Ele faz bem todas as coisas
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16 de fevereiro de 2015LECTIO DIVINA
VI Domingo do Tempo Comum – Ano B
15 de fevereiro de 2015
“Todos vocês que são corretos, alegrem-se e fiquem contentes
por causa daquilo que o Senhor tem feito!
Cantem de alegria, todos vocês que são obedientes a ele.”
Salmo 32.11
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Entreguemo-nos ao Pai celestial,
para que estabeleça em nós seu enviado, Jesus Cristo.
Doem-nos ao Espírito Santo, para que nos possua e dirija;
e para que abra e disponha os corações dos ouvintes
a acolher a divina Palavra.
Encomendemo-nos ao poder de intercessão
da Santa Virgem Maria, dos anjos e dos santos,
para alcançarmos estas graças.
TEXTO BÍBLICO: Marcos 1.40-45
Jesus cura um leproso
Mateus 8.1-4; Lucas 5.12-16
40Um leproso chegou perto de Jesus, ajoelhou-se e disse:
— Senhor, eu sei que o senhor pode me curar se quiser.
41Jesus ficou com muita pena dele, tocou nele e disse:
— Sim! Eu quero. Você está curado.
42No mesmo instante a lepra desapareceu, e ele ficou curado.
43-44E Jesus ordenou duramente:
— Olhe! Não conte isso para ninguém, mas vá pedir ao sacerdote que examine você. Depois, a fim de provar para todos que você está curado, vá oferecer o sacrifício que Moisés ordenou.
Então Jesus o mandou embora. 45Mas o homem começou a falar muito e espalhou a notícia. Por isso Jesus não podia mais entrar abertamente em qualquer cidade, mas ficava fora, em lugares desertos. E gente de toda parte vinha procurá-lo.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Padre Daniel Kerber[1]
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
Quem se aproximou de Jesus? O que lhe disse Jesus? O que fez Jesus? O que Jesus lhe disse e lhe recomendou? Diante de quem o homem devia apresentar-se? Por que Jesus já não podia entrar em nenhuma cidade? E onde ficava?
Algumas considerações para uma leitura proveitosa…
O evangelho de hoje continua a mostrar a atividade Jesus, como no domingo passado.
O texto tem a estrutura típica de um milagre: a apresentação da situação e o pedido (v. 40); a resposta de Jesus com gesto e palavras (v. 41); a constatação da cura (v. 42) e, finalmente, o mandato de Jesus de não divulgar o fato, mesmo que esta ordem não seja obedecida pelo recém curado, que difunde o ocorrido, de modo que Jesus já não pode entrar nas cidades (vv. 43-45).
Embora seja um milagre, neste caso, uma cura, há alguns aspectos descritos pelo evangelista que transmitem um ensinamento que Marcos quer comunicar a seus leitores e a nós, hoje.
O primeiro é o pedido que o homem leproso faz: “Senhor, eu sei que o senhor pode me curar se quiser” (v. 40). Para compreender melhor o texto, é preciso entender o que significava a lepra na época. Não se tratava somente de uma enfermidade da pele, senão que os leprosos eram expulsos de sua família e do povoado (cf. a primeira leitura Lv 13.1-2; 44-46) e por isso a enfermidade também tinha uma conotação social: eram marginalizados da sociedade. Esta marginalização era até mesmo mais dolorosa do que a enfermidade física. No entanto, em meio a todo esse sofrimento, a forma como o leproso se dirige a Jesus nos dá um ensinamento bem profundo: “… se quiser…”.
Para este homem, o que Jesus deseja (“… se quiser…”) é mais importante do que o que ele mesmo quer, é mais importante do que todo o seu sofrimento. O pedido mostra a confiança incondicional deste homem, como a dizer: sei que o que tu queres é o melhor para mim, e o aceito satisfeito.
Jesus não se faz esperar, e o evangelista mostra sua reposta de dentro para fora: primeiro, sentiu pena – “Jesus ficou com muita pena dele” –, mas essa compaixão se torna eficaz: estendeu a mão e o tocou. Na época, não se podia tocar nos leprosos, porque quem os tocasse, ficava impuro. Jesus ultrapassa essas leis humanas e, em sua compaixão, achega-se fisicamente ao enfermo e o toca, dizendo: “Sim! Eu quero. Você está curado”.
A compaixão revela o coração de Jesus; a mão que toca, torna visível o que ele sente e a palavra diz: “No mesmo instante a lepra desapareceu, e ele ficou curado” (v. 42). Uma vitória a mais de Jesus sobre o sofrimento das pessoas; mais uma realização do evangelho, Boa-Nova que se faz concreta em quem sofre.
Compreende-se o mandato de Jesus de não contar a ninguém porque os milagres não dizem tudo a respeito dele. A plena revelação virá depois da Páscoa e, naquele momento, os discípulos, sim, receberão o mandato de anunciá-lo a todo o mundo (16.15).
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
Pensemos, por um momento, em alguma ocasião em que tenhamos reconhecido que somos pecadores. Com toda certeza, sentimos vergonha, tristeza de termos falhado com nosso amigo Jesus e, talvez, se tenha apagado em nós a vontade de voltar a fazê-lo. Tal qual a lepra, assim nosso pecado: tira-nos a alegria, faz-nos sentir-nos mal, dói-nos no coração.
O sacramento da reconciliação é uma grande riqueza com que contamos. Sabemos que, ao aproximar-nos, é Jesus quem nos está dando o abraço de seu perdão e a reconciliação com ele; e quando isto acontece, é como se voltássemos a nascer, como se nos sentíssemos felizes e tranquilos.
Em relação a isso, o Papa Bento XVI diz-nos:
“É possível entrever na lepra um símbolo do pecado, que é a verdadeira impureza do coração, capaz de nos afastar de Deus. Não é de facto a doença física da lepra, como previam as normas antigas, que nos separa d’Ele, mas a culpa, o mal espiritual e moral. Por isso o Salmista exclama: ‘Feliz aquele cuja ofensa é absolvida, cujo pecado é coberto’. E depois, dirigindo-se a Deus: ‘Confessei a ti o meu pecado, a minha iniquidade não te encobri; eu disse “Vou a Iahweh confessar a minha iniquidade!” E tu absolveste a minha iniquidade, perdoaste o meu pecado’ (Sl 32/31.1-5). Os pecados que cometemos afastam-nos de Deus e, se não forem humildemente confessados na misericórdia divina, chegam até a causar a morte da alma. Este milagre assume então um grande valor simbólico. Jesus, como profetizara Isaías, é o Servo do Senhor que ‘levava sobre si as nossas enfermidades, carregava as nossas dores’ (Is 53. 4). Na sua paixão, será como um leproso, tornado impuro pelos nossos pecados, separado de Deus: fará tudo isto por amor, a fim de nos obter a reconciliação, o perdão e a salvação. No Sacramento da Penitência Cristo crucificado e ressuscitado, mediante os seus ministros, purifica-nos com a sua misericórdia infinita, restitui-nos à comunhão com o Pai celeste e com os irmãos, dá-nos em oferenda o seu amor, a sua alegria e a sua paz. [2]
Por essa razão, uma vez que reconhecemos nossos pecados e o confessamos, Jesus faz-nos livres e nosso coração se enche de grande alegria. Assim, do perdão brota espontaneamente o ir por todo o mundo, a contar a coisas boas que Jesus fez em nós, para que muitas pessoas possam conhecê-lo e sentir-se amadas por ele.
Agora perguntemo-nos:
Reconheço meu pecado? Dói-me falhar com Jesus? Já me senti enfermo por causa de algum pecado? Aproximo-me do Sacramento da Reconciliação cada vez que se faz necessário? O perdão de Jesus provocou em mim o desejo de ir por todo o mundo anunciando o que ele fez comigo?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Jesus:
Tu és justo e paciente com aqueles a quem amas.
To conheces meu pecado e minhas fraquezas.
Tu sabes também dos meus desejos de seguir-te e de amar-te.
Escuta minha oração,
e dá-me a graça de voltar para ti,
em uma reconciliação sincera.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Senhor Jesus, reconheço que meu pecado me afasta de ti;
peço-te que me perdoes e que eu possa ir pelo mundo a contar tuas maravilhas.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Reservarei um momento durante esta semana para preparar uma boa confissão e me aproximarei do Sacramento da Reconciliação estando consciente de que me encontrarei com Jesus.
“Quando vou confessar-me, é para curar-me:
curar minha alma, curar meu coração por algo que fiz e que não foi certo”.
Papa Francisco
[1] É sacerdote da Arquidiocese de Montevidéu (Uruguai) e administrador paroquial da Paróquia de são Alexandre de são Pedro Claver. Colabora também com as Sociedades Bíblicas Unidas no trabalho de tradução da Bíblia para as línguas indígenas e prestou serviço como “auditor” para o Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja (2008). Também trabalha para o Cebipal (Centro Bíblico para a América Latina, do CELAM) como professor e consultor.
[2] Angelus Domingo 15 de febrero de 2009. http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/es/angelus/2009/documents/hf_ben-xvi_ang_20090215.html