Aquele que serve (Mateus 23, 1-12)
3 de março de 2015Um grande abismo entre nós (Lc 16,19-31)
5 de março de 2015“Quando Jesus estava subindo para Jerusalém, chamou os discípulos para um lado e falou com eles, em particular, enquanto caminhavam. Ele disse:
Escutem! Nós estamos indo para Jerusalém, onde o Filho do Homem será entregue aos chefes dos sacerdotes e aos mestres da lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos não judeus. Estes vão zombar dele, bater nele e crucificá-lo; mas no terceiro dia ele será ressuscitado.
Então a mãe dos filhos de Zebedeu chegou com os seus filhos perto de Jesus, curvou-se e pediu a ele um favor.
O que é que você quer? – perguntou Jesus.
Ela respondeu:
_ Prometa que, quando o senhor se tornar Rei, estes meus filhos sentarão à sua direita e à sua esquerda.
Jesus disse aos dois filhos dela:
_Vocês não sabem o que estão pedindo. Por acaso vocês podem beber o cálice que eu vou beber?
_ Podemos! _ responderam eles.
Então Jesus disse:
De fato, vocês beberão o cálice que eu vou beber, mas eu não tenho o direito de escolher quem vai sentar à minha direita e à minha esquerda. Pois foi meu Pai quem preparou esses lugares e eles os dará a quem quiser.
Quando os outros dez discípulos ouviram isso, ficaram zangados com dois irmãos. Então Jesus chamou todos para perto de si e disse:
_ Como vocês sabem, os governadores dos povos pagãos têm autoridade sobre eles, e os poderosos mandam neles. Mas entre vocês não deve ser assim. Quem quiser ser importante, que seja o escravo de vocês. Porque até o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para salvar muita gente.”
“De fato, vocês beberão o cálice”. Beber o cálice é fato na nossa vida. Podemos dizer até que é o cálice da vida, doce e amargo. Com que atitudes o bebemos?
Em nossa composição de lugar, se tivermos oportunidade, podemos até mesmo colocar uma taça diante de nós. Olhar para ela e deixar que o Espírito nos conduza. Perceber os fatos e a nossa versão dos fatos, as situações e nosso modo de vivenciá-las. E sobretudo escutar Jesus, ouvir seu chamado, deixar que fale do Seu caminho em nossa vida e na nossa realidade atual.
Pois foi o que os discípulos – todos – e a mãe de dois deles não souberam fazer. Calar e escutar. Escutar e deixar que cale fundo a Palavra, por mais dura que seja.
“Escutem! Nós estamos indo para Jerusalém, onde o Filho do Homem será entregue aos chefes dos sacerdotes e aos mestres da lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos não judeus. Estes vão zombar dele, bater nele e crucificá-lo; mas no terceiro dia ele será ressuscitado.” O que será que eles ouviram para rolar o que rolou em seguida? O pedido para sentar ao lado do Rei, a raiva dos demais…
Talvez nada. Talvez ouviram e filtraram. Entrou pelo canal dos seus esquemas, e a interpretação – a mais fácil – foi: “Ah, ele é Rei!” (esta é a imagem do Messias). Pularam a parte do caminho para se chegar a esta “realeza” e foram direto para o trono. Olhando assim parece caricato, até surreal. Mas não será que fazemos isso muitas vezes, querendo que Deus assine embaixo dos nossos planos, mas fazendo-nos surdos ao que Ele de fato diz na Sua Palavra – e na Palavra feita carne, a vida do Seu Filho – e através das circunstâncias?
Pôxa, mas será que é justo beber o cálice e não ter o lugar? Será que é justo servir e não receber nada em troca? Fazer o bem e não ter mérito ou privilégio? Podemos oferecer nossos questionamentos a Jesus. E os que mais doem, os que vivemos de fato. E deixar que nos responda.
“Como vocês sabem, os governadores dos povos pagãos têm autoridade sobre eles, e os poderosos mandam neles.” Nós sabemos. Basta olhar ao redor. Basta ver a situação social em que nosso país, nosso mundo se encontra pela maneira como é exercido o poder. Ver a opressão, as injustiças, aonde levam os privilégios, o que é gerado pela desigualdade. Situar-nos neste contexto, nós que não somos menos tentados pelas vontades de poder e privilégios.
Diante disto, continuar ouvindo: “entre vocês não deve ser assim. Quem quiser ser importante, que seja o escravo de vocês.” O que seria um mundo de irmãos? Um mundo onde cada um se fizesse guardião e servidor do outro? Contemplar este mundo.
E perceber que a condição de criá-lo já nos foi dada, porque o Cristo lançou sua vida na frente e sua vitória sobre a morte venceu a força de todo o mal. Porque até o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para salvar muita gente.” Cabe a nós assumir esta vitória e optar. De que maneira queremos beber o cálice? Como Jesus?
Pedir ao Espírito, que já nos foi dado como força vital para configurar-nos com Cristo, que nos dê a determinação na decisão e o amor para servir e dar a vida.
Tania Pulier