Jesus nos leva para orar (Lc 9, 28b-36)
6 de agosto de 2016Você prefere ser feliz ou estar com a razão?
8 de agosto de 2016PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito de amor, concede-me:
uma inteligência que te conheça;
uma angústia que te procure;
uma sabedoria que te encontre;
uma vida que te agrade;
uma perseverança que, enfim, te possua.
Amém.[1]
TEXTO BÍBLICO: Lucas 12.32-48
Riquezas no céu
Mateus 6.19-21
32Jesus continuou:
— Meu pequeno rebanho, não tenha medo! Pois o Pai tem prazer em dar o Reino a vocês. 33Vendam tudo o que vocês têm e deem o dinheiro aos pobres. Arranjem bolsas que não se estragam e guardem as suas riquezas no céu, onde elas nunca se acabarão; porque lá os ladrões não podem roubá-las, e as traças não podem destruí-las. 34Pois onde estiverem as suas riquezas, aí estará o coração de vocês.
Os empregados alertas
35E Jesus disse ainda:
— Fiquem preparados para tudo: estejam com a roupa bem presa com o cinto e conservem as lamparinas acesas. 36Sejam como os empregados que esperam pelo patrão, que vai voltar da festa de casamento. Logo que ele bate na porta, os empregados vão abrir. 37Felizes aqueles empregados que o patrão encontra acordados e preparados! Eu afirmo a vocês que isto é verdade: o próprio patrão se preparará para servi-los, mandará que se sentem à mesa e ele mesmo os servirá. 38Eles serão felizes se o patrão os encontrar alertas, mesmo que chegue à meia-noite ou até mais tarde. 39Lembrem disto: se o dono da casa soubesse a que hora o ladrão viria, não o deixaria arrombar a sua casa. 40Vocês, também, fiquem alertas, porque o Filho do Homem vai chegar quando não estiverem esperando.
O empregado fiel e o empregado infiel
Mateus 24.45-51
41Então Pedro perguntou:
— Senhor, essa parábola é só para nós ou é para todos?
42O Senhor respondeu:
— Quem é, então, o empregado fiel e inteligente? É aquele que o patrão encarrega de tomar conta da casa e de dar comida na hora certa aos outros empregados. 43Feliz aquele empregado que estiver fazendo isso quando o patrão chegar! 44Eu afirmo a vocês que, de fato, o patrão vai colocá-lo como encarregado de toda a sua propriedade. 45Mas imaginem o que acontecerá se aquele empregado pensar que o seu patrão está demorando muito para voltar. E imaginem que esse empregado comece a bater nos outros empregados e empregadas e a comer e a beber até ficar bêbado. 46Então o patrão voltará no dia em que o empregado menos espera e na hora que ele não sabe. Aí o patrão mandará cortar o empregado em pedaços e o condenará a ir para o lugar aonde os desobedientes vão.
47 — O empregado que sabe qual é a vontade do patrão, mas não se prepara e não faz o que ele quer, será castigado com muitas chicotadas. 48Mas o empregado que não sabe o que o patrão quer e faz alguma coisa que merece castigo, esse empregado será castigado com poucas chicotadas. Assim será pedido muito de quem recebe muito; e, daquele a quem muito é dado, muito mais será pedido.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Pe. Daniel Kerber [2]
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
Em que consiste o prazer do Pai? De acordo com o que disse Jesus, onde estará nosso coração? Que tipo de empregado é feliz? Quando virá o Filho do Homem? O que acontecerá com aquele a quem muito é dado?
Algumas pistas para compreender o texto:
De algum modo, o texto deste domingo dá continuidade à parábola do rico insensato que lemos no domingo passado. Jesus convidou-nos a confiar-nos inteiramente no Deus providente (Lc 13.33-31); agora convida-nos a guardar nossas riquezas no céu.
Podemos distinguir três partes no texto: na primeira, depois de ter criticado a confiança na riqueza, Jesus ensina onde está o verdadeiro tesouro (vv. 32-34); em seguida, ensina a estarmos sempre preparados para o encontro (vv. 35-40); por fim, temos o ensinamento da parábola do empregado fiel (vv. 41-48).
Jesus era um mestre ambulante que ia de uma aldeia a outra com seus discípulos; comiam do que lhes davam, e por isso Jesus ensina lhes ensina a não afligir-se por causa da comida e da roupa (vv. 22ss). O que lhes cabe é buscar o Reino de Deus e sua justiça, pois tudo o mais lhes será dado em acréscimo (v. 31); ademais, o Pai quis dar o Reino aos pobres discípulos de Jesus (v. 32). Por isso, sabendo dessa riqueza que o Pai dá, convida-os a desprender-se de seus bens e dá-los aos pobres, a fim de terem um tesouro no céu.
Na segunda parte, Jesus ensina a estar preparados a todo momento para a vinda do Filho do Homem (v. 40). Embora, no contexto, a vinda faça referência à segunda vinda de Jesus no fim dos tempos, e também à morte pessoal, o convite à vigilância estende-se a todo momento. Jesus caminha conosco, como o fez com os discípulos de Emaús, mesmo que, de início, seus olhos não o tenham reconhecido (Lc 24.15s,31). Somos convidados a estar vigilantes para podermos reconhecer o Senhor que caminha conosco e nos convida a segui-lo em cada momento.
Finalmente, diante da pergunta de Pedro, Jesus expande seu ensinamento com a parábola do empregado fiel e do infiel. A fidelidade do empregado não é algo externo, para mostrar-se diante de seu senhor; não é apenas para o momento da chegada do senhor: ele é fiel porque está cumprindo seu dever (v. 43).
Em nossa cultura, esse “cumprir a obrigação” soa como algo negativo; no entanto, a fidelidade não saiu de moda; a fidelidade é a liberdade que se compromete e é capaz de manter tal compromisso, que é para sempre.
No centro do ensinamento a respeito do estar preparados e na parábola do empregado fiel, repete-se três vezes “ felizes” (v. 37,38,43). Tal ventura, tal felicidade é dada a quem vigia, àquele que está atento, à espera do Senhor; a quem supera a tentação do sono da noite, das trevas, a tentação da impaciência, e sabe esperar, mesmo que ele demore, mesmo que pareça não chegar… E também se diz que são felizes os que forem encontrados agindo conforme o patrão ordenou. Não existe maior felicidade do que agradar a quem sabemos que nos ama.
O que o Senhor me diz no texto?
Jesus enche-nos de alegria neste domingo. O Mestre ensina-nos, como discípulos, a viver de maneira mais plena e feliz. O convite é claro e direto: o maior tesouro é ele, sua palavra, seu amor para conosco; ponhamos toda a nossa esperança nele. É preciso estar atentos em meio a tantas distrações, conservando o tesouro de sua misericórdia da melhor maneira possível: servindo aos outros.
Reflitamos um pouco mais com estas palavras do Papa Francisco a um jovem seminarista de Roma: “Obrigado. Você mencionou a palavra vigilância. Esta é uma atitude cristã: a vigilância. A vigilância sobre si mesmo: o que se passa em meu coração? Porque onde estiver meu coração, aí estará meu tesouro. O que acontece aí? Dizem os padres orientais que devo saber bem se meu coração está perturbado ou se está tranquilo. Primeira pergunta: vigilância de seu coração: está em turbulência? Se está em turbulência, você não pode ver o que existe dentro dele. Como o mar, não é verdade? Não se veem os peixes quando o mar está turvo… O primeiro conselho, quando o coração está em turbulência, é o conselho dos padres russos: correr para debaixo do manto da Santa Mãe de Deus. (…) Em tempo de turbulência, buscar refúgio sob o manto da Santa Mãe de Deus. Assim dizem os monges russos e, de fato, assim é. Em seguida, que faço? Busco entender o que acontece, mas sempre em paz. Entender em paz. Logo a paz volta, e posso fazer o exame de consciência. Quando estou em paz, não há turbulência. “O que aconteceu hoje em meu coração?”. E isto é vigiar. Vigiar não é ir à sala de tortura, não! É olhar para o coração. Devemos ser donos de nosso coração. O que sente meu coração? O que busca? O que me fez feliz hoje e o que não me fez feliz?”
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Onde está meu tesouro? Em quem coloquei meu coração? Percebi que, graças à minha maneira de agir, foram-me confiadas coisas importantes? Quando decidi ser discípulo/discípula de Jesus, me converti em alguém mais atento, mais sensível diante das necessidade dos outros?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Como gostaria de deixar de lado todas as coisas
e dizer-te: somente tu és meu tesouro!
Mas são tantos e tão longos os períodos
que passo longe de ti,
em que as forças enfraquecem
e vivo apenas de belas lembranças,
da reserva que deixaste em meu coração
em ocasiões maravilhosas.
Como gostaria de ouvir novamente de teus lábios
meu nome dito com ternura e amor,
como um sussurro de alvorada!
Contudo, assusta-me abrir os ouvidos
e deixar que teu Espírito e tua voz
revolvam todo o meu interior
e me coloquem em mais confusão.
Muda meu coração,
sopra teu Espírito sobre meus ossos ressequidos,
acalma meus nervos,
para que recupere de novo a vida
e seja capaz de reconhecer teu chamado entre tantos,
para ver-te nos outros,
e poder dizer novamente com alegria:
somente tu és meu tesouro e minha felicidade![3]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Tu és meu tesouro, Senhor! Em ti coloquei meu coração!
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, faço uma lista das pessoas e das atividades mais importantes em minha vida: penso naquelas pessoas que me vêm imediatamente ao coração, penso nas atividades a que dedico mais tempo. Que lugar ocupa Jesus nesta lista? Convidarei alguns amigos a fazer o mesmo.
“O maior tesouro que se pode encontrar no céu e na terra está no Sacrário,
pois ali habita o Dono de toda a criação”.
São João Bosco
[1] São Tomás de Aquino.
[2] É sacerdote da Arquidiocese de Montevidéu (Uruguai) e administrador paroquial da Paróquia de são Alexandre de são Pedro Claver. Colabora também com as Sociedades Bíblicas Unidas no trabalho de tradução da Bíblia para as línguas indígenas e prestou serviço como “auditor” para o Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja (2008). É membro da equipe de apoio da escola bíblica do Cebipal (Centro Bíblico para a América Latina, do CELAM).
[3] Al viento del Espíritu, Florentino Ulibarri. Ed. Verbo Divino 2004.