“…Que tens a ver conosco, Filho de Deus?”
29 de junho de 2022“…eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores”
1 de julho de 202230 de junho de 2022 – Quinta-feira da 13ª Semana do Tempo Comum
Evangelho de Mt 9,1-8 –
“Vendo isso, a multidão ficou com medo e glorificou a Deus, por ter dado tal poder aos homens.” (Mt 8,29)
Nesta quinta-feira da 13ª Semana do Tempo Comum, continuaremos nosso caminho pelo Evangelho segundo Mateus, desta vez nosso encontro se dará com a narrativa presente no capítulo 9, versículos 1 a 8.
Neste momento que antecede a leitura, busquemos um espaço silencioso e comecemos com uma respiração consciente e profunda, pelo menos três vezes, inspiremos acolhendo o Espírito de Amor e expiremos lançando fora de nós tudo o que nos dispersa e desintegra, o ar cansado e já poluído.
1. Leitura – O que o texto diz?
Mt 9,1-8, o evangelho de hoje, é continuação do texto com o qual rezamos ontem, Mt 8,28-34. Você recorda como a narrativa terminou? “A cidade toda saiu ao encontro de Jesus [Jesus estava na região dos gadarenos]. Quando o viram, pediram-lhe que se retirasse da região deles” (Mt 8,34). Vejamos, pois, como essa narrativa continua…
Façamos uma leitura do texto em voz alta. Depois, uma segunda leitura, demoradamente, atentando para cada detalhe. Corajosamente, acompanhemos Jesus em sua travessia.
Deixando a região dos gadarenos, Jesus entrou em um barco, atravessou para a outra margem do lago e foi para a sua cidade. Como essa narrativa se compõe dentro de você? Você consegue imaginar quem está com Jesus no barco? A inquietação dos discípulos? A última vez que entraram em um barco com Jesus enfrentaram uma tempestade! A perplexidade de quem testemunhou o que aconteceu na região dos gadarenos? Será que no coração das personagens do texto, assim como em nossos corações, levanta-se a pergunta: o que acontecerá agora?
Ao chegar a sua cidade, trouxeram até Jesus um homem paralítico deitado em uma cama. Jesus, tocado pelo gesto de fé, diz ao paralítico: “Coragem, filho, os teus pecados estão perdoados!” Nada nos é dito sobre a reação do homem paralítico ou daqueles que o trouxeram, apenas de alguns mestres da Lei, cujo pensamento, Jesus e nós, os leitores do Evangelho, tomamos conhecimento. Diante das palavras de encorajamento e perdão pronunciadas por Jesus, aqueles homens, que eram mestres da Lei, o acusam de blasfêmia.
Jesus, que há pouco havia testemunhado e se comovido com a atitude de fé daqueles que apresentaram a ele um homem paralítico, agora se depara com uma atitude de incredulidade e censura (ainda que apenas nos pensamentos daqueles mestres) e reage dirigindo-lhes algumas perguntas e, voltando-se para o paralítico, uma palavra de ordem explícita:
“Por que tendes esses maus pensamentos em vossos corações? O que é mais fácil, dizer: ‘Os teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te e anda’? Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar pecados, — disse, então, ao paralítico — “Levanta-te, pega a tua cama e vai para a tua casa”.
O paralítico fez tal como Jesus determinou. Dos mestres da Lei, já não se sabe como reagiram. Mas a multidão, vendo o que aconteceu, com medo e maravilhamento, “glorificou a Deus, por ter dado tal poder aos homens”.
E nós? Como reagimos diante da narrativa que lemos, presenciamos, participamos?
2. Meditação – O que o texto me diz?
A meditação consiste em saborear as palavras e os acontecimentos que chamaram nossa atenção na leitura.
Estamos diante de uma narrativa cheia de personagens e acontecimentos, em que o autor nos dá um acesso privilegiado ao que se passa nos pensamentos dos mestres da Lei, ao mesmo que não revela qual a reação daqueles que levaram o homem paralítico até Jesus.
Na narrativa, somos interpelados e interpeladas por um gesto de fé e por um gesto de incredulidade e censura às palavras de Jesus. Testemunhamos algo maravilhoso: alguém (paralizado) é levado a Jesus e recebendo seu perdão volta para casa com as próprias pernas. E é importante observar que Jesus nada diz sobre os pecados que o homem paralítico cometeu, mas reage aos pensamentos acusadores dos mestres da Lei.
O que sentimos? O que aprendemos com essa narrativa?
3. Oração – O que o texto me leva a dizer a Deus?
A partir do que lemos e meditamos, podemos, agora, falar com Deus de forma aberta e sincera.
- Glorificamos a Deus como a multidão?
- Expressamos nossas incompreensões?
- Pedimos que ele nos socorra em nossa falta de fé e compaixão por aqueles e aquelas que recebem dele o perdão?
Para que a Leitura Orante seja viva, autêntica e transformadora, devemos expressar o que sentimos com humildade e sinceridade.
4. Contemplação – O que o texto faz em mim?
Em silêncio, contemplemos o agir amoroso de Jesus, acolhamos as palavras que ele nos dirige desde o mais íntimo de nós.
4. Ação – O que o texto – e este encontro – me solicita a agir?
Façamos agora, a partir do encontro com o texto de Mt 9,1-8, um compromisso concreto, de modo que essa palavra se faça viva em nós e seja vida para nós.
Por fim, façamos uma prece de gratidão a Deus por mais um momento de encontro, reflexão e aprendizado a partir de sua palavra.
*Maria Nivaneide de Abreu Lima, mestra em Teologia pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e membro do Centro de Estudos Bíblicos (CEBI).