“Deixem o joio e o trigo crescerem juntos”
23 de julho de 2016Quem quiser ser primeiro, seja servo
25 de julho de 2016“Que todas as nações louvem o nosso Deus!
Que cantem hinos de louvor em voz alta!”.
Sl 66.8
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Jesus, irmão, Mestre, aproxima-nos do Pai,
mostra-nos seu rosto,
acompanha-nos no caminho para o Reino,
envia-nos teu Espírito!
Tu nos prometeste que estarias presente entre nós,
que caminharias ao nosso lado,
que tua força nos animaria.
Senhor, que venha teu Espírito!
Precisamos aprender a discernir,
a descobrir por onde passa o Reino nesse tempo.
Precisamos aprender a reconhecer os sinais
de Deus em nosso meio.
Precisamos aprender a seguir teus passos,
a viver o Evangelho,
a comprometer-nos com o projeto do Pai.
Buscamos tua inspiração,
vem Espírito Santo!
TEXTO BÍBLICO: Lucas 11.1-13
Jesus ensina a orar
Mateus 6.5-15;7.7-11
1Um dia Jesus estava orando num certo lugar. Quando acabou de orar, um dos seus discípulos pediu:
— Senhor, nos ensine a orar, como João ensinou os discípulos dele.
2Jesus respondeu:
— Quando vocês orarem, digam:
“Pai, que todos reconheçam
que o teu nome é santo.
Venha o teu Reino.
3Dá-nos cada dia o alimento
que precisamos.
4Perdoa os nossos pecados,
pois nós também perdoamos
todos os que nos ofendem.
E não deixes que sejamos tentados.”
5Então Jesus disse aos seus discípulos:
— Imaginem que um de vocês vá à casa de um amigo, à meia-noite, e lhe diga: “Amigo, me empreste três pães. 6É que um amigo meu acaba de chegar de viagem, e eu não tenho nada para lhe oferecer.”
7— E imaginem que o amigo responda lá de dentro: “Não me amole! A porta já está trancada, e eu e os meus filhos estamos deitados. Não posso me levantar para lhe dar os pães.”
Jesus disse:
8— Eu afirmo a vocês que pode ser que ele não se levante porque é amigo dele, mas certamente se levantará por causa da insistência dele e lhe dará tudo o que ele precisar. 9Por isso eu digo: peçam e vocês receberão; procurem e vocês acharão; batam, e a porta será aberta para vocês. 10Porque todos aqueles que pedem recebem; aqueles que procuram acham; e a porta será aberta para quem bate. 11 Por acaso algum de vocês será capaz de dar uma cobra ao seu filho, quando ele pede um peixe? 12Ou, se o filho pedir um ovo, vai lhe dar um escorpião? 13 Vocês, mesmo sendo maus, sabem dar coisas boas aos seus filhos. Quanto mais o Pai, que está no céu, dará o Espírito Santo aos que lhe pedirem!
1. LEITURA
Que diz o texto?
Dom Víctor Hugo Palma[1]
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
O que fazia Jesus? O que lhe disse um de seus discípulos? O que Jesus lhes ensinou? Que parábolas Jesus lhes contou a respeito da oração? O que o Pai celestial nos dará se lhe pedirmos?
Algumas pistas para compreender o texto:
Em seu caminho para Jerusalém, Jesus, revelador da Misericórdia do Pai, mostra-se hoje como “mestre de oração”. Como sabemos, a própria oração é parte da relação filial com Deus: a oração, feita com assiduidade e com confiança, não muda Deus, que já é bom, mas desperta em nós o sentimento de amor para com a misericórdia, para com a Providência Divina que nos concede sempre aquilo que mais nos convém. Três ensinamentos e modelos de oração são-nos oferecidos na página sagrada:
1) Abraão intercedia pelas cidades pecadoras. Na continuação da cena do “encontro com o Senhor em Mambré”, hoje Abraão, inteirado da decisão do Senhor de destruir Sodoma e Gomorra, “intercede por elas” em sua famosa “pechincha de preço”, ao estilo oriental. Embora Abraão conheça aqueles lugares de maldade (seu parente, Ló, vivia ali), ele age “com misericórdia”, tal como nos pede o Papa Francisco: “Orar e praticar a misericórdia, inclusive com os mais malvados da sociedade” (Bula O Rosto da Misericórdia, 15ss).
2) Jesus ensina a oração da confiança e do perdão: o “Pai-Nosso” é a oração que Jesus ensina a seus discípulos no Evangelho do Jesus orante (como é o Evangelho de São Lucas). Nesta maravilhosa oração, sobressai-se o título com que ele se dirige a Deus chamando-o de “pai”, ou seja, evocando-lhe não tanto o poder quanto sua misericórdia, seu intenso amor por seus filhos. Nela se inclui a petição do perdão dos pecados, bem como o compromisso de “ser misericordiosos”, de perdoar as ofensas para que sejam perdoadas, assim como este ano tem como lema “Sejam misericordiosos como o Pai é misericordioso”. A imagem do amigo importuno e as comparações com o que é pedido (peixes, serpentes) ajudam a contemplar aquele que é sempre “melhor do que nós”, mas a quem devemos imitar em sua bondade e misericórdia para com seus filhos: o Pai do céu.
3) Ele perdoou nossos pecados. São Paulo também se une ao tema deste domingo em sua carta aos Colossenses: o apóstolo convida-nos a contemplar a misericórdia divina que já no batismo recebemos como “perdão”.
Resumo: na vida cristã, a oração não pode ser senão uma janela para Deus, a qual parte da janela ou da contemplação dos demais. Interceder, como Abraão, perdoar para ser perdoados, dar graças pela redenção são parte do orar cotidiano de um filho do Pai Misericordioso.
O que o Senhor me diz no texto?
No Evangelho, Jesus apresenta Deus como um pai de misericórdia infinita. Não devemos duvidar de que estamos sob seus cuidados, de que Ele nos sustenta em cada momento, pois usa todo o seu poder para amar-nos. Ele espera que o acolhamos, e quando experimentarmos esse abandono e essa confiança em sua misericórdia, veremos as coisas com seus olhos, os olhos do amor.
Reflitamos um pouco mais com estas palavras do Papa Bento XVI: “Para quantos fizeram a experiência de um pai demasiado autoritário e inflexível, ou indiferente e pouco carinhoso ou até mesmo ausente, não é fácil pensar com serenidade em Deus como Pai e abandonar-se a Ele com confiança.
“Mas a revelação bíblica ajuda a superar estas dificuldades, falando-nos de um Deus que nos indica o que significa ser verdadeiramente ‘pai’; e é sobretudo o Evangelho que nos revela este rosto de Deus como Pai que ama até ao dom do próprio Filho, para a salvação da humanidade. Por conseguinte, a referência à figura paterna ajuda a compreender algo do amor de Deus, que no entanto permanece infinitamente maior, mais fiel, mais total do que o amor de qualquer homem (…). Deus é nosso Pai, porque nos abençoou e escolheu antes da criação do mundo (cf. Ef 1.3-6), tornando-nos realmente seus filhos em Jesus (cf. 1Jo 3.1). E, como Pai, Deus acompanha com amor a nossa existência, concedendo-nos a sua Palavra, o seu ensinamento, a sua graça e o seu Espírito.
“Ele — come revela Jesus — é o Pai que alimenta os pássaros do céu, sem que eles tenham que semear e colher, e reveste de cores maravilhosas as flores dos campos, com vestes mais belas do que as do rei Salomão (cf. Mt 6.26-32; Lc 12.24-28); quanto a nós — acrescenta Jesus — valemos muito mais que as flores dos campos e os pássaros do céu! E se Ele é tão bom, a ponto de fazer «nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e… chover sobre os justos e sobre os injustos» (Mt 5.45), poderemos sempre, sem medo e com confiança total, confiar-nos ao seu perdão de Pai, quando erramos o caminho. Deus é um Pai bom que acolhe e abraça o filho perdido e arrependido (cf. Lc 15.11 ss.), dá gratuitamente àqueles que pedem (cf. Mt 18.19;Mc 11.24; Jo 16.23) e oferece o pão do céu e a água viva que faz viver eternamente (cf. Jo 6.32.51.58)”.[2]
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Experimentei o amor de Deus Pai em minha vida? Oro com fé o Pai-Nosso? Quando oro com o Pai-Nosso, minha oração é somente repetição ou ela alimenta minha relação com Deus Pai?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
“Pai, eu não existia, e pensaste em mim;
Tu me chamaste do nada e me concedeste
o dom de responder: ‘eu sou’.
Guiaste com secreta providência a vida de minha existência,
dispuseste as etapas de meu caminho.
Chamaste-me de longe para que te respondesse de perto.
Sou criatura em tuas mãos, argila disforme e imagem de teu rosto.
Refaz em mim teu semblante e não me julgues se o esqueço.
Sou frágil em tuas mãos potentes: minha debilidade é sinal de teu domínio;
tuas mãos, porém, são piedosas: socorrem e sustentam, corrigem e vivificam.
Nelas entregarei minha vida, pois aí nada se perde;
perderei meu ser em ti, meu Pai, meu princípio e meu fim”.[3]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Jesus, ensina-me a rezar.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, rezarei a oração do Pai-Nosso. Para cada dia, escolherei um fragmento, o qual repetirei várias vezes, usando minhas próprias palavras.
““Deus não abandona ninguém; quem a Ele recorre com o coração livre do pecado e com a oração bem feita, obterá tudo o de que necessita”.
São João Bosco
[1]Bispo da Diocese de Escuintla (Guatemala). Presidente da Comissão de Animação Bíblica da Pastoral da Conferência Episcopal da Guatemala.
[2] Papa Bento XVI – audiência geral em 30 de janeiro de 2013 ( https://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/audiences/2013/documents/hf_ben-xvi_aud_20130130.html).
[3] Beato Paulo VI.