Leitura Orante da terça feira depois da Epifania do Senhor.

05/01/2021 – Mc 6,34-44

“Vós mesmos, dai-lhes de comer Mc 6,37

Invoque o Espírito Santo com um canto ou uma oração, como preparação à leitura orante. Se possível, fazer uns instantes de silencio antes de dar início aos passos da Leitura.

Leitura. O que o texto diz.

Ler o texto Mc 4,34-44 em voz alta, pausada.

Hoje é um texto conhecido. É narrativa do primeiro milagre da multiplicação dos pães.

Ler agora em silêncio. Para conhecer detalhes do texto, seus personagens, ações, gestos, pensamentos, suas diferenças ou conflitos, seus deslocamentos geográficos e no tempo, bem como as intervenções do narrador. Sem esquecer as falas de Jesus, as reações a elas, e como ele se relaciona com os diversos personagens.

Há vários personagens. Jesus, os discípulos, a multidão. E o narrador presta várias informações importantes. No texto os discípulos parecem uma comunidade que falam, agem em grupo, como se fossem uma comunidade de discípulos. E a maior parte do texto é uma relação entre Jesus e essa comunidade de discípulos.

Há várias formas de voltarmos ao texto para certificarmos de que se consegue o desejado, que é o de conhecer o que o texto diz, pois do contrário. Uma é tentar recontar a narrativa pra si mesmo. Hoje, fazer essa tentativa mentalmente. Tente reconstruir as sequencias de ações e de falas.

Meditação. O que o texto me diz

É chegado o momento de dedicar um tempo a refletir sobre o que o texto me diz. O que nele me despertou mais atenção, mais fortemente me atingiu. Pode ser uma palavra, uma frase. Pode ser uma atitude, um comentário. E se alguém me perguntasse como eu definiria esse texto, de forma suscinta numa frase,

Oração. O que falo com Deus.

A relação do fiel com o Senhor a partir de texto do evangelho é um chamamento, uma interpelação, ao qual cabe ao discípulo uma resposta. Agora é o momento orar, falar com o Senhor.

É dizer a Ele o que vai no coração. Revelar o íntimo de mim ao Senhor que se revelou no texto. E aqui cabe livremente tudo. Minhas perplexidades, dúvidas, descrença, fé, pedidos, confiança, todo meu ser.

Orar é falar com intimidade ao Senhor.

Contemplação. O que o Senhor faz em mim.

Santa Teresa de Ávila descreve seus momentos de contemplação como sendo momentos em que o Senhor passeava em sua alma, vagarosamente, como se estivesse num horto, num jardim. Deixo o Senhor passear em minha alma, meu horto interior, em profundo silêncio.

Esta experiência de ler, meditar, orar me leva a experienciar a presença de Deus na palavra, agindo dentro do meu coração. Ele desperta sentimentos no coração, em minha mente pensamentos, em minha memória age lembrando, ou relacionando coisas. O que tudo isso faz em mim, por revelação do Senhor em mim, pela ação do Espírito Santo? Como consigo dizer, expressar o que Ele faz em mim?

Ação. O que o texto me leva a comprometer, agir.

A palavra de Deus não é filosofia abstrata. É experiencia do seu povo com Ele, narrada. Ela não será eficaz se não se transforma em vida concreta. O que este texto me leva a pensar sobre minha fé, minha ação na comunidade, na família, na sociedade? O que ele me solicita, interpela, na minha vida concreta? Ele me solicita alguma mudança no agir?

Marco Antonio Tourinho

Teólogo leigo – Belo Horizonte-MG