Mateus 18,21-19,1
16 de agosto de 2018Venham a mim todas a crianças! Mt 19, 13-15
18 de agosto de 2018Alguns fariseus chegaram perto dele e, querendo conseguir alguma prova contra ele, perguntaram:
— Será que pela nossa Lei um homem pode, por qualquer motivo, mandar a sua esposa embora?
Jesus respondeu:
— Por acaso vocês não leram o trecho das Escrituras que diz: “No começo o Criador os fez homem e mulher”? E Deus disse: “Por isso o homem deixa o seu pai e a sua mãe para se unir com a sua mulher, e os dois se tornam uma só pessoa.” Assim já não são duas pessoas, mas uma só. Portanto, que ninguém separe o que Deus uniu.
Os fariseus perguntaram:
— Nesse caso, por que é que Moisés permitiu ao homem mandar a sua esposa embora se der a ela um documento de divórcio?
Jesus respondeu:
— Moisés deu essa permissão por causa da dureza do coração de vocês; mas no princípio da criação não era assim. Portanto, eu afirmo a vocês o seguinte: o homem que mandar a sua esposa embora, a não ser em caso de adultério, se tornará adúltero se casar com outra mulher.
Os discípulos de Jesus disseram:
— Se é esta a situação entre o homem e a sua esposa, então é melhor não casar.
Jesus respondeu:
— Este ensinamento não é para todos, mas somente para aqueles a quem Deus o tem dado. Pois há razões diferentes que tornam alguns homens incapazes para o casamento: uns, porque nasceram assim; outros, porque foram castrados; e outros ainda não casam por causa do Reino do Céu. Quem puder, que aceite este ensinamento.
Hoje, a minha oração chama a atenção para o comprometimento com nossa vocação.
Destaco, do trecho do evangelho de hoje, a frase: “Este ensinamento não é para todos, mas somente para aqueles a quem Deus o tem dado”.
Cada vocação possui suas dificuldades, como, também, suas alegrias. Cada uma delas é necessária para a construção do Reino de Deus. Portanto, é imprescindível que possamos fazer, com muita seriedade, sempre contando com as luzes do Espírito Santo, o discernimento da nossa vocação.
Também chamou a minha atenção o fato de Jesus não censurar o que foi dito pelos discípulos e que soa quase como uma reclamação: “Se é esta a situação entre o homem e a sua esposa, então é melhor não casar”. Antes, pelo contrário, Jesus os ajuda, e a nós também, no discernimento. Se essa situação não nos parece possível, então devemos pensar que nosso caminho pode ser outro.
Toda vocação é o chamado a um serviço, ao amor e à entrega de si. Ter a consciência disso nos ajuda a discernir com maior clareza.
A sociedade em que Jesus viveu tratava as mulheres como objetos. Obviamente, as mulheres deviam fazer muitos questionamentos a respeito de suas condições e direitos, afinal a vida não era nada fácil para as que eram dispensadas de um casamento anterior. Esse assunto polêmico serviu aos fariseus, que tentavam desestabilizar a credibilidade de Jesus, mas o Mestre, sempre conectado ao Pai, não confunde o essencial com os penduricalhos colocados pelos homens e que acabam por nos afastar de Deus.
O que Jesus faz é relembrar aos seus interlocutores que, no princípio da criação, Deus criou o homem e a mulher em igualdade de condições. Todas as distorções na sociedade da época de Jesus e as muitas que ainda temos hoje, em nossa sociedade, devem-se exclusivamente a nós. A razão dessas distorções, penso eu, está em nosso constante desejo de sermos servidos ao invés de servirmos. Queremos que o outro da relação dê mais do que estamos dispostos a dar. Jesus iguala as condições: “Portanto, eu afirmo a vocês o seguinte: o homem que mandar a sua esposa embora, a não ser em caso de adultério, se tornará adúltero se casar com outra mulher”. Daí o casamento se torna, na cabeça dos discípulos, um fardo muito pesado.
Portanto, sejamos criteriosos no discernimento de nossas vocações, identificando a forma como poderemos servir com mais alegria, leveza e disposição.
Que a Sagrada Família nos ajude a discernir corretamente sobre nossa vocação e a nos comprometer com a construção do Reino de Deus. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte