“Quando te chamei, tu me respondeste e, com o teu poder, aumentaste as minhas forças”. Sl 138.3

PREPARAÇÃO ESPIRITUAL

Vem, Espírito Santo,

para ensinar-nos a rezar

e a saber dizer “Jesus”;

proclamar seu testemunho

com a palavra e com a vida,

 e para que graves em nós

a imagem viva de Cristo.

Vem, Espírito Santo,

sê nosso melhor perfume,

nossa alegria secreta,

nossa fonte inesgotável,

nosso sol e nossa fogueira,

nosso alento e nosso vento,

nosso hóspede e conselheiro.

Vem, Espírito Santo.

Vem, Espírito amigo.[1]

 TEXTO BÍBLICO: Lucas 5.1-11

Jesus chama os seus primeiros discípulos

Mateus 4.18-22; Marcos 1.16-20

¹Certo dia Jesus estava na praia do lago da Galileia, e a multidão se apertava em volta dele para ouvir a mensagem de Deus. ²Ele viu dois barcos no lago, perto da praia. Os pescadores tinham saído deles e estavam lavando as redes. ³Jesus entrou num dos barcos, o de Simão, e pediu que ele o afastasse um pouco da praia. Então sentou-se e começou a ensinar a multidão.

⁴Quando acabou de falar, Jesus disse a Simão:

– Leve o barco para um lugar onde o lago é bem fundo. E então você e os seus companheiros joguem as redes para pescar.

⁵Simão respondeu:

– Mestre, nós trabalhamos a noite toda e não pescamos nada. Mas, já que o senhor está mandando jogar as redes, eu vou obedecer.

⁶Quando eles jogaram as redes na água, pescaram tanto peixe, que as redes estavam se rebentando. ⁷Então fizeram um sinal para os companheiros que estavam no outro barco a fim de que viessem ajudá-los. Eles foram e encheram os dois barcos com tanto peixe, que os barcos quase afundaram. ⁹Quando Simão Pedro viu o que havia acontecido, ajoelhou-se diante de Jesus e disse:

– Senhor, afaste-se de mim, pois eu sou um pecador!

⁹Simão e os outros que estavam com ele ficaram admirados com a quantidade de peixes que haviam apanhado. ¹⁰Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão, também ficaram muito admirados. Então Jesus disse a Simão:

– Não tenha medo! De agora em diante você vai pescar gente.

¹¹Eles arrastaram os barcos para a praia, deixaram tudo e seguiram Jesus.

 1. LEITURA

Que diz o texto?

P. Daniel Kerber [2]

ü  Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…

Como se chama o lago onde se encontravam a multidão e Jesus? De quem era o barco no qual Jesus subiu? O que disse Jesus a Pedro? O que disse Pedro antes de fazer o que Jesus ordenou? Que fez Pedro ao ver que as redes se rompiam? O que Pedro pescará de agora em diante?

Algumas pistas para compreender o texto:

O relato de hoje faz parte de um conjunto de milagres que Jesus realiza ao redor do lago de Genezaré.

Podemos distinguir três partes no texto. Na primeira (vv. 1-3), as pessoas aproximam-se de Jesus para escutar a Palavra de Deus, e Jesus prega estando sentado na barca de Simão Pedro; na segunda (vv. 4-7), narra-se a pesca milagrosa, e a terceira (vv. 8-11) mostra a reação de Simão e dos filhos de Zebedeu, e como, depois disso, começam a seguir a Jesus.

Apesar de Jesus ter apenas começado seu ministério (veja-se Lc 4.16-30), a multidão já o busca para ouvir a Palavra de Deus. Para as pessoas, Jesus é alguém em quem Deus se faz presente e que fala da parte de Deus, como se Deus mesmo falasse nele (quando se fala de Deus aqui, temos que entender Deus-Pai, pois  ainda não se está aludindo a Jesus como Deus-Filho). Jesus pede um barco para afastar-se um pouco da margem, a fim de fazer-se ouvir melhor pela multidão. Ele, que tem uma boa notícia para dar, buscar os melhores meios para fazê-lo.

Quando terminou de falar, Jesus pediu a Simão que levasse o barco até um lugar profundo para pescar. O carpinteiro diz ao pescador como fazer sua tarefa. Simão apresenta-lhe suas objeções, mas confia e obedece: “já que o senhor está mandando” ou “por causa da palavra do senhor” vou lançar as redes. Os frutos da confiança se fazem ver e as redes quase se rompem de peixes. Isto mostra que Jesus não é somente um carpinteiro; nele se revela Alguém mais; por isso, Pedro perturba-se e cai de joelhos diante de Jesus: “Senhor, afaste-se de mim, pois eu sou um pecador!” (v. 8).

Simão Pedro, diante do sucedido, reconhece a grandeza de Jesus e experimenta sua pequenez e indignidade diante dele. Esta grandeza, porém, não é para temer; por essa razão Jesus o conforta: “Não tenha medo” (como o anjo já havia dito a Zacarias (Lc 1.13) e a Maria (Lc 1.30), ou aos pastores quando do nascimento de Jesus (Lc 2.10), ou Jesus ao Chefe da sinagoga, quando este intercede pela filha (Lc 8.50; cf. também 12.4,7,32). E depois de tranquilizá-lo, indica-lhe uma missão: “De agora em diante você vai pescar gente” (v. 8). O experiente pescador vai converter-se em “pescador de gente”. Contudo, na palavras de Jesus tem uma nuança que é difícil mostrar na tradução. Quando fala de “pescadores” (v. 2), refere-se à profissão de retirar os peixes do mar para comê-los ou vendê-los; no entanto, quando Jesus diz que serão “pescadores de gente”, não utiliza a mesma palavra, mas uma que literalmente significa “reunir vivos”, ou seja, a missão que Jesus lhes confia é uma missão para a vida.

A reação dos pescadores é breve e eloquente: “Deixaram tudo e seguiram a Jesus” (v. 11), ou seja, começaram a ser discípulos.

 2. MEDITAÇÃO

O que o Senhor me diz no texto?

Para este domingo, o evangelho convida-nos a fundamentar nossa missão evangelizadora na Palavra do Senhor. O Papa Francisco apresenta-nos uma bela meditação:

“Voltemos à cena do Evangelho: Pedro, nesse momento crítico, joga-se todo inteiro. O que teria podido fazer? Poderia ter dado lugar ao cansaço e à desconfiança, pensando que seria inútil e que seria melhor retirar-se e voltar para casa. Em vez disso, o que faz? Com coragem, sai de si mesmo e opta por confiar em Jesus. Diz: ‘Bah, está bem: por tua palavra, lançarei as redes’. Atenção! Não diz: com minhas forças, com meus cálculos, com minha experiência de pescador calejado, mas ‘por tua palavra’, pela palavra de Jesus. E o resultado é uma pesca incrível: as redes encheram-se de tal modo, que quase se romperam.

Confiar em Jesus. O Senhor está sempre conosco. Vem à margem do mar de nossa vida, faz-se próximo de nossos fracassos, de nossa fragilidade, de nossos pecados, a fim de transformá-los. Não deixem jamais de tornar a colocar-se em jogo, como bons desportistas – alguns de vocês o sabem bem por experiência – que sabem enfrentar o cansaço do treinamento para alcançar os resultados. As dificuldades não deve assustá-los, mas impulsioná-los a ir além.  Sintam como que dirigidas a vocês as palavras de Jesus. Sejam cada vez mais dóceis à Palavra do Senhor: é Ele, é sua Palavra, é o seguimento que torna frutuoso seu compromisso de testemunho. Quando os esforços para despertar a fé entre seus amigos parecem inúteis, como a fadiga noturna dos pescadores, lembrem-se de que com Jesus tudo muda. A Palavra do Senhor encheu as redes, e a Palavra do Senhor torna eficaz o trabalho missionário dos discípulos. Seguir Jesus é comprometedor, o que quer dizer não contentar-se com pequenas metas, com pequena travessia, mas mirar alto, corajosamente.

Não é bom – não é bom – deter-se no “nós trabalhamos a noite toda e não pescamos nada”, mas ir além, ir “à parte profunda do lago, e ali lançar nossas redes para pescar’ de novo, sem cansar-nos. Jesus repete-o a cada um de vocês. E é Ele quem dará a força. Existe a ameaça do lamento, da resignação. Deixemos isto para os que seguem a ‘deusa lamentação’. Vocês seguem a ‘deusa lamentação’? Lamentam-se continuamente, como em um velório? Não, os jovens não podem fazer isso. A ‘deusa lamentação’ é um engano: faz você tomar o caminho errado. Quando tudo parece paralisado e estagnado, quando os problemas pessoais nos inquietam, os mal-estares sociais não encontram as devidas respostas, não é bom dar-se por vencido”.[3]

Continuemos nossa meditação com estas perguntas:

 Faço as coisas com minhas próprias forças? Confio meus fardos, frustrações ou preocupações ao Senhor? O que você sente quando o Senhor lhe diz: ‘De agora em diante você vai pescar gente’? Sinto que meus esforços de evangelização não dão resultado? Creio decididamente que, com Jesus, tudo é mais fácil?

 3. ORAÇÃO

O que respondo ao Senhor me fala no texto?

 Ajuda-nos, Senhor,

a ser teus discípulos

com alegria e fidelidade.

Abre nosso coração

à tua palavra,

abre nosso olhar

para ver, a partir do Deus da vida,

a história,

o sofrimento de tantos,

os compromissos e as opções

que podem recriar teu caminho

no aqui e no agora

de nossos dias”.[4]

4. CONTEMPLAÇÃO

Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?

 Senhor, “já que o senhor está mandando jogar as redes, eu vou obedecer.”

5. AÇÃO

Com que me comprometo para demonstrar mudança?

Rezarei, a cada dia, por meu pároco e por todos os que trabalham apostolicamente em minha paróquia, a fim de que o Senhor os mantenha fiéis e alegres em seu serviço.

 “A fé torna possível o que, pela razão natural, não o é”

Santa Teresa de Jesus