“Que aqueles que semeiam chorando façam a colheita com alegria!”
28 de outubro de 2018“A planta cresce e fica uma árvore”
30 de outubro de 2018Certo sábado, Jesus estava ensinando numa sinagoga. E chegou ali uma mulher que fazia dezoito anos que estava doente, por causa de um espírito mau. Ela andava encurvada e não conseguia se endireitar. Quando Jesus a viu, ele a chamou e disse: Mulher, você está curada. Aí pôs as mãos sobre ela, e ela logo se endireitou e começou a louvar a Deus. Mas o chefe da sinagoga ficou zangado porque Jesus havia feito uma cura no sábado. Por isso disse ao povo: Há seis dias para trabalhar. Pois venham nesses dias para serem curados, mas, no sábado, não! Então o Senhor respondeu: Hipócritas! No sábado, qualquer um de vocês vai à estrebaria e desamarra o seu boi ou o seu jumento a fim de levá-lo para beber água. E agora está aqui uma descendente de Abraão que Satanás prendeu durante dezoito anos. Por que é que no sábado ela não devia ficar livre dessa doença? Os inimigos de Jesus ficaram envergonhados com essa resposta, mas toda a multidão ficou alegre com as coisas maravilhosas que ele fazia.
O dia de sábado é expressão máxima daquilo que Jesus realiza ao curar a mulher: a comemoração da pessoa libertada.
Somos convidados na oração de hoje a contemplar a diferença que faz a presença de Jesus na nossa vida… A sociedade atual nos ensina que para demonstrar capacidade é preciso obter sucesso, para isso precisamos alcançar determinados padrões e o quanto mais rápido chegarmos lá é um tanto melhor. Mas se esquecem de que para obter sucesso numa missão é preciso levar em consideração o outro, ter um tempo para nos preparar mentalmente e espiritualmente do contrário nos tornamos pessoas deformadas.
Na sociedade da época de Jesus os homens comuns e até mesmo os religiosos marginalizavam as mulheres, não as levavam em consideração, elas não tinham os mesmos direitos que os homens, não tinham voz e nem vez, na família eram tidas como propriedade dos pais e posteriormente se tornavam propriedade dos maridos, em ambos os casos eram tradas como objeto, não podiam participar junto com os homens das celebrações nas sinagogas, eram publicamente oprimidas e completamente ignoradas pela sociedade.
Numa cultura machista da época os homens se relacionavam com as mulheres como alguém incapaz, numa total ignorância porque ao nos criar Deus nos fez homem e mulher de igual maneira. Sendo assim a primeira missão que a vida nos oferece é a convivência, o relacionamento, sabemos que não é fácil, mas esse é um crivo que todos nós devemos passar. Por isso o Pai foi tão generoso que nos concedeu como primeira experiência de vida o relacionamento com a nossa mãe, algo extremamente intimo, único e vital… Para que aprendêssemos aí o que significa acolhimento.., o acolhimento é o primeiro ato que possibilita a vida. Como fomos acolhidos por nossa mãe em suas entranhas somos chamados a acolher para que o processo da vida se inicie; acolher a menor possibilidade de vida para que ela se torne possível, é o que faz Jesus a essa mulher, compreende e acolhe. Compreende e acolhe, é interessante que ele não julga: “Quando Jesus a viu, ele a chamou e disse: Mulher, você está curada. Aí pôs as mãos sobre ela, e ela logo se endireitou e começou a louvar a Deus.”
Jesus está convencido de que fomos criados para sermos livres e felizes, para viver em harmonia, para ele não era possível que uma pessoa possa estar doente por causa de um espirito mau. Mas porque que isso acontece? Talvez seja por que buscamos de maneira equivocada a felicidade não vivemos a liberdade que Jesus nos propõe, e por não vivermos também não promovemos e consequentemente não comemoramos a libertação do outro.
Vivemos presos em “normas”, padrões, etiquetas, no politicamente correto, e nos esquecemos de sermos nós mesmos, nos esquecemos de que somos filhos do mesmo pai, nos esquecemos de que somos todos irmãos, enfim, nos esquecemos do outro e assim nos desumanizamos. Somos chamados à conversão, a convivência, ao relacionamento. A levantar nossa cabeça, a ampliar o nosso raio de visão, mas, sobretudo a voltar para nós o nosso olhar, perceber a nossa humanidade e a partir dai ir compreendendo o quanto ela está desumanizada. Projetamos nos outros, e no mundo o nosso próprio olhar, aquilo que trazemos dentro de nós. O Olhar que Jesus projeta naquela mulher é cheio de misericórdia e não tem outro propósito a não ser o de liberta-la.
Não adianta a proximidade do Reino que Jesus veio anunciar se eu não tenho olhos nem ouvidos para compreendê-lo, se estou longe, disperso, preso em coisas que não geram a vida do Reino em mim. Preciso de alguém que me ajude a perceber o que precisa ser endireitado em mim e esse alguém é Jesus, só ele é capaz de compreender e acolher as minhas deformidades, mesmo em dia “inoportuno” ele olha, chama, coloca suas mãos sobre aquilo que nos oprime e aprisiona para nos devolver a dignidade para que libertos possamos louvar a Deus e nos alegrar com a libertação na vida dos outros, porque sabemos o que significa a libertação.
Peçamos ao Espirito Santo que nos liberte e nos dê a sensibilidade necessária para compreender os sinais dos tempos, compreender e nos comprometer com a libertação do outro através do nosso testemunho, fruto da presença de Jesus na nossa vida. Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. Como era, no princípio, agora e sempre. Amém
Agostinho Augusto – Família Missionaria Verbum Dei Belo Horizonte MG.