“Ai de vocês! Pois fazem túmulos bonitos para os profetas, os mesmos profetas que os antepassados de vocês mataram. Com isso vocês mostram que concordam com o que os seus antepassados fizeram, pois eles mataram os profetas, e vocês fazem túmulos para eles. Por isso a Sabedoria de Deus disse: “Mandarei para eles profetas e mensageiros, e eles matarão alguns e perseguirão outros.” Por causa disso esta gente de hoje será castigada pela morte de todos os profetas assassinados desde a criação do mundo, começando pela morte de Abel até a morte de Zacarias, que foi assassinado entre o altar e o Lugar Santo. Sim, eu afirmo a vocês que o povo de hoje será castigado por todos esses crimes.

— Ai de vocês, mestres da Lei! Pois guardam a chave que abre a porta da casa da Sabedoria. E assim nem vocês mesmos entram, nem deixam os outros entrarem.

Quando Jesus saiu dali, os mestres da Lei e os fariseus começaram a criticá-lo com raiva e a lhe fazer perguntas sobre muitos assuntos. Eles queriam levá-lo a dizer alguma coisa que pudesse lhes servir de motivo para acusá-lo.”

Na oração de hoje, vamos pedir a graça da coerência, no verdadeiro seguimento de Jesus.

Jesus critica as pessoas da época, usando o simbolismo dos “túmulos para os profetas”. “Com isso vocês mostram que concordam com o que os seus antepassados fizeram, pois eles mataram os profetas, e vocês fazem túmulos para eles.” O que Ele quer dizer? Da mesma forma que alguns mataram os profetas, porque sua mensagem incomodava, mexia nas estruturas e na vida de cada um, outros “fazem túmulos”, mantendo-os bem mortos e enterrados.

A mensagem dos profetas, que é viva, continuava no tempo de Jesus e continua válida, inquietante e transformadora, é mantida por alguns o mais soterrada possível, para que não provoque o efeito ao qual veio. Essa é a crítica de Jesus, muito válida ao nosso tempo. Afinal, os profetas pregaram o direito e a justiça, e a vida de Jesus levou essa Palavra à plenitude.

– E hoje, o direito e a justiça já estão implantados entre nós?

– Será que as pessoas que os defendem não continuam sendo mortas, literalmente ou socialmente? Quantas críticas veementes a quem simplesmente busca defender conquistas sociais aos menos favorecidos! Quem ousa falar disso tem sofrido agressões nas ruas e nas redes sociais.

– E eu, como cristã (cristão)? A palavra dos profetas – os bíblicos e os atuais – mexe com minha vida ou prefiro construir túmulos para eles e ficar no mesmo lugar?

Às vezes somos devotos de santos na busca de milagres por interesses pessoais, mas sequer conhecemos sua vida, os motivos pelo qual deu a vida, e menos ainda procuramos seguir seus exemplos e dar passos na construção do Reino.

“Ai de vocês, mestres da Lei! Pois guardam a chave que abre a porta da casa da Sabedoria. E assim nem vocês mesmos entram, nem deixam os outros entrarem.” Quantas vezes esses mestres somos nós, dispostos a ensinar os outros, a proferir conselhos, belas palavras, dogmas de fé, mas a não entrar de fato no caminho que a Palavra marca. Quando fazemos isso, não apenas não entramos, mas impedimos a outros de entrarem, seja pela contramensagem dada por nossa vida, seja porque nos dizemos mesmo no único caminho verdadeiro, e desprezamos o caminho muitas vezes autêntico dos demais.

Gandhi, o libertador da Índia, dizia: “O Cristianismo me convence, mas eu não vi cristãos.”

Peçamos ao Espírito a graça da verdadeira conversão, para que nossa vida seja coerente com a fé que professamos e a Palavra seja viva e eficaz e jamais enterrada nela.

Tania Pulier, comunicadora social, membro da Família Missionária Verbum Dei e da pré-CVX Cardoner