XIX Domingo do Tempo Comum – Ano C
7 de agosto de 2016Para que nenhum pequenino se perca (Mateus 18, 1-5.10.12-14)
9 de agosto de 201622Quando Jesus e os seus discípulos estavam reunidos na Galiléia, ele lhes disse: ‘O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens. 23Eles o matarão, mas no terceiro dia ele ressuscitará.’ E os discípulos ficaram muito tristes. 24Quando chegaram a Cafarnaum, os cobradores do imposto do Templo aproximaram-se de Pedro e perguntaram: ‘O vosso mestre não paga o imposto do Templo?’ 25Pedro respondeu: ‘Sim, paga.’ Ao entrar em casa, Jesus adiantou-se, e perguntou: ‘Simão, que te parece: Os reis da terra cobram impostos ou taxas de quem: dos filhos ou dos estranhos?’ 26Pedro respondeu: ‘Dos estranhos!’ Então Jesus disse: ‘Logo os filhos são livres. 27Mas, para não escandalizar essa gente, vai ao mar, lança o anzol, e abre a boca do primeiro peixe que tu pescares. Ali tu encontrarás uma moeda; pega então a moeda e vai entregá-la a eles, por mim e por ti.’
No evangelho de hoje, temos o segundo anúncio da paixão e um episódio que mostra Jesus pagando imposto. Que relação esses dois momentos apresentam entre si? Aparentemente, nenhuma, mas, em uma reflexão atenta, percebemos a conexão.
Uma pergunta chama nossa atenção: Simão, que te parece: Os reis da terra cobram impostos ou taxas de quem: dos filhos ou dos estranhos? Sendo Jesus, filho de Deus, ele não precisaria pagar tal taxa, pois, conforme resposta recebida de Simão, apenas os estranhos pagam. Mas ele paga o imposto do templo assim mesmo, abrindo mão de um direito seu. E por que ele o faz? Pensemos.
O mestre oferece o imposto para evitar complicações com os cobradores, pois não se dispunha a entrar em discussão sobre isso. Esse pagamento nos faz refletir sobre a necessidade de, em nossa vida, abrir mão de alguns direitos que nos cabem. Mas, como isso é possível?
Muitas vezes, vivemos situações em que, para obter um bem maior, abrimos mão daquilo que seria nosso por direito ou simplesmente abrimos mão de estar com a razão. O que Jesus parece sugerir no texto não é que abramos mão das coisas que são “nossas” ou que nos deixemos ser injustiçados. O que Ele quer que reflitamos um pouco sobre as situações de nossa vida e ponderar se realmente vale a pensa insistir em alguns projetos ou mesmo em algumas discussões.
Existe um ditado que afirma “prefiro ser feliz que estar com a razão”. Parece boba, mas a frase faz sentido. De que adianta insistirmos em brigas que não nos levarão a nada quando a outra pessoa se encontra em uma situação em que está incapaz de entender o nosso ponto de vista? A harmonia que podemos viver com o nosso próximo parece valer mais que insistir que ele reconheça que estamos certos.
Por outro lado, por que insistimos em viver experiências que não nos fazem bem se podemos abrir mão delas? Por que temos tanta dificuldade de abrir mão de determinadas situações? Por que não conseguimos ver que, após elas, poderemos experimentar momentos melhores? A verdade é que, muitas vezes, preferimos viver infelizes que ousar perceber novas realidades, preferimos insistir na discussão que “dar o braço a torcer”.
Quando fazemos a ligação dos dois momentos do evangelho, percebemos algo bem interessante. No processo que levou Jesus à condenação, se Ele quisesse, teria saído ileso. Poderia provar que suas palavras eram verdadeiras, pois não havia motivo realmente legal que justificasse a morte de Jesus, mas ele fica calado, é flagelado e morto. Ele é capaz de abrir mão da própria vida. E por quê? Porque Ele sabia que o que viria depois seria muito melhor que qualquer outra experiência que poderia viver aqui na terra.
Hoje, que situações tenho vivido em que tenho dificuldade de discernir se vale a pena insistir na minha postura? Sou capaz de vislumbrar o que posso ter e viver no futuro e, assim abrir mão do que acredito ser “meu” por direito? Coloque em sua oração essa situação, reflita sobre ela ….
Jesus, envie-nos o Espírito Santo para que consigamos ter uma visão mais ampla da realidade em que vivemos e que possamos entender que, às vezes, é preciso abrir mão de um bem menor para alcançar um maior. Dê-nos, Jesus, força e coragem para esse ato de “abrir mão”.
Amém!
Ana Paula Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte