram para a moça, e ela a levou para a sua mãe. Então os discípulos de João vieram, levaram o corpo dele e o sepultaram. Depois foram contar isso a Jesus.
Oração:
Todos nós, cristãos e cristãs, estamos de certa forma em João Batista. O primo de Jesus nasceu para ser o precursor do Filho (Lc 1, 76). Enquanto exercia sua missão, chegou a batizar o próprio Jesus, testemunhando a voz do Pai, que confirmava: “este é o meu filho amado, no qual descanso e me alegro!” (Mt 3, 17). Ouvindo aquilo, João Batista, homem de oração, deve ter se enchido de esperança: “agora verei o Reino!” No entanto, quando Jesus começa a exercer de forma ostensiva sua missão, João Batista é morto. A vida de João Batista fica pelo caminho da construção do Reino.
Às vezes, ao constatarmos que somos como João Batista, que anuncia um tempo que ele não verá em plenitude, talvez sejamos tentados a desanimar. Olhamos para a missão tão grande, com tão poucos trabalhadores (Mt 9, 36-38), e pensamos: “não verei o Reino construído!” Olhamos para os campos que não foram semeados, seus solos tão hostis (Mc 4, 1-9), as sementes tão frágeis (Mc 4, 30-32), e pensamos: “não verei a copa frondosa dessa árvore”. Olho para o tesouro escondido no campo e me ponho a caminho da cidade para vender tudo e comprar aquele campo (Mt 13, 44-46), mas penso: “comprarei o campo, mas não terei tempo de desenterrar o tesouro!” E, além disso tudo, às vezes olho para o lado e vejo que tantos, como João Batista, não apenas não verão o Reino, mas estão sendo mortos por causa de sua fidelidade ao Reino! Onde está a alegria do Evangelho então? Não sentirei, ainda nesta vida, essa alegria?
Na oração, Alguém me lembra de que eu não sou o dono da história da salvação. Eu sou um trabalhador da vinha (Mt 20, 1-16). Na história, sou ora quem come do que já se plantou e colheu, ora quem colhe sem ter plantado, ora quem semeia sabendo que não verá sequer o broto. Olho para esse processo e consigo, como João Batista, pular de alegria (Lc 1, 44), só de saber que ali, na barriga ao lado da barriga da minha mãe, há uma pequena vida que salva. Vejo a pequenez da minha vida, a pequenez da vida do Reino, nós todos sementes de mostarda, e consigo já saltar de felicidade!
O oração com a vida de João Batista nos dê a alegria para semear apenas com o sonho de ver a árvore e a paz para ser vítimas da história que ainda testemunha tempos de dizer tantos “nãos” ao Amor.
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte