Trabalhando expectativas e administrando a realidade (Mc 6,30-34)
4 de fevereiro de 2017Transforma-me, Jesus
6 de fevereiro de 2017“O Senhor sempre cumpre as suas promessas;
ele julga a favor dos que são explorados!”
Sl 146.6-7
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito de Jesus,
doador da vida,
mostra-nos o caminho do Evangelho.
Precisamos de tua orientação,
Mestre da Esperança.
Queremos caminhar
em nossa realidade
injusta, cruel e dura,
desabrochando brotos
de alimento e de vida nova.
Ajuda-nos a animar
todos os que nos rodeiam;
ensina-nos a ajudar
e a lançar sementes de transformação.
TEXTO BÍBLICO: Mateus 5.13-16
O sal e a luz
Marcos 9.50;Lucas 14.34-35
13 — Vocês são o sal para a humanidade; mas, se o sal perde o gosto, deixa de ser sal e não serve para mais nada. É jogado fora e pisado pelas pessoas que passam.
14 — Vocês são a luz para o mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte. 15Ninguém acende uma lamparina para colocá-la debaixo de um cesto. Pelo contrário, ela é colocada no lugar próprio para que ilumine todos os que estão na casa. 16Assim também a luz de vocês deve brilhar para que os outros vejam as coisas boas que vocês fazem e louvem o Pai de vocês, que está no céu.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
O que são a luz e o sal para o mundo? O que acontece com o sal que perde o gosto? No momento da escuridão, onde se coloca a lamparina para que ilumine todos os que estão na casa? O que devemos procurar ser e fazer com a missão que Jesus confia a nossas vidas? O que farão as pessoas quando nos virem fazer o bem?
Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Daniel Kerber
No domingo passado, começamos a ler o Sermão da Montanha de Jesus, no evangelho de Mateus. Depois das bem-aventuranças que lemos, no evangelho de hoje Jesus ensina a seus discípulos algumas chaves da identidade deles.
O texto tem duas partes que são, de algum modo, paralelas: uma que se refere ao sal (v. 13) e outra à luz (vv. 14-16).
Muitas vezes, quando se lê este texto, interpreta-se como se fosse uma exortação ou um convite. Como se Jesus dissesse: “Sejam o sal deste mundo”, “sejam a luz…”. No entanto, o texto é muito mais forte: não está exortando, mas fazendo uma afirmação: “Vocês são o sal, “vocês são a luz”.
Os discípulos, pelo fato de serem discípulos, são sal e luz do mundo. O mais importante é o que Jesus já fez com eles (e conosco!): tê-los escolhido, chamado, e o fato de os discípulos estarem com Jesus, aprendendo com ele. Esse estar com Jesus e esse aprender – discípulo significa justamente aquele que aprende – fazem com que sejam sal e luz.
As afirmações que Jesus faz são naturalmente metafóricas, razão pela qual é necessário compreender o que ele quer dizer. As duas imagens – sal e luz – têm uma dimensão comum: as duas têm sua validade para algo diferente delas mesmas. O sal serve para dar sabor, a luz serve para iluminar. O sal não serve para si mesmo, nem tampouco a luz.
Esta dimensão comum é, de per si, uma mensagem. Os discípulos não vivem para si mesmos: a vida deles tem sentido na medida em que vivem para os outros, servindo-os. Jesus fez deles sal e luz, mas eles precisam estar alertas para que esse sal não perca seu sabor, e que a luz ilumine.
Os discípulos foram chamados gratuitamente, por puro dom, mas esse dom recebido tem que ser acolhido responsavelmente; por essa razão, devem “conservar o sabor” e “iluminar”.
Por outro lado, as duas imagens também refletem dimensões complementares: o sal, que confere sabor e preserva o alimento, mistura-se e chega a fazer parte intrínseca do alimento. Poderíamos ver nele o “sabor” da vida que Deus nos presenteia ao fazer-nos discípulos de Jesus, e o chamado a “contagiar”, a comunicar esse “sabor” aos outros. Essa dimensão interior é que nos transforma e, a partir de dentro, comunica-se aos demais.
A luz, por sua vez, permanece fora, e a certa distância, ilumina a fim de permitir que se descubra e se siga o caminho. Essa luz pode ser o modo de viver dos discípulos, o qual deve refletir a luz que vem do Senhor.
Na última frase (v. 16), convida-se a brilhar, a iluminar (agora sim, é uma exortação): não podemos calar o que vimos e ouvimos. Por isso, não é para nós, para sermos o centro, mas “para que os outros vejam as coisas boas que vocês fazem e louvem o Pai de vocês, que está no céu”.
O que o Senhor me diz no texto?
Fomos feitos luz e sal, em nossa realidade. Este é o convite que nos lembra o Evangelho deste domingo. É possível que não demos valor à nossa luz e sabor, e que acreditemos que nossas atitudes não têm nada a ver com os outros; contudo, na realidade, em todo lugar há pessoas ao nosso redor a observar-nos, e ao ver-nos agir de maneira diferente e exemplar, darão glória a Deus, pois descobrirão que Ele é a origem de nosso ser.
Continuemos com as palavras do Papa João Paulo II “O sal tempera e dá sabor à comida. Seguindo Cristo, deveis transformar e melhorar o ‘sabor’ da história humana. Com a vossa fé, esperança e amor, com a vossa inteligência, fortaleza e perseverança, deveis humanizar o mundo em que vivemos. Na primeira leitura de hoje, já o Profeta Isaías nos indicava a maneira de realizar isto: ‘Acabar com as prisões injustas… repartir o pão com quem passa fome… se tirares do meio de ti… o gesto que ameaça e a linguagem injuriosa… Então, a tua luz brilhará nas trevas’ (58, 6-10).
“Até mesmo uma pequena chama pode dissipar o obscuro véu da noite. Quanto maior será a luz que vós fareis se, todos juntos, vos unirdes como um só na comunhão da Igreja! Se amais Jesus, amai a Igreja! Não desanimeis perante os pecados e as faltas de alguns dos seus membros. O dano que alguns presbíteros e religiosos causam aos jovens e às pessoas vulneráveis enche-nos de um profundo sentido de tristeza e de vergonha. Contudo, pensai na vasta maioria dos sacerdotes e religiosos dedicados e generosos, cujo único desejo consiste em servir e em praticar o bem! Hoje, há muitos sacerdotes, seminaristas e pessoas consagradas aqui presentes; permanecei perto deles e ajudai-os! E se, nas profundezas dos vossos corações, sentis o mesmo chamamento ao sacerdócio ou à vida consagrada, não tenhais medo de seguir Cristo no caminho real da Cruz!”
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Sou luz e sal para minha família e para meus amigos? Quais de minhas virtudes me fazem ser sal e luz ao meu redor? Como posso servir aos outros com tais virtudes? Creio que alimentar minhas virtudes anima os que estão perto de mim?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Teu Reino, Senhor Jesus, habita dentro de mim.
Teu Reino, Senhor Jesus, está no meio de nós.
Teu Reino fez-se presente em nossa Comunidade.
Teu Reino, Senhor, habita em nossa Igreja.
Teu Reino está presente em meio aos que creem.
Levamos em nossos corações a semente de tua Palavra.
Quando partilhamos os bens, teu Reino torna-se forte.
Quando oramos juntos, teu Reino se manifesta.
Quando ajudamos o necessitado, teu Reino se desvela.
Somos, Senhor, fermento de teu Reino.
Somos, Senhor, sal e luz do mundo.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
“Senhor, se eu for luz e sal, as pessoas terão motivos para louvar-te”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Nesta semana, pedirei a Deus que me ajude a tomar consciências de meu agir, e estarei atento a quanto é bom e reconfortante ser luz e sal em minha comunidade.
“Um cristao fiel, iluminado pelos raios da graça, é como um cristal: deverá iluminar os outros com suas palavras e ações, com a luz do bom exemplo.”
Santo Antônio de Pádua